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Eleições na Ordem

Nova marca da OAB-GO abre polêmica entre advogados

Conselheiros sugerem intervenção nacional | 29.06.15 - 19:14 Nova marca da OAB-GO abre polêmica entre advogados (Foto: Reprodução)
 
Sarah Mohn

Goiânia – O súbito surgimento de nova identidade visual, acompanhada de slogan, na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), a menos de cinco meses das eleições para escolha da nova diretoria da instituição, causou estranheza e provocou questionamento entre advogados ligados à atual gestão da entidade e a integrantes da oposição.
 
Em maio, a OAB-GO lançou, oficialmente, a nova marca com o slogan "OAB-GO para todos”, durante o Colégio de Presidentes de Subseções, em Anápolis. O slogan, já presente em materiais gráficos e peças publicitárias, foi criado pela Agência Multiface de Propaganda Ltda (AMP Propaganda) e migrou para a internet. Nas redes sociais, até a veiculação da reportagem, a hashtag #oabparatodos contava com 262 publicações.
 
O questionamento de advogados ouvidos pelo jornal A Redação tem como base o Provimento nº 135/2009, do Conselho Federal, que padroniza a marca oficial e os símbolos da OAB a serem obrigatoriamente utilizados pelo Conselho Federal, pelos conselhos seccionais, pelas subseções e por todos os órgãos nele referidos. Segundo avaliação dos entrevistados, a alteração na marca da seccional goiana descumpre a orientação nacional. 
 
“Não estou de acordo. Tem que padronizar justamente para evitar qualquer uso indevido e para manter a imagem da Ordem independente de quem a dirige ou de situações políticas. A OAB Goiás independe de adjetivações. Não estou de acordo com essa mudança. Sou a favor de preservar a tradição. É OAB Goiás e ponto final”, critica o conselheiro seccional Alexandre Iunes Machado.
 
O conselheiro avalia que a questão deve ser encaminhada à OAB nacional para que a seccional goiana reveja o uso da marca. “Porque se deixar como está outras seccionais poderão fazer o mesmo. E penso que haverá descaracterização da OAB nos estados. O nome e a representatividade da Ordem são únicos e dos advogados”, pondera Iunes.
 
Também conselheira seccional e ex-presidente da Comissão de Mediação, Conciliação e Arbitragem, Carla Sahium Traboulsi se posiciona contrária à mudança. “Se há um provimento que foi feito para utilização dessas marcas a nível nacional, e isso foi criado junto a todas as outras entidades da federação, em termos de identidade, defendo a ideia de que deve ser mantida para não haver discrepância. Sou a favor de que se mantenha a identidade original, como todas as outras (seccionais) o fazem”, opina.
 
Carla Sahium afere como delicada a criação da nova marca no período de pré-campanha eleitoral na entidade. “Minha visão é de que cada gestão deve trabalhar a sua gestão. Se existem pretensões a serem feitas, elas devem estar fora da gestão. Nunca, jamais a instituição deve estar pareada, ladeada por uma pretensão política. A diretoria e os conselheiros devem atuar para categoria. Se há pretensões políticas, e todas são legítimas, que sejam feitas no local exato e no tempo certo”, diz. A conselheira acredita que a diretoria nacional da Ordem deva avaliar e “tomar suas decisões sobre isso”.
 
Conselheiro seccional e presidente do Instituto Goiano de Direito do Trabalho, Rafael Lara Martins atesta as críticas. “Eu acho lamentável que, evidentemente, se está usando a instituição para fins político-eleitoreiros. Isso me entristece. O que está evidenciado na gestão da OAB-GO é que estão tomando medidas populares, entre aspas, para tentar viabilizar a candidatura de um grupo que está desacreditado pela categoria.”
 
O AR ouviu outros dois conselheiros seccionais que se manifestaram contrários à alteração na identidade visual, mas não quiseram se identificar temendo retaliação da diretoria.
 
 
(Foto: Arquivo/A Redação)
Críticas
Ouvidos pelo AR, dois integrantes da OAB Forte – grupo ao qual, oficialmente, pertence o presidente Enil Henrique Filho, e outros diretores da seccional – também se manifestaram, em off, contrários à instituição da nova marca visual.
 
“Fica evidente o caráter político-eleitoreiro com a criação dessa logomarca. Pelo caráter político-eleitoreiro, o presidente comete uma infração ética, crime de prevaricação e ato de improbidade administrativa, que, espero, o Ministério Público Federal tomando conhecimento adote as providências necessárias”, critica um dos advogados da OAB Forte.
 
Outro integrante do grupo estende a discordância: “A surpresa é pensar que o maior representante da instituição, no mínimo, desconhece as regras de uso da marca. O momento não era oportuno”, contesta.
 
Pré-candidato oposicionista, Lúcio Flávio de Paiva também ataca a decisão da diretoria da OAB-GO e considera a alteração um “indicativo de movimentação visando às eleições de novembro”.
 
“Na minha visão, essa mudança da logomarca me causa estranheza por dois motivos. Primeiro, porque a Ordem, enquanto autarquia, tem o provimento específico que regulamenta o símbolo oficial. Então, não teria qualquer sentido descumpri-lo, como é o caso do novo logotipo adotado. Em segundo lugar, a adoção de nova simbologia, dentro de linha de gestão que já existe, dá indicativos de uma movimentação e identificação visual visando às eleições de novembro”, argumenta Lúcio Flávio.
 
(Foto: Mônica Parreira/Arquivo/A Redação)
 
Nota da OAB-GO
Em nota ao AR, a assessoria de comunicação da OAB-GO justifica que nova identidade visual se trata de projeto institucional, mas não esclarece a necessidade da campanha. Veja a íntegra:
 
“Trata-se de slogan de campanha institucional que foi submetida e aprovada pela diretoria e posteriormente lançada, oficialmente, durante o Colégio de Presidentes de Subseções da OABGO, em maio, em Anápolis. O entendimento da seccional é de que a referida campanha - a exemplo de muitas outras da seccional - não afronta o Provimento 135/2009, o qual trata, basicamente, da padronização da marca oficial e símbolos da Ordem em todo o País, norma que, a propósito, é corretamente seguida pela OAB-GO.”

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