Pedro Peralta
Goiânia - Ainda existe, para muitos, o estigma de que o trabalho na construção civil é reservado para os homens. No entanto, as obras no Jockey Club de São Paulo (JCSP) mostram o contrário: o restauro da histórica estrutura surge como uma oportunidade para valorizar a igualdade de gênero no ambiente profissional, além de evidenciar que canteiro de obras também é coisa de mulher.
Um bom exemplo é a história de Alex Sandra de Castro, de 30 anos, restauradora de serralheria e ferragens que atuou no resgate da caixilharia de algumas estruturas do JCSP. Ainda que, atualmente, ela seja reconhecida na área, sua trajetória na construção começou por acaso. “Fui ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), onde queria fazer um curso. Havia o de serralheria e foi o que fiz”, explicou.
Alex, como prefere ser chamada, mora em Manaus (AM), onde já trabalhou na restauração do mercado, uma construção em ferro do século XIX. Em sua primeira obra em São Paulo, a profissional explica que não se incomoda em estar em um alojamento com 12 rapazes. “Antes de trabalhar com ferro, era atendente numa pizzaria em Manaus. Prefiro lidar com as peças de ferro que com o público”, lembra a piauiense de nascimento.
Apesar da rotina puxada e do trabalho duro, a restauradora também fala que não se importa de trabalhar em meio à sujeira, à poeira e ao preconceito. Sobre as mãos grossas e unhas quebradas pelo manejo do ferro, Alex diz que isso não significa nada. “Nunca fui mesmo de fazer as unhas”, conclui.
Tido como um dos maiores complexos em arte déco, o Jockey Club de São Paulo está passando por um processo minucioso de restauração que envolve tanto sua estrutura, como o mobiliário. As obras são coordenadas pela Elysium Sociedade Cultural e buscam recuperar as características originais do espaço.