Mônica Parreira
Goiânia - Investigações sobre uma possível organização criminosa envolvendo policiais civis e militares indicam que pelo menos 54 pessoas podem ter sido vítimas do esquema. Na manhã desta quinta-feira (30/10), o titular da Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), delegado Alexandre Lourenço, concedeu entrevista na Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO).
Durante a coletiva, o delegado afirmou que a Operação Malativa, deflagrada na quarta-feira (29), marca a primeira fase da investigação. "Ainda não alcançamos todos os envolvidos", pontuou.
Ao falar sobre as 54 pessoas que teriam sido alvos da organização criminosa, ele afirmou que a maioria foi vítima de homicídio. Há ainda outros seis casos sendo investigados à parte. Foram expedidos pelo menos 30 mandados de busca, apreensão e prisão pelo Ministério Público. Dos 23 presos até o momento, há cinco agentes da Polícia Civil e 14 policiais militares.
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O desaparecimento de um homem identificado como Hiamon Ferreira, em junho de 2013, no município de Anápolis (GO), é um dos casos em que há indícios de envolvimento de policiais. Câmeras de segurança de um posto de combustíveis flagraram o momento em que a vítima passa pelo local de bicicleta. Logo depois, uma viatura da polícia, que estava estacionada no posto, segue na direção do ciclista.
De acordo com o delegado, esta teria sido a última vez que a vítima foi vista. Em um segundo momento, dois ciclistas que o acompanhavam acabaram sendo assassinados, assim como o pai de Hiamon. "Temos algumas investigações que apontam para eliminação de testemunhas", comentou.
Atuação
Tráfico de drogas, homicídio, extorsão, tortura e abuso de autoridade são algumas as ações supostamente praticadas pela organização criminosa desde 2011.
Alexandre Lourenço não entrou em detalhes sobre quem seria o mandante do grupo, mas explicou que nem sempre a patente é determinante para apontar o líder.
"Existia um núcleo atuando. A gente percebe que alguns elementos desenhavam a ação, mas não vamos falar sobre isso ainda", resumiu.
O objetivo do grupo, segundo o delegado, era apropriar de uma determinada região de Anápolis para o controle e a prática do tráfico de drogas. Durante a Operação Malavita, membros da organização criminosa teriam desconfiado das investigações. "Eles diminuíram a forma de atuação, mas continuavam a atuar, ainda que de uma maneira menos violenta", esclareceu o delegado.
Com participação até da Força Nacional, cerca de 250 policiais participaram da Operação Malavita. As investigações foram motivadas pela disputa de territórios para o tráfico de drogas em Anápolis, que resultaram em outra série de crimes. Depois de detidos, policiais civis e presos comuns foram levados para Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH). Já os militares acabaram encaminhados para o Presídio Militar.