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Eliane de Carvalho .
Eliane de Carvalho .

Eliane de Carvalho é jornalista e mestre em Rel. Intern. Foi repórter na CBN e em programas de TV da Globo, Band e Cultura; comandou programa de entrevistas na TV Câmara SP; apresentadora de telejornal na TV Alesp e correspondente do SBT, na Espanha. / jornalistas@aredacao.com.br

INQUIETUDES

O poder transformador da escrita

| 02.05.25 - 12:12 O poder transformador da escrita (Foto: divulgação)
A coluna INQUIETUDES nasceu a partir de uma vontade pessoal de escrever sobre temas da atualidade, que me causam inquietação, mas acredito provocarem o mesmo sentimento em outras pessoas. Escrevo na primeira pessoa do singular, com um viés jornalístico, mas também com o foco na primeira pessoa do plural.
 
Tenho tratado aqui de questões muito pessoais, como o luto com a morte da minha mãe.
 
Um dia, ouvindo o Podcast da Semana, produzido pela Revista Gama - aliás sou fã desse formato de comunicação e ouvinte assídua de podcasts - descobri que o que venho fazendo na coluna INQUIETUDES tem um nome: “escrita de si”. 
 
Esta prática foi tema de estudo do filósofo francês, Michel Foucault, mas remonta a um exercício praticado por gregos e romanos, na antiguidade. A escrita da própria memória, em busca de elementos para a elaboração de traumas e como lidar com eles. 
 
"Vivemos em sociedade e quando alguém escreve sobre o que viveu, escreve também sobre seu grupo social, racial e seu gênero. A escrita na primeira pessoa é universal, porque mergulha em temas que as pessoas vivenciam, em diferentes lugares do mundo", disse a jornalista, escritora e pesquisadora Bianca Santana à jornalista Isabelle Moreira Lima, no Podcast da Semana.
 
Ler quem pratica a “escrita de si” traz a possibilidade de compreender melhor o outro e a si próprio. Ao nos depararmos com as sombras e contradições do outro, mergulhamos no que não é fácil de lidar em nós mesmos. Muito diferente do ideal de perfeição propagado pelas redes sociais. 
 
A “escrita de si” está em diferentes manifestações. Em gêneros literários, como a autobiografia, a crônica, a poesia; em um artigo de jornal, um diário, uma carta, um e-mail e até em uma mensagem de whatsapp.
 
Me chamou particularmente a atenção, um aspecto da “escrita de si” sobre as relações de poder, estudado por Foucault. Segundo ele, este tipo de escrita é uma forma de resistência à maneira como os poderes sociais, políticos e de narrativas tentam normatizar os indivíduos, através de instituições como a escola, a medicina ou a prisão. 
 
Numa sociedade, onde somos constantemente “vigiados”, a "escrita de si" é um modo da pessoa apropriar-se de si mesma, contra formas de controle impostas pelas estruturas de poder, que tentam definir quem somos. Através da “escrita de si”, os indivíduos agem sobre si mesmos para transformar seus pensamentos e modos de vida. 
 
A "escrita de si" é uma ferramenta que não interessa a quem está no poder. Vide a perseguição às universidades pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e o projeto da extrema direita brasileira de enquadrar as escolas públicas no modelo militar. 
 
 
 


Comentários

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  • 03.05.2025 21:22 Cristiane de Carvalho Melo

    "A escrita de si" é um respiro, uma fuga do modelo que a sociedade atual nos impõe. Obrigada por esclarecer.

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Eliane de Carvalho é jornalista e mestre em Rel. Intern. Foi repórter na CBN e em programas de TV da Globo, Band e Cultura; comandou programa de entrevistas na TV Câmara SP; apresentadora de telejornal na TV Alesp e correspondente do SBT, na Espanha. / jornalistas@aredacao.com.br

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