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Entrevista exclusiva

"Inauguramos um tempo de modernidade em Goiás", afirma Marconi Perillo

Governador encerrou missão oficial nos EUA | 14.05.15 - 16:18 "Inauguramos um tempo de modernidade em Goiás", afirma Marconi Perillo (Foto: A Redação)
João Unes
 
Nova York – Uma agenda repleta de compromissos e o acerto de convênios e negócios futuros marcaram a visita do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), aos Estados Unidos. Durante três dias, Marconi se reuniu com políticos, investidores, empresários, pesquisadores, professores e estudantes em Boston e Nova York, sempre com o objetivo de aproximar o Estado de Goiás da maior Economia mundial.


Durante missão oficial nos EUA, Marconi participou de evento do Lide Empresarial ao lado de FHC, Geraldo Alckmin  e outras autoridades (Foto: A Redação)

Em todos os compromissos, Marconi esteve sempre acompanhado dos secretários Thiago Peixoto (Planejamento), Ana Carla Abrão (Fazenda) e Isanulfo Cordeiro (Relações Internacionais). Antes de embarcar de volta ao Brasil, Marconi concedeu ao jornal A Redação, com exclusividade, uma das mais extensas entrevistas desde que assumiu seu quarto mandato, na qual preconiza uma nova agenda para Goiás, com ênfase na competitividade.
 

Marconi Perillo ao lado da embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, durante missão oficial do Governo de Goiás (Foto: A Redação)
 

O governador também avaliou o governo Dilma Rousseff e respondeu perguntas sobre temas diversos, como ajuste fiscal, salários de servidores, corte de gastos, Simve, sucessão municipal e sua relação com o PSDB, entre outros assuntos. Confira a íntegra da entrevista:
 
A Redação: Qual o saldo desta missão nos Estados Unidos?
Marconi Perillo: O balanço é positivo porque conseguimos em um curto espaço de tempo participar de vários eventos de grande importância para o Estado e para o  Brasil. Também fizemos contatos com duas importantíssimas universidades aqui dos Estados Unidos, Harvard e Columbia. Esses contatos foram possibilitados pelo secretário Thiago Peixoto. Nestes encontros tivemos a oportunidade de falar sobre vários convênios que poderão ocorrer com vistas à melhoria dos indicadores goianos, na educação, na competitividade, na produtividade, na escolha de áreas nas quais o Estado possa investir daqui pra frente. Além de um possível intercâmbio futuro com vistas à introdução em Goiás de um programa que é semelhante ao Ciência Sem Fronteiras, que será o Goiás Sem Fronteiras.
 
Tivemos também a oportunidade de participar de um evento com a presença de duas dezenas de empresários americanos, organizado pelo BTG Pactual (banco brasileiro de investimentos), no qual pudemos conversar com vários empresários, oferecer informações sobre oportunidades em Goiás. Também participamos de um outro seminário, com a presença de vários empresários, organizado pelo Lide, participei de um evento importantíssimo sobre etanol, no qual tive a oportunidade de falar por alguns instantes sobre a importância do etanol para Goiás e para o Brasil. E por fim, o grande momento desta viagem foi a premiação dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, com a participação de cerca de 2 mil líderes empresariais brasileiros. Em todos estes momentos, o Estado de Goiás foi fortemente destacado. Isso tudo cria uma agenda presente e futura do mais alto valor.
 
AR: Na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos o senhor negociou a realização de eventos para divulgar Goiás nos Estados Unidos. Qual o objetivo destes eventos?
Mostrar o que Goiás tem de melhor em termos de potencialidades, cultura, turismo, governança, eficiência do setor produtivo, profissionais liberais da mais alta qualidade e uma gama de oportunidades na infraestrutura, no agronegócio e na economia de maneira geral.
 

Governador se reuniu com representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA (Foto: A Redação)
 
AR: Goiás tem recebido visitas de governadores e secretários para conhecer exemplos de inovações na gestão pública. Qual é a agenda de novidades para a gestão no Estado?
Vamos continuar fortalecendo ideias e conceitos que temos em relação à gestão pública, estamos contratando consultorias para aprimorarmos a gestão nos aspectos de competitividade, produtividade e educação. E vamos, é claro, buscar modelos eficientes que tenham dado resultados positivos em outros lugares do Brasil e do mundo. Nós tivemos já agendas criativas no passado, tivemos agora nesse último governo, fizemos algumas mudanças e inovações importantes. Agora, se nós pudermos criar mais, vai ser importante, a gente adotar, buscar ferramentas que estejam dando certo nas melhores governanças espalhadas pelo País e pelo mundo.
 
