Jales Naves
Especial para A Redação
Goiânia - O documentário “Carreiros, candeeiros e seus carros de bois: Os saberes e fazeres em épicas jornadas à romaria do Divino Pai Eterno em Trindade, Goiás”, do cineasta Pedro Diniz, foi exibido na manhã desta terça-feira (24/6), no auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, e muito aplaudido pela seleta plateia presente. O filme tem como tema central a tradicional cultura dos carros de boi e seus muladeiros, foi realizado pela produtora Altosplanos Produções Audiovisuais e contou com apoio financeiro da Lei Federal Paulo Gustavo, operacionalizada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Ao abrir a iniciativa, o presidente do IHGG, Jales Mendonça, destacou a preocupação do Instituto em oportunizar a apresentação de todas as manifestações artísticas e culturais em seu espaço e a sua valorização, criando um circuito cultural de expressão para a sociedade goiana. Na ocasião, foi lançado o catálogo de fotografias “Carreiros – Vivências de fé nas estradas da romaria”, do fotógrafo Lázaro Neves, falecido no sábado; formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em 1995, em seus mais de 25 anos de trajetória registrou “com sensibilidade momentos marcantes da cultura, política e cotidiano brasileiro”. Atuou em veículos como as revistas “Casa e Flora” e “Flora Mulher” e jornal “Diário da Manhã”, de Goiânia, e revista “Foco”, de Brasília, além de ter suas imagens premiadas e expostas em São Paulo, Viena e Gramado.
O filme destaca a viagem dos carros de boi a partir da cidade de Abadiânia, GO, que fica a 136km de Trindade, e dura em torno de oito dias, numa média de 15km/dia. Registra a longa caminhada, passando por fazendas e vias secundárias, para evitar as rodovias com rápida e perigosa movimentação de veículos. Ainda, as paradas, os pousos e depoimentos de seus integrantes, de crianças a adultos. Muitos dos carros tinham quatro juntas, com dois bois cada uma.
Carreiros
O documentário mostra ainda a trajetória de carros de boi de diversas cidades em direção à Festa do Divino Pai Eterno, de Trindade, considerada Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O diretor Pedro Diniz ressalta que esta é a primeira vez que essa cultura é explorada tão a fundo. “Até então, não se tinha um documentário que revelasse toda a saga dos carreiros. Os momentos de preparação e reparação dos carros de boi, a confecção das ‘matulas’, o envolvimento familiar, a labuta, os vários pousos desde a saída das suas cidades de origem até a chegada ao Divino Pai Eterno e a participação na missa dos carreiros”, explica.
O desenvolvimento do projeto teve início em 2014 com o registro sistemático, em imagem e som, do movimento dos carros de boi desde a região do entorno do Pico dos Pireneus até a cidade de Trindade. O material deu origem a dois curta-metragens: “Ainda Existe” (2015) e “A Caminhada da Fé” (2018). E, no final de 2024, ao filme documentário exibido no IHGG.
Diretor
Pedro Diniz é natural de Belo Horizonte e fez sua carreira como cineasta documentarista na região do Planalto Central, concentrando sua atenção nas múltiplas manifestações da cultura popular dos povos cerratenses. Sua trajetória acadêmica passa pela Universidade federal de Goiás, onde se formou como bacharel como Comunicador Social (1995); na Pontifícia Universidade Católica de Goiás concluiu o curso de especialização em Relações Internacionais (2009) e recentemente concluiu o curso de mestrado profissional em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio na Universidade Estadual de Goiás (2022).
Como educador lecionou na Faculdade Cambury, Faculdade Sul Americana, Universidade Estadual de Goiás – Campus Laranjeiras e Instituto Federal de Goiás – Campus Cidade de Goiás, em disciplinas desde a criação de roteiros, formulação e formatação de projetos culturais, técnicas de edição e captação de imagem e som para o cinema e audiovisual. Enquanto articulador de políticas públicas para o segmento audiovisual, ocupando o cargo de diretor da Associação Brasileira de Documentarista, Seção de Goiás, implantou a mostra competitiva de filmes produzidos por cineastas goianos, paralela à realização das edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) desde 2001.
Como empreendedor no segmento do audiovisual, além de produzir filmes documentários para instituições privadas e públicas, realiza o Festival de Cinema e Memórias Cerratenses (2021 e 2022) na Cidade de Goiás, onde reúne produtos audiovisuais da região Centro-Oeste. Nas redes sociais e plataforma do YouTube mantém canais de interlocução e exibição de sua constante produção audiovisual no segmento de filmes patrimoniais desde 2014. Em 2022 recebeu o título honorífico de Cidadão Vilaboense pela Câmara de Vereadores da Cidade de Goiás e foi eleito Sócio Correspondente do IHGG. É professor na cadeira de cinema e audiovisual do curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual e curso técnico integrado de produção de áudio e vídeo do Instituto Federal de Goiás, campus cidade de Goiás.
Exibição do documentário (Foto: Lays Carvalho de Araújo)
