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Motociclista x motorista

De quem é a culpa pelo caos no trânsito?

Responsabilidade é de todos | 28.07.15 - 14:37 De quem é a culpa pelo caos no trânsito? (Foto: Kamylla Rodrigues)

Kamylla Rodrigues

Goiânia -
Não é de hoje que a relação entre motoristas e motociclistas costuma ser tensa. Em Goiânia, são mais de 1,2 milhão de condutores que travam uma verdadeira guerra em busca do melhor lugar na via. A intolerância começa cedo e carrega com ela reclamações, buzinas, palavrões e até agressões físicas.

De quem é a culpa? O engenheiro especialista em trânsito e transporte Benjamim Jorge diz que a responsabilidade é dos dois. Os usuários do volante e do guidão até assumem algumas imprudências, mas se defendem.

Ricardo Costa trabalha como motoboy há 10 anos. Durante esse tempo, ele disse nunca ter sofrido acidente porque anda de acordo com as leis de trânsito e sempre está atento a tudo ao redor. “No trânsito você tem que dirigir para você e para os outros. Por isso, eu estou sempre na velocidade permitida, sinalizo e dou passagem. Muitos motoristas não são assim e por isso acho que o que falta neles é compreensão e paciência”, disse Ricardo.

Rafael dos Santos, entregador há 2 anos, já quebrou o retrovisor de um motorista durante o trabalho, mas voltou e assumiu os custos. “Eu vi que estava errado e tive que pagar R$ 60 reais, mas os motoristas também precisam lembrar que a via é de todos e que eles precisam ceder espaço. Falta educação para todo mundo”, afirmou.

Elisvaldo Ferreira de Castro usa a moto para trabalhar e para o passeio. Ele já quebrou o pé durante um acidente porque o carro que estava a sua frente teria feito uma conversão sem sinalizar. “Os motoristas mudam de faixa ou viram do nada. É quase um jogo de adivinhação. São raras as vezes que você vê algum carro com a seta ligada. Acho que falta cursos de reciclagem mais rigorosos e consciência de que nós somos vulneráveis e que uma queda pode ser fatal ”, ponderou.

Motoristas
Adriano Pires conduz uma van escolar há 12 anos e disse que o tamanho do veículo também atrapalha a visibilidade. “Temos vários pontos cegos no veículo e por isso muitas vezes fechamos os motociclistas. Não é por maldade, mas acho que falta um pouco de esperteza para alguns. Teria que ser natural darmos seta e eles diminuírem a velocidade, mas em vez disso, eles aceleram e ainda cortam pela direita. Eu não me eximo das responsabilidades. Falta um pouco de paciência da nossa parte. Aliás, falta paciência para todos”, declarou.

Rodolfo de Oliveira diz que a imprudência que mais presencia por parte dos motociclistas é o excesso de velocidade e furar o sinal vermelho. “Não é opcional parar antes da faixa ou quando o sinaleiro está fechado. É obrigação! Não deveria ser uma opção mais ágil costurar os carros. Eles deveriam esperar na fila, assim como todos nós. Falta educação e precisamos urgentemente de uma mudança cultural. Não estamos em uma disputa para ver quem chega primeiro”, completou.

Para o corretor de seguros Eduardo Paulino da Silva, motorista há 40 anos, a educação no trânsito deveria começar nas escolas. “Na minha época pouco se falava na gentileza nas ruas. De lá para cá, isso evoluiu pouco. Acho que as escolas deveriam se empenhar para formar condutores desde cedo, porque talvez assim o trânsito do futuro seja mais saudável e menos violento. Todos nós temos uma parcela de culpa no trânsito e precisamos parar de apontar os erros dos outros e corrigir os nossos”, finalizou.

Especialista 
O engenheiro de trânsito Benjamim Jorge afirma que o problema do caos no trânsito está relacionado à correria. “Percebo que a cada dia as pessoas acumulam mais compromissos. Elas já saem de casa com vários problemas para resolver e querem fazer isso o mais rápido possível. Quando se deparam com o trânsito tumultuado, acham na imprudência e intolerância, a solução”, explica.


Benjamim Jorge, engenheiro de trânsito (Foto: Mônica Parreira/A Redação)
 
Em Goiânia, mais de 293 mil motociclistas dividem o espaço, que parece estar cada vez menor, com cerca de 830 mil motoristas de carros. “De um lado, o condutor da moto acha que por estar com um veículo mais flexível ele pode andar em qualquer lugar, de qualquer jeito. Do outro, os motoristas que mudam de faixa e acham que a seta é apenas um assessório. No meio disso tudo, cada um quer levar vantagem, mesmo que seja ficando um metro à frente”, disse.
 
O diretor-técnico do Detran-GO, João Balestra, afirma que falta conscientização.  “Nós estamos promovendo muitas ações para alertar de que medidas simples podem fazer toda diferença e pretendemos continuar. Mas não adianta fazermos nossa parte, se no próximo sinaleiro, o motorista faz algo errado de novo. Transformar o espaço que foi feito para ser compartilhado, num local de disputa, não vai ter bons resultados. Fazer o trânsito ser melhor e menos violento depende do motorista que cede o lugar, do motociclista que espera o sinal abrir, do respeito as leis de trânsito”, ressalta.
 
Para o engenheiro, além do trabalho educacional, é necessário investimentos em transporte público. “Esse conflito poderia ser amenizado se houvesse transporte coletivo de qualidade. Não haveria esse tumulto de carros nas ruas e consequentemente teríamos menos acidentes. Mas, infelizmente, isso está longe de acontecer. O jeito é sair de casa com a mente tranquila e adotar a boa educação e gentileza”, conclui Benjamim. 


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