AR: A secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, vem sofrendo críticas de alguns setores devido ao ajuste fiscal. O senhor está satisfeito com os resultados do ajuste?
O ajuste fiscal é coordenado por mim, executado por ela [Ana Carla Abrão] em uma parte, em outra parte pelo secretário Thiago [Peixoto], em outra pelo vice-governador e pelos outros secretários. Todos nós estamos envolvidos em uma agenda que tem como objetivo equilibrar pra valer o orçamento, manter o equilíbrio financeiro, e no futuro a curto prazo termos recursos para investimentos e garantirmos as melhorias permanentes nos serviços oferecidos à população. Especialmente nas áreas essenciais, que são Educação, Saúde, Segurança Pública e Infraestrutura.
 
AR: O senhor já pensa nos nomes que devem concorrer à sucessão na Prefeitura de Goiânia. A senadora Lúcia Vânia dá sinais de que planeja se viabilizar em outro partido. O que o senhor pensa sobre isso?
Não tenho dúvida de que o PSDB tem de lançar candidato a prefeito de Goiânia. Sobre a Lúcia Vânia, tenho com ela uma relação histórica, uma relação de respeito, amizade e companheirismo. Ela, sempre que precisei, me ajudou em tudo. Não só no aspecto político, mas na viabilização das administrações passadas e hoje, na administração presente, ela também teve a minha correspondência e dos nossos companheiros do PSDB ao longo desse tempo todo.
 
Agora, de qualquer maneira, a minha agenda não é essa. Essa é uma agenda do partido, dos partidos aliados, dos que vão buscar candidaturas a prefeitos a vereadores. A nossa agenda é a agenda do governo, esse é o nosso foco principal.
 
AR: Nesta viagem, em que tivemos uma espécie de “semana brasileira” em Nova York, o senhor sempre foi convidado a discursar e ocupou os lugares mais importantes nas solenidades, duas vezes ao lado do ex-presidente Fernando Henrique. Qual o espaço de Goiás no cenário nacional e internacional?
É preciso deixar claro uma coisa. Aquele tempo do Goiás atrasado, arcaico, tímido, inexpressivo, pouco agressivo, acabou. Nós inauguramos um tempo de modernidade no Estado, de avanços em todas as áreas, especialmente nas áreas das novas tecnologias, da comunicação, do diálogo, da infraestrutura, dos investimentos. A voz de Goiás tem sido representada por mim e por muitos outros atores goianos em muitos fóruns pelo Brasil e pelo mundo afora. Eu acho que esse é um legado que nós vamos deixar. Goiás deixou de ser uma província, um Estado periférico, para ser um Estado relevante, um Estado importante no contexto nacional e internacional.
 
AR: O senhor planeja se candidatar à Presidência da República?
Olha, essa é uma agenda que ainda vai demorar um tempo para amadurecer. Minha preocupação hoje e a de todos nós que estamos envolvidos com o governo do Estado, é realizar uma boa gestão. É isso que importa e nos norteia hoje: cumprir o plano de governo, levar ações ao governo que possam satisfazer a população do ponto de vista da qualidade dos serviços, transformar Goiás em um dos Estados mais competitivos do Brasil, com bons índices na área da educação, como nós conseguimos registrar neste governo anterior, quando chegamos ao 1º e ao 2º lugares no Ideb. Buscamos melhorar cada vez mais a Saúde, e nisso nós já avançamos muito. Melhorar a Infraestrutura, a Segurança e transformar o Estado de Goiás num dos destinos mais atrativos no Turismo, na Cultura e na Economia.
 
