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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
O produtor, roteirista e diretor Mike Flanagan já tinha duas minisséries de fantasma e casa mal-assombrada de enorme sucesso na Netflix (A Maldição da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly) quando decidiu mudar de tema para cultos e criaturas em A Missa da Meia-Noite. Apesar dos excelentes programas anteriores, a mudança brusca de marcha não parecia promissora pelos trailers.
O resultado, porém, entregue em enxutos sete episódios, pode ser superior às minisséries anteriores tanto em roteiro quanto em execução. A trama acompanha os moradores da pequena ilha Crockett, uma moribunda colônia de pescadores devastada por um acidente ambiental e, basicamente, pelo século XXI. Incomum para os EUA, a ilha é católica e extremamente devota. Com pouco mais de 100 habitantes, quem não vai à missa fica queimado (como é o caso do xerife da cidade, único muçulmano do lugar).
Tudo muda quando um novo padre chega na paróquia trazendo consigo um enorme baú e realizando milagres. Apesar de telegrafada para veteranos do terror, a série é perfeita para o público casual conquistado pelas minisséries anteriores e a mudança de temas traz uma lufada de ar fresco à série.
Melhor ainda: a série deixa subgêneros mais batidos – fantasmas, monstros – e entra em outro pouco explorado no audiovisual: o weird. Raramente traduzido como terror ‘esquisito’ ou ‘estranho’, o subgênero tem como filmes mais conhecidos o clássico O Homem de Palha (1973) e os recentes O Farol (2019), Aniquilação (2018) e Midsommar (2019).
Além de girar ao redor de cultos, tramas weird brincam com temas lovecraftianos e utilizam elementos do realismo fantástico como terror. Usando uma premissa e desenvolvimento simples, Missa da Meia-Noite apresenta muito destes elementos para um público leigo e gera empolgação por talvez, quem sabe, abrir portas para mais histórias que troquem o clichê por seres inomináveis e sonhadores cósmicos.