A Redação
Goiânia - Oito audiências contra o suposto serial killer Tiago Henrique da Rocha foram realizadas nesta quinta-feira (26/3), em Goiânia. As oitivas foram sobre as mortes de Taynara da Cruz, Thamara Conceição, Ana Karla Lemes, Isadora dos Reis, Lilian Mesquita, Arlete dos Anjos, Juliana Neúbia Dias e Pedro Henrique Souza.
O juiz do caso, Eduardo Pio Mascarenhas, decidiu pelo júri popular nos casos de Ana Lídia de Souza e Bárbara Luíza Costa. As sessões devem ser realizadas em maio. "Vislumbro a presença de indícios suficientes de que o acusado tenha matado as vítimas", afirmou o juíz. Ele explicou que cada processo será julgado separadamente e, caso necessário, será realizado um Tribunal do Júri para cada assassinato.
Nervosismo
Tiago Henrique permaneceu em silêncio durante todo o tempo, tentou esconder o rosto e se manteve cabisbaixo. Quando chegou ao fórum, ele demonstrou estar nervoso e chegou a chutar a porta de acesso à 1ª Vara Criminal. O juiz Eduardo Pio Mascarenhas ouviu testemunhas oculares dos crimes, parentes das vítimas e policiais que atuaram nos casos.
Um dos momentos mais comoventes foi o depoimento de Gilmar Cândido dos Reis, pai de Isadora, morta em 1º de junho de 2014. Assim que entrou na sala das audiências, Gilmar fixou os olhos em Tiago e só mudou seu foco quando foi chamado pelo juiz para depor. Dentre seus relatos, ele contou como chegou à cena do crime e descreveu a personalidade de sua filha.
"Fui avisado, imediatamente após o assassinato, já que foi bem perto de nossa casa. Cheguei antes mesmo dos curiosos e vi minha filha no chão, com as pupilas dilatadas. Era uma moça educada e muito obediente. Nunca brigamos, ela nunca respondeu ou levantou a voz para ninguém. Ganhou bolsa de estudos por causa de seu desempenho excelente na escola. A única infelicidade dela foi cruzar o caminho desse homem", afirmou Gilmar, apontando para Tiago.
Características
Todas as testemunhas que presenciaram os crimes relataram as mesmas características do suspeito - um homem magro e alto, que descia de uma moto e disparava sua arma sem hesitar, com um tiro certeiro contra a vítima.
O namorado de Isadora estava com ela quando foram abordados por Tiago. Segundo ele, um homem desceu de uma moto e, sem desligá-la, anunciou o assalto. No entanto, não pegou nenhum pertence do casal, segurou a garota pelo braço, a virou de costas e atirou uma vez, fugindo em seguida.
Motivação
A delegada Silvana Nunes Ferreira atuou nos casos de homicídios de Lilian Mesquita e Arlene, além da força-tarefa que culminou na prisão de Tiago. Para ela, um dos pontos comuns a todos os casos é a falta de motivação. "Normalmente, na investigação de um homicídio, é feita uma varredura da vida das vítimas. Contudo, nesses casos não havia um motivo por trás, não eram passionais ou patrimoniais. Eram jovens que tinham a vida tranquila, sem envolvimento com drogas ou ameaças", ressaltou.
A polícia concluiu, durante a investigação, que o modus operandi do réu foi similar em todos os crimes cometidos. "Além disso, a motocicleta de propriedade do acusado tinha características peculiares, que foram relatadas em vários casos, como o para-lama e o mata-cachorro cromados", explicou Silvana.
Outro indício crucial para indicar a autoria dos crimes foi a arma. Segundo a delegada, o revólver encontrado na casa de Tiago tinha a numeração raspada. No entanto, o Instituto de Criminalística restaurou a inscrição e verificou que o item tinha registro de posse na empresa de vigilância onde Tiago trabalhou. Foi na mesma empresa que o réu reportou o furto de uma das armas, durante um período de plantão.
(Foto: Wagner Soares/TJGO)
