Carolina Pessoni
Goiânia - A região central de Goiânia conta a história cultural e arquitetônica da cidade. Localizado na Praça Universitária, um só prédio faz referência a essas duas áreas, sendo um marco tanto da arquitetura como da narrativa da cultura da Capital: a Biblioteca Municipal Marieta Telles Machado.
Antes de fazer parte de uma das maiores e mais importantes praças da cidade, a biblioteca municipal passou por diversas fases e gestões. Inicialmente ela foi criada como Biblioteca da Academia Goiana de Letras (AGL), na gestão de Colemar Natal e Silva, o então presidente da instituição. No Batismo Cultural de Goiânia, consta de seu programa a transformação da Biblioteca privada para pública, por ato do Governo, quando passou a receber o nome de Biblioteca Pública Dr. Pedro Ludovico Teixeira.
Em 10 de julho de 1942, o nome foi mudado por um decreto lei e passou a ser Biblioteca Pública do Estado de Goiás que, por força da Constituição Estadual de 29 de julho de 1947, foi transferida para o Município. Em 12 de maio de 1949, a biblioteca foi integrada ao patrimônio Municipal de Goiânia com todo o acervo e funcionários transferidos para o Município de Goiânia. O seu primeiro diretor foi o bibliotecário José Peres Fontenelle dos Santos, que exerceu a função até 1962.
(Foto: Letícia Coqueiro)
O endereço de funcionamento, entretanto, não foi o mesmo desde sua criação. Sua primeira sede foi no Museu Zoroastro Artiaga, na Praça Cívica. Em 1963 foi transferida para a Rua 1 esq. com Av. Goiás e, em seguida, para a Avenida Anhanguera, próximo à Alameda Botafogo.
A transferência para o chamado Palácio da Cultura, na Praça Universitária, - onde funciona até hoje - aconteceu somente em 1981. A mudança do nome ocorreu em 1987, pela Lei nº 6.541, passando a se chamar Biblioteca Municipal Marieta Telles Machado, em homenagem à escritora, que também foi poetisa, cronista, memorialista, documentarista, ensaísta, conferencista, produtora de cultura e conhecedora das artes em geral.
Palácio da Cultura
Não somente a biblioteca como instituição carrega sua história, mas também o seu prédio. Antes de ser um local de livros e estudos, o edifício foi um lugar projetado para exposição de artes, com um espaço para um bar-café no seu piso superior, chamado Palácio da Cultura.
O projeto do edifício é dos arquitetos Heitor Ferreira de Sousa, José Magalhães Junior e Massimo Fiocchi e foi inaugurado em 28 de julho de 1968. "O objetivo era acompanhar o paisagismo e o desenho da praça, de autoria de Waldemar Cordeiro. O projeto é belíssimo e foi premiado no 17º Salão de Arte Paulista", explica o diretor técnico do Museu de Arte de Goiânia (MAG), Antonio Da Mata.
A grande exposição de inauguração foi lançada em 20 de outubro de 1970 e a primeira diretora do museu foi a artista plástica Maria Guilhermina. Com o tempo, entretanto, foi-se percebendo que o local não comportava um museu, pois não havia espaço para a reserva técnica necessária para as exposições.
(Foto: Letícia Coqueiro)
Foi então que o Museu de Arte de Goiânia foi transferido para o Bosque dos Buritis, em 1981. A partir de então, o Palácio da Cultura deu lugar à Biblioteca Pública Municipal, que depois passou a levar o nome de Marieta Telles Machado.
"Este prédio é de um requinte sem igual, integra o movimento da praça. É um verdadeiro monumento arquitetônico, diferente de todas as construções modernas", destaca Antônio Da Mata.
O diretor técnico do MAG ressalta ainda que o espaço é repleto de diferentes perspectivas e movimentos, que mudam conforme o olhar do espectador. "É realmente muito interessante. É um prédio importantíssimo para Goiânia que poderia ser usado como uma área de exposição, mas fico feliz que seja um espaço utilizado para a cultura", ressalta.
O prédio atual da biblioteca tem em duas de suas paredes externas obras de dois artistas muito importantes para Goiás. Do lado direito de quem entra no prédio está a obra de Luís Olinto, intitulada Rio Araguaia, onde foi utilizada a técnica terracota vitrificada. Do lado esquerdo está a obra de Américo Souza Neto, intitulada Movimentos de Tartarugas, feita de argila.
Acervo
O acervo da biblioteca é constituído por mais de 140 mil volumes, contendo obras gerais de literatura brasileira e estrangeira, literatura infanto-juvenil, obras de escritores goianos, periódicos, diversas coleções de referência, materiais pedagógicos e obras raras.
O acesso é livre para a população, sem restrições de idade. O espaço é aberto à comunidade em geral para consultas e permite o empréstimo domiciliar aos usuários vinculados à Biblioteca, que possuem cadastro.
Serviço:
Biblioteca Marieta Telles Machado
Endereço: Praça Universitária, Setor Universitário
Telefone: 3524-1786 / 3524-1787