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Entrevista exclusiva

Paulo Garcia garante que fará sucessor na Prefeitura de Goiânia

Prefeito fala sobre assuntos polêmicos | 22.05.15 - 18:10 Paulo Garcia garante que fará sucessor na Prefeitura de Goiânia (Foto: Divulgação/Humberto Silva)
 
Sarah Mohn
 
Goiânia – Fazendo questão de mostrar à reportagem a placa afixada na parede de seu gabinete com o dizer “Compartilhe a rua”, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), recebeu o jornal A Redação para uma ampla entrevista exclusiva, na qual destacou sua intenção em eleger um nome de sua escolha para o Paço Municipal nas eleições de 2016. "Uma coisa você pode escrever: faremos a nossa sucessão. Anote e me cobre depois de outubro de 2016."

Após interromper o início de entrevista para atender uma ligação do gabinete do governador Marconi Perillo (PSDB), Paulo Garcia conversou com o AR sobre a gestão de Dilma Rousseff, declarações do ex-presidente Lula sobre o PT, recessão econômica, relação com o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) e Marconi, reforma administrativa, trânsito e mobilidade urbana. Ele argumentou que o modelo de ciclovias está em desuso e que a capital receberá até o fim do próximo ano cerca de 100 quilômetros de vias cicláveis – plataforma que inclui ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas.
 
“O mundo está saindo da ciclovia. Nós temos as ciclofaixas e as vias cicláveis e vamos sair daqui (Paço Municipal) com 100 quilômetros de vias cicláveis na cidade de Goiânia até o fim do ano que vem”, antecipou, declarando que a principal marca de suas gestões à frente do Paço será o desenvolvimento sustentável. “Isso eu fui o primeiro a falar. Ninguém pode tirar de mim. Me rotularam até de lunático. Depois, até os programas de governo dos candidatos à Presidência da República colocaram o tema em pauta”, disse em tom de desabafo.

Declarando-se jovem e moderno, Paulo Garcia reclamou à reportagem estar vivenciando problema com sua conta na rede social Facebook. “Sei lá, eu desconfiei até de um hacker. Me tiraram minha página do Faceboook. Até hoje não sei o porquê.” Além de redes sociais, o prefeito assumiu predileção por jogos online. "Eu ando até meio enjoado de jogar Candy Crush. Mas que é um joguinho muito interessante, é"
 
(Foto: Divulgação/Humberto Silva)
 
Confira a entrevista exclusiva:
 
Jornal A Redação: Como está o segundo mandato à frente da prefeitura de Goiânia?
Paulo Garcia: Eu acredito que, dentro do que nós havíamos planejado, estamos superando os obstáculos e vamos dar resposta às demandas, e também resgatar todos os compromissos que fizemos na época do processo eleitoral quando fui reeleito. É evidente que você passa por um período de correção de rumos, de planejamento, de adaptação às expectativas que você pretende alcançar e penso que essa fase nós superamos. Eu acredito que agora, em razão desse planejamento prévio, nós vamos começar a mostrar à nossa comunidade o resgate de todos esses compromissos feitos à época, que são compromissos mais variados em todas as áreas em que a prefeitura tem atuação. Muito está em execução e muito passa a ser entregue a partir de agora, até o fim do nosso mandato. Minha avaliação é que vamos percorrer daqui até o fim do mandato um momento de muita satisfação.
 
AR: O relatório sobre a reforma administrativa apresentado pela vereadora Cristina Lopes (PSDB) apontou economia de no máximo R$ 30 milhões antes os R$ 83,4 milhões estimados pelo Paço. Qual cifra é a real?
Eu não conheço o relatório da vereadora Cristina. Eu só conheço o substitutivo que foi apresentado pela base de sustentação nossa na Câmara. Acredito que nós estamos trabalhando com números fidedignos e reais. Temos uma equipe muito competente, muito preparada de planejamento, orçamento e finanças. É uma equipe de qualificação reconhecida por todo mundo, experiente, calejada. Tenho convicção de que nossos números estão adequados.
 
