Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351
Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Ella Purnell como Lucy (Foto: divulgação)A adaptação da série de videogames Fallout pela Amazon Prime parecia uma empreitada fadada ao fracasso: nova produção de Jonathan Nolan e Lisa Joy após seu projeto anterior, Westworld, ser cancelado sem final; novo projeto do Prime após a série Os Anéis de Poder, uma das mais caras da história, ser detonada pela audiência e pela crítica; e primeiro projeto de adaptação do estúdio Bethesda após o lançamento catastrófico dos seus dois últimos jogos, Starfield e Fallout 76.
E, apesar disso, Fallout é boa. Muito boa. Com seu sucesso, a primeira temporada de oito episódios entra no mesmo panteão de The Last of Us de adaptações de videogames que conseguiram furar a bolha dos fãs, atingindo o público geral, o que é excelente por si só, mas que chama atenção por quão estranha esta nova série é.
O primeiro game da franquia foi lançado em 1997 e desde então ganhou diversos títulos. A série, que se passa nos EUA após um apocalipse nuclear, é temática e esteticamente inspirada nos anos 1950 e no auge da paranoia da Guerra Fria, ao mesmo tempo em que possui um humor sombrio e nonsense, tudo que contribui para a formação de um mundo e uma mitologia inteiramente únicos.
O maior acerto da adaptação foi conseguir transportar esse humor peculiar e toda a unicidade da franquia de jogos diretamente para o streaming. A trama se passa 219 anos após o fim do mundo e acompanha a ingênua Lucy (Ella Purnell), criada em um dos refúgios: gigantescos abrigos subterrâneos onde gerações vivem desde que as bombas caíram sem contato com a superfície.
Após um evento trágico, Lucy é forçada a sair do refúgio e a encarar os perigos do mundo exterior. O resultado é uma trama envolvente com boas reviravoltas, personagens envolventes e um cenário complexo e intrigante cheio de facções e aventura. Fallout é uma série engraçada, é divertida e até, em alguns momentos, pensante.
Diversos temas políticos e filosóficos importantes aparecem nos jogos desde sempre, desde questões existenciais sobre a natureza humana a limites da ideologia. Na série de televisão, porém, optaram por tornar estes temas mais óbvios e menos sutis do que nos jogos, o que foi uma escolha excelente: em tempos de fake news, terraplanismo e fascismo galopante, é bom transmitir mensagens alto e claramente.
A ironia nisso é que, assim como Ruptura, temos mais uma série com uma mensagem anticapitalista forte feita por duas das maiores e mais corruptas megacorporações do mundo, salientando como absolutamente tudo pode ser vendido, até as mensagens antissistema.