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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
(Foto: divulgação)Estreou sem alarde nem fanfarra na HBO Max uma das melhores séries do ano: Planeta dos Abutres. A série animada, além de um visual incrível e que remete sutilmente aos desenhos de ficção-científica dos anos 1960, é uma verdadeira aula de como contar uma história weird. A trama acompanha os sobreviventes de um cargueiro espacial que acabam presos no planeta Vesta Menor: um ambiente completamente hostil e alienígena em que eles precisarão lutar para conseguir ir para casa.
A premissa é simples, mas a execução e o desenvolvimento de seus personagens são os grandes destaques. O planeta em si acaba sendo um grande personagem por quão radicalmente alienígena ele é: nada funciona como esperado e, ao mesmo tempo, ele e suas criaturas não são boas nem más. A série coloca esses humanos, muito técnicos, muito capazes, muito civilizados, simplesmente em um estado natural, o que, para os nossos padrões comunitários atuais, totalmente alienados da natureza e de modos de vida tradicionais, impõe um desafio letal.
A série tem sido comparada a algumas obras que podem ajudar a dar uma ideia do seu desenvolvimento, embora seja única o suficiente para não ser possível apontar uma influência óbvia e direta. Sua estranheza tem remetido os críticos à Apocalypse Now e o livro que o inspirou, O Coração das Trevas, assim como Aniquilação, de Jeff Vandermeer e suas sequências e principalmente aos filmes amazônicos de Werner Herzog: Aguirre, a Fúria de Deus e Fitzcarraldo. Todas as obras apresentam pessoas muito “civilizadas” se degenerando quando confrontadas com a realidade natural.
E é aí que está a genialidade desta produção. Estes personagens não precisam salvar o mundo, não possuem superpoderes nem tecnologias indistinguíveis da magia: são apenas humanos tentando sobreviver. A simples base comum da sobrevivência não somente os iguala como é o que abre o leque para os questionamentos e ideias filosóficas apresentadas e que vão ao cerne do que significa ser humano, moral e, principalmente, racional.