Yuri Lopes
Goiânia – Representantes dos setores produtivo e de serviços de Goiás participaram, na manhã desta sexta-feira (3/4), da
webconferência Gestão de Crise. Promovida pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), a discussão on-line concentrou todas as expectativas sobre o decreto que o governador Ronaldo Caiado vai anunciar nesta tarde, e que definirá novas regras para o período de isolamento social no Estado diante da pandemia do novo coronavírus.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, disse durante a webconferência que o decreto será um “divisor de águas” para o futuro econômico do Estado. E afirmou que vem dialogando intensamente com o governo estadual sobre a necessidade de atender as demandas do setor. “Nossa briga com o governo sempre foi a seguinte: precisa ter respirador para quem vai estar com a doença, só que nós temos 650 mil CNPJs que também precisam de oxigênio”.
Segundo Sandro Mabel, durante esses 15 dias de fechamento de comércio, determinados a partir de um decreto que se estenderia até este sábado (4/4), cerca de 150 mil pequenas empresas já fecharam as portas. “Pararam as atividades porque viram que não conseguiriam continuar, e fizeram acertos com funcionários”, relatou.
Diante do cenário, o presidente da Fieg disse que alguns empresários já retomaram as atividades, mesmo com o decreto proibindo tal atividade. E que se não houver flexibilização por parte do governo, “a desobediência vai acontecer de uma forma mais radical”. Afirmou ainda que a Fieg criou uma plataforma virtual, desenvolvida em parceria com a Fecomércio e IEL, que pode auxiliar o governo no controle da reabertura gradual do comércio, atribuindo responsabilidades aos empresários, como não demitir funcionários do grupo de risco.
Presidente da Adial Goiás, Otávio Lage Filho opinou que entende a preocupação do Governo de Goiás em realizar um isolamento social eficaz contra o avanço do novo coronavírus, mas disse que há “falta de ação” no que diz respeito à atividade econômica. Citou, como exemplo, o Fundo Protege, que segundo ele a partir de abril será cobrado 16,5% “no momento em que as empresas estão enfrentando dificuldades, demitindo pessoas e deixando de faturar”.
“Vários setores industriais estão tendo dificuldades, e é importante governo dialogar para que a gente possa encontrar um caminho, um meio termo entre o combate ao coronavírus e a atividade econômica”, explicou Otávio Lage, ao mencionar o agronegócio. “Está funcionando, mas com problemas. O setor está produzindo, mas não tem quem consuma”.
Quem também participou da webconferência foi o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, que chamou o atual cenário do setor produtivo de “pandemia econômica”; e a superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Dina Batista, que falou sobre a negociação para tentar prorrogar impostos como o IPTU e ISS. O debate on-line teve mediação da gestora regional da Amcham, Anessa Caparelli.