AR: A privatização da Celg vai acontecer ainda este ano? Isso vai ajudar nas finanças do Estado?
Essa não é uma agenda minha, é uma agenda do governo federal, da Eletrobras. A Celg hoje, majoritariamente, é de propriedade da União, 51% das ações são da Eletrobras. Então, caberá ao governo federal conduzir esse processo. De qualquer maneira, tem o meu apoio caso isso venha a acontecer. Nós estamos em acordo com o governo federal de que uma empresa do tamanho da Celg precisa de muito dinheiro para novos investimentos, para atender as demandas da sociedade, dos clientes da Celg, no nível residencial, comercial e industrial. O agronegócio depende muito de energia. É preciso criar condições de suprimento de energia, construindo mais subestações, linhas de transmissão, melhorias gerais no sistema. Nesse aspecto, não tenho dúvidas que a privatização da Celg vai ser importante. Esta não pode ser uma discussão ideológica, uma agenda partidária. Esta é uma agenda de Estado. E no Brasil, tudo que foi privatizado ou concessionado funciona muito melhor hoje do que o que continua na tradição da gestão pública arcaica.
 
AR: Qual é a pauta do senhor na reunião da próxima semana com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha? O senhor vai pedir apoio para a recriação do Simve?
Eu vou conversar com ele sobre alguns assuntos que interessam ao pacto federativo. Um destes assuntos é a questão do ICMS, outro é a melhor distribuição de receita no Brasil para os Estados e municípios. Outra pauta é evitar que projetos sejam aprovados com peso sobre as finanças dos Estados, projetos que venham a ser aprovados sem a necessária contrapartida financeira, sem origem de recursos para fazer face às despesas criadas por estes projetos.
 
É claro que vou também tratar dessa questão do Simve. Eu acho que o Simve foi um importante instrumento para ampliação da segurança da população nas ruas. Acho um equívoco o fim do Simve, mas o Supremo Tribunal Federal o considerou inconstitucional e nós temos agora que buscar as alternativas que transformem o Simve num instrumento constitucional.
 
AR: O sistema de gestão por meio de Organizações Sociais (OSs) vai ser expandido para as áreas da educação e cultura?
O sistema de OSs deu certo em Goiás e em vários outros Estados. Quando a gente tem boas OSs operando, com uma fiscalização rigorosa, com acompanhamento permanente, os serviços públicos melhoram muito. Em São Paulo nós temos inúmeras OSs na área de cultura. Em Goiás, nós pretendemos implantar as OSs na cultura também. Já fizemos isso em toda a área da Saúde, deu certo. Os serviços de Saúde público hoje em Goiás estão entre os melhores do Brasil. E nós queremos que os serviços públicos pagos pelo contribuinte sejam de qualidade, possam satisfazer os usuários, possam contemplar as necessidades dos mais pobres especialmente.
 
AR: Como o senhor analisa a situação do governo federal atualmente, com crise econômica e política?
A gestão fiscal do governo federal é boa, a condução do ministro Joaquim Levy está inspirando confiança nos mercados e em parte das autoridades, eu pelo menos tenho confiança que se ele continuar conduzindo da forma como está conduzindo a Economia, a gente vai ter dificuldades, apertos agora, mas isso vai resultar em benefícios num futuro próximo com a volta de um ciclo virtuoso de desenvolvimento.
 
Agora, em relação ao aspecto político, eu torço para que haja um entendimento entre o Senado, a Câmara e o Executivo federal, criando assim condições políticas para uma agenda positiva para o País. Todos os brasileiros querem saber o que a gente terá de novo no Brasil daqui pra frente, o que vai fazer a diferença do ponto de vista das novas tecnologias, das novas ferramentas que possam facilitar a vida das pessoas. Num mundo tecnológico como o que a gente vive hoje, nós precisamos de uma agenda de tecnologia, onde o cidadão possa estar conectado de forma digital a todos os serviços que precisam ser prestados aos usuários.
As pessoas não querem saber de picuinhas entre partidos, entre instituições, o que as pessoas querem é um Estado que seja eficiente, projetos e propostas que possam realmente dar um upgrade na vida das pessoas. Nós do governo do Estado estamos muito preocupados com isso e acredito que, se tivermos uma agenda para o País, as pessoas vão agradecer e vão compreender. Mesmo que isso resulte em alguns sacrifícios circunstanciais.
 