AR: Com o projeto de reforma, o senhor extingue o Fundo Municipal de Meio Ambiente. Não é uma incoerência com a bandeira de sustentabilidade defendida por sua gestão?
Há um equívoco de interpretação. Nós não estamos extinguindo os fundos pré-existentes e que são constitucionais. Nós estamos simplesmente mantendo a individualidade desses fundos, colocando todos os recursos em uma conta única para que tenhamos maior transparência e controle na utilização desses recursos financeiros. Nós não estamos indo contra nenhuma das nossas bandeiras. Nós não estamos extinguindo. As pessoas estão equivocadas, estão acreditando que o mais importante da reforma administrativa é a economia oriunda desse processo de reorganização estrutural. Não é. O mais importante é que com essa reorganização estrutural, que já estava no nosso plano de governo de 2012, estamos é preparando a administração da cidade para que ela atenda o clamor das ruas.
 
AR: Qual o clamor das ruas?
Que os recursos sejam otimizados, que não haja dubiedade de estruturas, que as estruturas sejam mais enxutas e que o serviço apresentado à comunidade pelo serviço público seja um serviço de qualidade, que responda às necessidades atuais dos homens e mulheres que vivem nas cidades. E, obviamente, como consequência dessa estruturação vai haver economia. Mas a economia nem é o mote que nos levou a fazer a reforma. A economia é uma consequência.
 
AR: A manutenção das três secretarias extraordinárias é necessária?
Isso é uma necessidade de todo poder público. Não existe nenhuma estrutura administrativa nesse país que não tenha essas estruturas extraordinárias. Elas são necessárias para quando do surgimento de alguma política pública emergencial ou que por ventura tenha sido adotada pelo país, pelos estados ou pelos municípios naquele momento. Se não, você teria que fazer uma reestruturação organizacional quase que constante. Essas estruturas são mínimas do ponto de vista de custo. Basicamente tem um secretário, um chefe de gabinete e uma estrutura administrativa que é horizontal com as outras secretarias permanentes. E quem propõe a extinção delas não propõe nos governos aos quais pertencem. É um contrassenso.
 
AR: Alguns setores do PT não reconhecem a existência de crise econômica no país. O senhor reconhece?
Nós estamos vivenciando algo que todo o mundo contemporâneo ocidental está vivenciando. Há uma necessidade de readaptação de todas as nossas estruturas. O Brasil não é uma ilha isolada, um gueto que não se comunica. Pelo contrário. O Brasil hoje é uma nação importante em todos os processos que acontecem no mundo.
 
 

(Foto: Divulgação/Humberto Silva)
 
AR: A presidente Dilma Rousseff está sendo uma boa gestora nesse momento?
Uma avaliação sobre a presidenta Dilma, independente de eu ser do mesmo partido que ela pertence, tem que ser uma avaliação muito positiva, principalmente para a cidade de Goiânia. Hoje nós temos quase R$ 1 bilhão em obras sendo executadas na cidade de Goiânia, que são oriundos de recursos da União que a presidenta Dilma destinou a nós. Como é que eu não deveria fazer uma avaliação positiva de uma gestora que se preocupa com assuntos tão importantes para os espaços urbanos, em particular para a cidade de Goiânia, e que nos repassa recursos de R$ 1 bilhão?
 
AR: Quais são essas obras?
Estamos com a Marginal Cascavel em execução com recursos federais ao trecho que será executado agora entre a avenida Castelo Branco e a leste-oeste. Nós deveremos dar a ordem de serviço para o final da marginal Botafogo, entre o fim da avenida 136 e a segunda radial. Nós temos o BRT em execução, nós temos o corredor da avenida T-7 em execução. Estamos licitando mais cinco novos corredores. Isso só na área de mobilidade. E, como me lembra minha assessoria, para o Estado de Goiás foram mais de R$ 8 bilhões destinados. Por isso tanto eu quanto o governador, em todas as oportunidades que temos, só temos que elogiar a agradecer a presidenta Dilma.
 
AR: Como está a sua relação com o governador Marconi Perillo?
É uma relação administrativa salutar, madura, transparente. Obviamente nós pertencemos a agremiações político-partidárias distintas no cenário político-eleitoral, mas temos também teses que são confluentes. É uma relação que amadurece a cada dia.
 
AR: Como o senhor avalia a reforma administrativa do governo estadual?
Eu não a conheço com profundidade. E eu não gosto de fazer avaliação daquilo que eu não tenho conhecimento suficiente para fazer juízo de valor. Imagino que ela deve atender às necessidades do governo do Estado.
 
AR: Marconi tem sido um bom gestor?
Ele está no início do mandato.
 
