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Equação do perigo

Excesso de velocidade aumenta risco de mortes no trânsito

Ação é motivada pelo prazer, diz psicóloga | 27.11.15 - 09:45 Excesso de velocidade aumenta risco de mortes no trânsito (Foto: Reprodução / ultradownloads.com.br)
Lucas Cássio
 
Goiânia - Entra ano e sai ano e a preocupação com a realidade da violência no trânsito continua, e ela se agrava com as proximidades das festas de fim de ano. Uma série de fatores contribui para acidentes de trânsito, porém, especialistas afirmam que o excesso de velocidade está entre as principais causas que resultam em mortes e deixam sequelas graves para quem sobrevive. Para cada 1% acima da velocidade máxima permitida, os motoristas estão sujeitos a possibilidade de 3% maior de acidente e até 5% maior de morte. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS).
 
Segundo informações da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT), de Goiânia, a região central da capital é o local onde mais acontecem acidentes. De janeiro a novembro deste ano foram 7.131 casos, a maioria envolvendo excesso de velocidade.
 
O educador de trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Gustavo Mota, ressalta a falta conscientização por parte dos motoristas. “O Código de Trânsito Brasileiro existe para ser cumprindo, tem a velocidade que é permitida nas vias, e a maior parte dos acidentes nas cidades acontecem por excesso de velocidade, por imprudência, combinação de álcool e direção, pelo uso do celular e por aí vai”, conta o especialista.
 
Já segundo a Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito de Goiânia (DICT), as principais vias de acesso, como a Marginal Botafogo, Marechal Rondon e Perimetral Norte, são os locais mais propícios para a ocorrência de acidentes graves. Até novembro deste ano foram registradas cerca de 190 mortes. Ainda segundo a DICT, os acidentes costumam acontecer do início da noite até o início da manhã e nos finais de semana.
 
No mesmo período, no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), foram registrados cerca de 7.300 atendimentos, mais de 5 mil cirurgias e mais de 170 mortes envolvendo acidentes de trânsito, com destaque para o excesso de velocidade.  Segundo a Secretaria da Saúde do Estado, nos últimos dois anos foram gastos quase R$ 14 milhões com internações envolvendo acidentes de trânsito em Goiás.
 
“Prazer pela velocidade” 
Existem muitas razões pelas quais os condutores transitam em uma velocidade excessiva. A pressa, a correria do dia a dia, gastar um menor tempo de viagem, a autoconfiança e o prazer pela velocidade são fatores que colaboram.
 
Especialista em psicologia do trânsito, Danielle Caetano conta que a sensação de prazer está diretamente ligada à infração. “O ser humano adquire um prazer pela velocidade, ela ocasiona uma sensação de poder, geralmente a pessoa que tem esse prazer é uma pessoa que já dirige e que tem uma habilidade com o veículo. O problema é que a velocidade não pode ser associada a essa sensação”, afirma.
 

Sensação de prazer é estimulo ao excesso de velocidade (Foto: Reprodução / lounge.obviousmag.org)
 
A maioria dos condutores se considera acima da média em termos de habilidade. Segundo uma pesquisa da OMS, cerca de 90% dos motoristas acham que exceder a velocidade permitida é de baixo risco. A psicóloga explica que a autoconfiança também é passada pelas montadoras dos automóveis quando lançam veículos potentes, com vários itens de segurança.

“Ao mesmo tempo em que os automóveis são fabricados com vários itens de segurança, existem muitas controvérsias. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, um veículo de categoria B pode trafegar no máximo a 110 km/h em rodovias, por exemplo. Porém, quando estamos em um carro possante isso contradiz e estimula a curiosidade do motorista para alterar e exceder a velocidade permitida”, conta. 
 
“É como se fosse uma vitória. Mas na verdade não existe competição, é coisa da cabeça das pessoas. Não se está levando em consideração a vida, que é o bem mais precioso”, alerta a especialista em trânsito. 
 
Tempo de reação
O excesso de velocidade aumenta o tempo necessário para a frenagem, eleva a probabilidade de o motorista perder o controle do veículo e diminui a capacidade dele se antecipar a possíveis acidentes. “No caso de uma direção defensiva, se o veículo estiver em alta velocidade, o motorista vai ter dificuldades para tomar uma decisão rápida. O tempo de reação é muito pequeno. Provavelmente o acidente vai acontecer”, alerta Gustavo Mota.
 
A distância de frenagem é a distância que um veículo percorre para conseguir parar antes de atingir um obstáculo. Segundo a Perkons, empresa que desenvolve e aplica tecnologia para a segurança no trânsito, a frenagem de um veículo depende do tempo de percepção do condutor, esse tempo pode variar entre 0,7 e 1,0 segundo.
 

(Imagem: divulgação)
 
Pedestres: os mais frágeis no trânsito
“O código de trânsito diz que os maiores devem cuidar dos menores. Por exemplo: um motorista de ônibus deve cuidar do motorista do carro, e o pedestre deve ser cuidado por todos”, destaca o educador de trânsito do Detran-GO ao sinalizar que quem anda a pé é o mais frágil.
 
A probabilidade de um pedestre ser morto se atingido por um veículo motorizado aumenta consideravelmente com a velocidade. Segundo informações do Hugo, neste ano foram registrados cerca de 50 mortes causadas por atropelamento.
 
De acordo com a Perkons, para um pedestre atropelado, o risco de morte gira em torno de 30% quando a velocidade é de 40 km/h, o risco aumenta para 85% quando se está a 60 km/h. E aos 80 km/h, a morte é praticamente certa.
 
Pedestres são mais frágeis no trânsito (Foto: Marcos Santos)  
 
“Para que o pedestre não se envolva em acidentes, ele deve tomar alguns cuidados, como atravessar na faixa, quando o semáforo não tiver uma botoeira eletrônica ele deve sinalizar para atravessar, estar sempre atento, não utilizar celular ou fone de ouvido, prestar atenção ao que está acontecendo na rua naquele momento”, pontuou o especialista do Detran-GO.
 
“O Detran-GO age no Estado inteiro, temos realizado trabalhos de educação para o trânsito nas escolas, apoiamos passeios ciclísticos. Fazemos campanhas anualmente, porém, não basta só a gente investir em educação de trânsito, é preciso ter consciência”, finaliza Gustavo Mota. 
 

Comentários

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  • 27.11.2015 10:33 Carla Lacerda

    Muito boa a matéria, realmente falta conscientização. Parabéns pelas matérias relacionadas ao tema.

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