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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Jeffrey Wright, indicado ao Oscar como o escritor Monk (Foto: divulgação)Estreia na Amazon Prime Video no próximo dia 27 de fevereiro o indicado ao Oscar de Melhor Filme Ficção Americana. O longa de estreia de Cord Jefferson tem 94% de aprovação no Rotten Tomatoes, venceu o festival de Toronto e também disputará outros quatro prêmios da Academia no dia 10 de março, entre eles Melhor Ator para Jeffrey Wright e Melhor Ator Coadjuvante para Sterling K. Brown.
E o filme faz por onde! Baseada no romance Erasure, de Percival Everett, a trama acompanha Monk, um escritor negro que não consegue mais publicar, nem ser um best-seller supostamente por não abordar temas relevantes para a comunidade afro-americana. Revoltado, ele escreve sob um pseudônimo a obra mais caricata, derivativa e preconceituosa possível: e imediatamente se torna o autor mais vendido do ano.
O longa critica de forma inteligente, sutil e engraçada a obsessão, especialmente do público liberal e branco dos EUA, de consumir vorazmente apenas histórias negras que sejam estereotipadas: cheias de violência, trauma e racismo, confinando a realidade de milhões de pessoas a uma caixinha terrível de tragédias.
Como uma forma de ilustrar e contrabalancear isso, a outra face do filme é ocupada por um envolvente drama familiar: o pai de Monk se matou recentemente e sua mãe acaba de ser diagnosticada com Alzheimer; seu irmão passou por um divórcio terrível e mais coisas ainda estão prestes a acontecer.
Monk e sua família também são suburbanos de classe média alta, com carreiras e diplomas caros, tomando vinho o tempo todo, completamente estranhos ao clichê de favelados violentos reproduzido frequentemente nas telonas. É o jeitinho do filme de mostrar que existem outros dramas e outras realidades e experiências negras fora do gueto e que é possível criar tramas engajantes fora daquela caixa.