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Acordo anterior era 'peça de propaganda', diz Eliton

Vice-governador foi só elogios para Dilma | 14.07.11 - 18:38 Acordo anterior era 'peça de propaganda', diz Eliton Presidente da Celg, José Eliton, rebateu críticas de Lula (Foto:Adalberto Ruchelli)

José Cácio Júnior

Atualizada às 20h40

Em uma troca de acusação que ainda está longe de acabar, o governo do Estado respondeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acusou o governador Marconi Perillo (PSDB), durante visita a Goiânia, de ter atrapalhado as negociações do empréstimo da Celg no ano passado, depois de ter sido eleito.

O governo montou uma verdadeira força-tarefa para responder o petista e o escolhido foi o vice-governador e presidente da estatal, José Eliton (DEM). Em um discurso que durou 12 minutos, Eliton criticou a forma superficial como Lula trata algumas questões e disse que o acordo negociado pelo ex-governador Alcides Rodrigues (PP) não passava de uma "farsa".
 
"Houve o ano passado, quando eu tinha feito um acordo com o governador Alcides e estava tudo resolvido. O então candidato eleito (Marconi) disse, em uma carta, que não ia pagar. Agora não sou mais presidente e não posso fazer nada. Fiz o que era possível e impossível antes de deixar a presidência. Houve ingerência política, mas é preciso perguntar de quem", disse Lula hoje (14/7), após sair do almoço da casa de Iris Rezende (PMDB). Até este momento o ex-presidente ainda não tinha citado o nome de Marconi em suas falas.
 
Eliton lembrou que era coordenador da equipe de transição quando Marconi encaminhou à Caixa Econômica Federal documento que listava 15 supostas irregularidades no contrato que era discutido entre Alcides e o governo federal. À época, Marconi afirmou que não cumpriria o acordo, caso fosse fechado.
 
"Sempre tratei essas questões (do empréstimo da Celg) com o viés absolutamente técnico. (...) Entendo que o sr. Lula foi extramamente infeliz nas declarações, tratando a questão com a superficialidade como é costumeira dele. Ele não entra jamais com profundidade técnica e solidez em seus argumentos. Busca apenas politizar matérias que não devem ser politizadas", criticou o presidente da Celg.
 
Acordo
Sobrou até para Alcides. O acordo negociado pelo petista previa empréstimo de R$ 3,728 dividido em três parcelas: a primeira de R$ 1,2 bilhão que seria liberada ano passado; e outras duas de R$ 1,5 bilhão e 1,028 bilhão que seriam liberadas em janeiro de 2011 e janeiro de 2012. A negociação ainda envolvia a liberação de um empréstimo-ponte — na verdade um adiantamento da segunda parcela — de R$ 800 milhões para quitar a dívida que do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da Celg com o Estado.
 
Para José Eliton, as negociações não passaram de "farsa" e que o contrato era "pernicioso" ao Estado. "A propagada oficial dizia que aquilo era uma operação para salvar a Celg. E este fato não é verdadeiro como já foi destacado no passado. Isso foi uma peça de propaganda, de publicidade. Isso sempre foi uma farsa. (...) Nós não sabíamos qual destinação seria dada a estes R$ 800 milhões. Não havia qualquer vinculação com o uso desses recursos."
 
Sem abrandar o tom das críticas, Eliton afirmou que o dinheiro do empréstimo teria a única finalidade de fechar as contas do governo Alcides. À época, segundo informações de bastidores, o governo poderia usar parte dos recursos para quitar a folha de dezembro. "Em verdade aquela operação tinha um único fim: tentar salvar o governo anterior do fracasso e do vexame que foi entregar o Estado sem conseguir sequer aperfeiçoar o ajuste fiscal". O tom de voz e a postura corporal do vice-governador também ditavam o tom das críticas.
 
Na opinião do vice-governador Lula presta um "desserviço" à população quando deixa de discutir o assunto da Celg baseado em dados técnicos. Eliton mandou um recado a Alcides, sem citá-lo, quando sugeriu que Lula escolhesse melhor suas amizades no Estado. "O ex-presidente deveria se atentar, inclusive, às companhias que ele tem no Estado de Goiás. Devia se atentar aos inúmeros processos que respondem as companhias que com ele andam hoje em dia."
 
Dilma
Ao mesmo tempo que Lula foi alvo das críticas, Eliton poupou a presidente Dilma Rousseff (PT), pupila do ex-torneiro mecânico. O presidente da Celg afirmou que a relação entre os governos estadual e federal é a mais respeitosa possível. O democrata lembrou a importância de discutir o assunto acima das questões partidárias e que a petista é presidente de todos os goianos.
 
Embora não tenha afirmado, a impressão é que o governo do Estado sabe e acredita que a divergência entre PT e PSDB irá atrapalhar as negociações sobre a Celg. Pouco depois de elogiar Dilma, durante entrevista coletiva, o presidente da estatal admitou estranhar o fato de o governo federal mudar de opinião, quando há seis meses estava disposto a emprestar quase R$ 4 bilhões para Goiás.
 
"Algumas coisas nos chamam a atenção. Há seis meses o governo federal estava disposto a emprestar quase R$ 4 bilhões. Hoje nós queremos resolver o problema sem aporte financeiro e muitas vezes encontramos dificuldades. Mas acho que isso é só um momento de análise da proposta. Espero e tenho convicção que o governo federal tratará esta questão de forma republicana. De forma a tratar os interesses de Goiás com o respeito que eles merecem."
 
O governo do Estado espera resposta do governo federal sobre a proposta feita para saldar as contas da Celg. Existe disposição de venda de até 49% das ações da companhia para arrecadar recursos, inclusive da iniciativa privada. Enquanto a Celg não quitar as dívidas com o governo federal e empresas do sistema elético, fica impedida de receber verbas de convênios federais e aumentar a tarifa do serviço, congelado há quatro anos.

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