AR: Do segundo mandato consecutivo.
Do quarto como governador. Eu sei que pelas últimas conversas que tivemos ele está muito preocupado com o cenário econômico e tem procurado se organizar para superar esses obstáculos e ultrapassar esse momento. Eu desejo que ele o faça. Eu sou daquelas pessoas que torcem pelo sucesso de todo mundo. Nunca torci pelo “quanto pior, melhor”. Essa é uma visão retrógrada, extremada e que não leva ninguém para frente. Olhar para trás não leva a nada. Aliás, existem duas teses que parecem ser contraditórias, mas que dizem a mesma coisa. Uma é a Bíblia católica, que em um de seus versículos diz que recomenda à pessoa que não olhe para trás, e a pessoa comete o equívoco de olhar para trás e se torna pedra. É óbvio que essa é uma metáfora para dizer que viver exclusivamente do que aconteceu lá atrás, não nos leva adiante. E a outra é (de Karl) Marx. Por mais contraditório que pareça, duas teses, uma católica e outra marxista, a de Marx diz que na política você tem que sempre olhar para frente.
 
AR: Em relação às eleições do ano que vem...
É olhar para frente. Está longe ainda. A gente olha para frente, mas até onde o olhar alcança.
 
AR: O prefeito Iris Rezende continua próximo ao senhor?
É um grande homem. Uma pessoa que mantenho o que sempre disse sobre ele e minha admiração por ele é permanente.
 
AR: PT e PMDB vão caminhar juntos em 2016?
O meu desejo é que essa aliança, que é uma aliança que tem produzido resultados positivos em todo o país, continue. E, obviamente, trabalho por isso.
 
AR: O PT está disposto a abrir mão da cabeça de chapa para continuar essa aliança?
Isso é lá na frente. Estou mais preocupado nesse momento com minha administração. O processo eleitoral, se a gente se dedica muito antecipadamente a ele, a gente deixa de cumprir algumas das missões que nos foram delegadas. Eu não estou preocupado com processo eleitoral, até porque não sou candidato. Mas uma coisa você pode escrever: faremos a nossa sucessão. Anote e me cobre depois de outubro de 2016.
 
AR: O trânsito em Goiânia é sempre um ponto de polêmica. O que a prefeitura tem feito para solucionar essa demanda?
Nós temos dado passos constantes. Eu disse a você sobre duas marginais, que são vias de fluxo rápido, a marginal cascavel, a marginal Botafogo. Nós temos uma intervenção aqui no setor Pedro Ludovico, na segunda radial, com a última etapa sendo executada. Tiramos rotatórias e semaforizamos, criando ali uma onda verde. Temos os viadutos que serão construídos agora, um deles até o fim do ano no trecho da BR que percorre a cidade, um deles será o viaduto do novo aeroporto e o outro unindo o Jardim Goiás ao Novo Mundo. Estamos asfaltando todo o Cerrado, que é um empreendimento habitacional gigantesco na região Oeste. Enfim, tem muita obra sendo executada. Mas obviamente esse é um problema. A única solução para o mundo ideal no trânsito é a redução da circulação de carros. Qualquer coisa que se diga ao contrário é equívoco.
 
AR: Nesse sentido, não é a hora de Goiânia começar a pensar em metrô?
O metrô é um desejo de todos nós, mas não é a solução definitiva. Nós precisamos fazer, mas temos que viver dentro da nossa realidade, não podemos sonhar. Metrô é muito caro e, para a demanda que nós temos pelo transporte coletivo, o BRT e o VLT são soluções que se antecedem ao metrô. Por que onde teríamos metrô, no eixo leste-oeste? Em quantos anos isso seria construído? Nós temos recursos para isso? Não temos.
 
AR: O senhor defende a mesma opinião dita pelo ex-prefeito Nion Albernaz, em entrevista ao jornal A Redação, de que não é o momento de Goiânia ter metrô.
Eu o respeito muito como pessoa, até pela idade que ele tem, mas das declarações recentes dele é a primeira que está sintonizada com o momento que nós estamos vivendo.
 
AR: E ciclovias?
Ciclovias nós estamos implantando. Ganhamos um projeto de 100 quilômetros de vias cicláveis em Goiânia, que vamos implantar. Isso não significa ciclovia. O mundo hoje está saindo da ciclovia. Elas são importantes, mas são permanentes e caras. Nós temos a ciclofaixas e as vias cicláveis, em que temos a utilização simultânea por carros, ônibus, bicicletas e pedestres. Nós vamos sair daqui com 100 quilômetros de vias cicláveis na cidade de Goiânia até o fim do ano que vem.
 
