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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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Planet Hemp retorna com disco de inéditas potente após 22 anos

| 21.10.22 - 21:00 Planet Hemp retorna com disco de inéditas potente após 22 anos (Foto: divulgação)Os autointitulados “maconheiros mais famosos do Brasil” do Planet Hemp lançaram nesta sexta-feira (21/10) o álbum perfeitamente nomeado Jardineiros, o primeiro disco de inéditas da banda em 22 anos – último disco foi A Invasão do Sagaz Homem Fumaça, em 2000, logo antes de Marcelo D2 e BNegão decidirem se focar em carreiras solo.
 
Não tão surpreendente quanto a reunião da banda, que já se apresentava ao vivo desde 2016, é a potência e relevância do novo álbum após tantos anos. Suingado e dançante, o disco ainda bate forte no principal tema da banda - a descriminalização e legalização da maconha - como em outras pautas políticas relevantes do momento, como o aparelhamento político da religião e a disseminação incontrolável da desinformação.
 
Tanto que as duas músicas mais fortes do disco estão bem no comecinho: “Distopia” e “Taca Fogo” são um pé na porta adequado sobre os dias atuais. “Distopia” inclusive é a que traz os versos que resumem o álbum: “A onda dos caras é fazer com que geral acredite que só existe um único e exclusivo modo de vida nesse mundo: um modelo controlado por eles. Repense; reflita; recuse; resista”, com direito a um aceno ao Sepultura dos tempos de Max Cavalera.

 
Já “Taca Fogo” faz críticas diretos ao bolsonarismo e abre com uma inserção da Rádio Libertadora de quando a ALN de Marighella tomava rádios no interior do país (há uma inserção semelhante em “Mil Faces de um Homem Leal”, dos Racionais MCs).
 
Na sequência, vem as três músicas mais dentro da pauta da descriminalização e quase funcionam como uma só canção: “Puxa Fumo”, “O ritmo e a raiva” e “Jardineiro”, repetindo inclusive o mesmo lema de Usuário (1995): “não compre, plante”.
 
A segunda metade, ou o lado B do disco, é menos agitado e, embora aborde os mesmos temas, não são canções com a mesma força. Apesar de não ter nenhum clássico instantâneo como “Legalize Já”, “Mantenho o Respeito” ou “Ex-Quadrilha da Fumaça”, Jardineiros é um disco necessário e que traz uma das mais importantes bandas do rock/rap nacional de volta para os holofotes e em plena forma.


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