José Cácio Júnior
Citado em um suposto envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para atrapalhar as reformas do Parque Mutirama, em reportagem do site Brasil 247, o vereador Elias Vaz (PSol), ao lado dos colegas vereadores Santana Gomes (PSD), Maurício Beraldo (PSDB) e Geovani Antônio (PSDB), explicou nesta terça-feira (27/3) que se reuniu com Cachoeira e o ex-vereador Wladmir Garcez (PSDB) a pedido do chefe de gabinete do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), Cairo de Freitas. Cachoeira, Wladimir Garcez e outras 80 pessoas foram indiciadas depois da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, por envolvimento com jogos de azar.
A reportagem do site sustenta ligações telefônicas entre Cachoeira e o delegado da Polícia Federal (PF) Fernando Antônio Hereda Byron Filho entre os dias 8 e 15 de agosto de 2011. Nas conversas relatadas pela matéria, Cachoeira pede que o delegado atue nas ações do Parque Mutirama. A matéria ainda sugere que Elias Vaz denunciou suposto superfaturamento na compra dos brinquedos para o Mutirama no mesmo dia das conversas entre Cachoeira e o delegado.
Elias negou, em entrevista coletiva, que tenha feito as denúncias a pedido de Cachoeira. O vereador explicou que apontou supostas irregularidades na licitação no dia 17 de janeiro de 2011. A representação foi encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF), já que as obras da construção da plataforma que liga os parques Mutirama e Botafogo e o túnel da Avenida Araguaia são feitas com recursos federais.
A denúncia feita em agosto, explicou Elias, foi sobre a compra dos brinquedos para o parque, adquiridos com recursos da prefeitura. A denúncia, então, se relacionava ao Ministério Público Estadual (MP). "A denúncia que eu fiz no mesmo dia foi sobre os brinquedos e não tem nada a ver com a Polícia Federal", alegou Vaz.
Reunião
Os vereadores também contaram sobre o pedido de reunião solicitado por Cairo de Freitas. Segundo Santana Gomes, o ex-presidente da Câmara de Goiânia Wladmir Garcez o ligou em nome de Cairo marcado a reunião. O encontro seria para discutir um acordo sobre as denúncias que a oposição apontava ao Mutirama.
Garcez foi preso ao lado de Cachoeira no final de fevereiro pela Operação Monte Carlo da PF do Distrito Federal (PF). As investigações apontam Cachoeira como mandante de uma quadrilha especializada em jogos de azar. Garcez seria o braço direito do empresário no grupo.
"Fui procurado pelo Wladmir a pedido do Cairo de Freitas. O Paço Municipal tinha pesquisa que mostrava o desgaste do caso Mutirama", explica Santana. Segundo o vereador, a reunião foi marcada na sua residência, pois Cairo não queira aparecer na Câmara, nem os parlamentares estavam dispostos a irem à prefeitura.
No entanto, Elias e Santana afirmaram que, no dia da reunião, Wladmir e Cachoeira chegaram à casa de Santana sem que isso tivesse sido combinado. De acordo com os vereadores, na reunião, Cachoeira falava que era importante entrar em um acordo para que as obras do Mutirama fossem concluídas e não pediu para que fosse organizado um dossiê contra o complexo turístico, como o site Brasil 247 mostrou.
No entanto, apesar dos esforços, Cairo e os vereadores não chegaram a um acordo. Santana conta que a prefeitura não quis atender a alguns pedidos dos parlamentares, como retirar alguns brinquedos que Elias Vaz considerava terem sido foco de superfaturamento. "Eles não tinham interesse em mudar e queria que a gente acreditasse que aquilo era verdade", conta Santana.
Nota
Em nota divulgada no final da tarde desta terça-feira (27/3), a prefeitura de Goiânia confirmou o encontro de Cairo com os vereadores. "Seu [Cairo] único objetivo era colaborar com a administração da qual faz parte", informa a nota.
No entanto, a nota não explica o motivo de auxiliares da prefeitura de Goiânia terem solicitado ajuda de Cachoeira e Wladmir Garcez, que não possuem vínculo direto com o Paço Municipal.
Ligação
Relacionado em conversas com Cachoeira, Elias Vaz não negou que o conheça. No entanto, ele afirmou que conversou poucas vezes com o empresário. "Não tenho razão para mentir que eu conhecia o Cachoeira", disse Elias. O vereador também acredita que a sua relação com o empresário tenha a ver com o período eleitoral, já que ele é pré-candidato à prefeitura de Goiânia. "Na minha opinião [a reportagem do Brasil 247] o que estava em pauta era eleição", resume o vereador.