AR: O Movimento Brasil Livre, que nesta semana passou por Goiânia, marcou para o dia 27 um ato em Brasília para protocolar o pedido de impeachment da presidente Dilma. Qual sua opinião sobre a defesa do impeachment?
São pessoas totalmente equivocadas, que vivem fora do contexto, conservadores extremados. Imagino que em alguns momentos promovem até alguns atos de na anarquia e vandalismo. Penso que é um movimento completamente fora do contexto e que não ajuda em nada a evolução do país. Não há motivação real nenhuma, nem do ponto de vista legal, constitucional, para promoção do impeachment. Esse ato me parece mais um ato teatral.
 
AR: O senhor mantinha perfis nas redes sociais. O senhor os desativou?
Não! Mantenho. Hoje às 5h30 falei bom dia aqui no meu Twitter.
 
AR: E no Facebook?
Eu não sei porque a minha conta foi cancelada pelo Facebook. Agora, há coisa de um mês e meio. Nós estamos em contato com a administração do Facebook, mas é a maior dificuldade uma pessoa física saber porque eles cancelaram. Que eu saiba, nunca cometi nenhum equívoco nem utilizei de forma indevida. Eu não agrido ninguém, não posto imagens que não são legais. Sei lá, eu desconfiei até de um hacker. Me tiraram minha página do Faceboook. Até hoje não sei porquê. Mas no Twitter estou ativo dia e noite.
 
AR: O senhor também está ativo em jogos online? É o senhor mesmo que joga Candy Crush?
De vez em quando sou eu. Se estou no carro, se não estou fazendo nada, de vez em quando eu jogo. Mas, sabe que eu ando até meio enjoado de jogar Candy Crush? Mas que é um joguinho muito interessante, é. Eu sou um homem moderno e procuro ser jovem. Eu faço tudo que todo mundo faz. Eu sou normal. Eu vou à padaria, vou ao supermercado, vou à feira. Não é porque sou prefeito que deixei de ter dor de cabeça, como todo mundo tem. Eu sou um ser humano normal, não sou extraterrestre. As pessoas criam mitos. Agora, o que me diferencia nas redes sociais é que sou eu mesmo que faço, não é assessor. Pode ter certeza que quando estou lá, sou eu que estou lá.
 
AR: O senhor está no Paço há sete anos, entre os cargos de vice-prefeito e prefeito. Qual o principal aprendizado que o poder lhe deu até agora?
O principal aprendizado é que a administração pública é algo muito complexo. É a arte de conciliar desejos conflitantes e procurar ser justo, transparente e atender sempre a maioria. Não esquecendo que os desejos minoritários também têm validade. É uma missão muito interessante.
 
AR: Qual será a marca que as suas gestões vão deixar?
Eu penso que o desenvolvimento sustentável. Isso eu fui o primeiro a falar. Ninguém pode tirar de mim. Quando eu comecei a falar me rotularam até de meio lunático. Ninguém falava nisso. Depois, até os programas de governo dos candidatos à presidência da república colocaram esse tema em pauta. A ONU, que tinha os objetivos do milênio, agora lançou os objetivos do desenvolvimento sustentável. Isso eu me antecipei à maioria.
 
AR: No mês passado, o ex-presidente Lula disse que o PT tem que “errar menos”. Essa orientação cabe ao PT em Goiânia?
Isso cabe a todo ser humano, principalmente a quem tem atividade pública. Errar menos deve ser algo que a gente persegue diuturnamente. A gente administra recursos que não são nossos, trabalha com questões que são coletivas, quanto menos a gente errar, a gente contribui para a equidade social, para a promoção de um futuro mais justo e a construção de um bem coletivo comum. Errar menos é o desejo de todos nós. Ninguém erra por desejar errar.
 
AR: E quanto à grande quantidade de protestos que o senhor tem enfrentado?
Não foram tantos, não. Eu não sei se a gente se adapta à situação...
 
AR: Na Câmara também?
A Câmara é um parlamento independente. Agora lá existem também pessoas extremadas, que têm posições teatrais totalmente equivocadas. Mas que são legitimamente eleitas pelo povo.

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