AR: O parcelamento dos salários dos servidores é uma medida temporária ou veio para ficar?
Olha, não é parcelamento. Na verdade nós sempre adiantamos os salários dos servidores, pagando antes do prazo estabelecido pela lei. Neste momento, em função da conjuntura nacional, da crise, da recessão, da diminuição das receitas por conta da redução da atividade econômica, nós resolvemos pagar adiantado uma parte, e a outra parte dentro do que estabelece a lei. Ou seja, no quinto dia útil do mês seguinte. Se fizemos isso foi porque não vimos outra alternativa a não ser essa. E fizemos considerando que os servidores continuarão recebendo em dia. O que ocorre é que os servidores ficaram bem acostumados com o fato de durante todos os nossos governos termos adiantado os salários. E ainda há um ingrediente. Nós pagamos neste período todo o 13º sempre adiantado, no mês do aniversário do funcionário. Os servidores antes recebiam o 13º por volta de fevereiro, março, no ano seguinte. No nosso governo a gente antecipa o 13º.
 
Agora, quando a gente tem a necessidade por falta de dinheiro, por conta da crise nacional, tivemos de fazer uma divisão do pagamento entre o adiantado e o que estabelece a lei. Algumas pessoas reclamam que estavam acostumadas a um outro ritmo. Por outro lado, alguns membros da oposição fazem demagogia tentando desgastar o governo em algo onde o governo sempre esteve muito bem. Eu espero que, com o passar dos meses, o governo tenha condições objetivas de alterar este quadro. Se tivermos será muito bom. Nós já fizemos isso em outras vezes sem que ninguém pedisse. Fizemos porque achávamos à época, e continuamos achando, que o servidor precisa ser bem tratado. E foi assim que eu lidei com os servidores ao longo do tempo.
Nunca os servidores tiveram tantos aumentos quanto nos nosso governos. É bom lembrar que no governo Alcides, durante cinco anos, os servidores ficaram sem nenhuma data-base paga e nenhum piso salarial dos professores pago.
 
AR:A receita clássica de ajuste fiscal na Economia está no corte de gastos e aumento de impostos. Isso ocorrerá em Goiás?
Do ponto de vista de cortes foi o que nós fizemos até agora. Nós cortamos secretarias, Goiás é hoje o Estado com menor número de secretarias do País, só temos 10. Cortamos superintendências, diretorias, empresas, cortamos metade dos cargos comissionados, servidores temporários. Estamos cortando outras despesas correntes.
 
Agora, do ponto de vista dos impostos, nenhuma ação foi iniciada ou concretizada neste governo. Nenhum imposto foi aumentado. Apesar da crise, nós decidimos não aumentar impostos no momento em que as pessoas estão passando por dificuldades. Nós solicitamos a colaboração dos empresários em relação à antecipação da data do pagamento do ICMS, em relação à antecipação de recursos por parte das empresas fomentadas, tivemos a boa vontade dos empresários, até porque o governo do Estado, durante meus períodos à frente da administração, sempre foi extremamente correto, estimulador da Economia, da industrialização e da melhoria das condições econômicas.
 
AR: Como o senhor avalia seus primeiros 140 dias de governo?
Acho que nós estamos um pouco acima da média do Brasil. Temos Estados extremamente desgastados do ponto de vista de finanças, Estados com muitos problemas, nós estamos vivendo uma situação econômica grave no País, no governo federal. Nós também vivemos uma situação de muita dificuldade, mas acho que, se compararmos Goiás com os outros Estados, nós estamos em uma situação melhor. Exatamente porque ao longo do tempo nós temos feito o nosso dever de casa.
 
AR: O senhor pretende deixar o PSDB?
Em hipótese alguma. Nunca toquei nisso. Felizmente já recebi convites de outros partidos, mas tenho uma história no PSDB, tenho 20 anos, completados em maio, de filiação ao PSDB, tenho cinco mandatos majoritários disputados com eleições favoráveis dentro do partido, tenho uma relação extraordinária com os tucanos e acho que sou respeitado, do ponto de vista de opinião, de posições políticas por outros partidos exatamente por conta desta minha conduta e minha coerência.
 
 

Comentários

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  • 19.05.2015 15:32 Gilberto

    Parabéns pela exclusiva. A internet ta melhormque jornal e TV

  • 14.05.2015 17:15 José

    Não conheço este Estado. O que vivo é bem pior que isso.

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