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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Estamos em 2023 e a escalada de violência nas escolas trouxe de volta um bode expiatório convencional que de tempos em tempos dá as caras para justificar o comportamento antissocial da juventude: os videogames.
Esse argumento sempre foi raso e sem sentido, além de derrubado cientificamente, mas agora ele faz ainda menos sentido. Sim, videogames estão sendo usados como plataforma de recrutamento, mas não, as principais plataformas utilizadas não são os infames e genéricos "jogos violentos” de sempre, e sim jogos infantis. Minecraft, Roblox e Fortnite são os principais, mas não os únicos.
E como sempre, o problema não são estes jogos, que são inclusive bem legais e que ajudam no desenvolvimento criativo e social da garotada. O problema são os aliciadores que sabem beber dessa fonte e encontrar as crianças e adolescentes maduros para o radicalismo. O mesmo processo acontece no Tik Tok e no Discord, muito mais do que no Twitter, sem contar os chans que operam sem qualquer tipo de moderação.
Porque o fato é que o buraco é muito mais embaixo. Questionar os termos de uso do Twitter e colocar seguranças e detectores de metal nas escolas são medidas válidas, mas estão longe de ser balas de prata.
É hora de tirar o elefante nazista da sala e admitir que estamos lidando com questões muito mais graves e profundas. Medidas de reforço de segurança podem impedir novos ataques de fato, mas também é preciso pensar em estratégias para que eles deixem até mesmo de ser planejados em primeiro lugar.
E não, a radicalização de jovens, principalmente adolescentes homens, não existe no vácuo: é tolo e irresponsável ignorar que o aumento destes casos está ligado de forma perene a movimentos masculinistas e neofascistas on-line.
O bullying e a negligência parental sem dúvida estão na raiz de sentimentos de isolamento e ressentimento, mas não são os detonadores que levam a um ataque violento premeditado.
É preciso discutir e aplicar de forma ampla processos de inclusão e desradicalização e oferecer a estes jovens espaços e ferramentas de escape e expressão.
Não há resposta fácil. Os EUA lidam com essa questão desde o massacre de Columbine em 1999: mais de 20 anos se passaram e os casos de terrorismo doméstico por lá ainda são quase diários. Em 2022, foram 647 ataques por lá segundo a organização Gun Violence Archive. Em 2023, foram 145 casos registrados até agora.
Não sei qual é a saída, mas sei que ela não está ao alcance de uma canetada.