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CIÊNCIA

Pesquisadores da UFG sintetizam nanopartícula que trata câncer com calor

Descoberta é alternativa não invasiva | 21.05.21 - 20:41 Pesquisadores da UFG sintetizam nanopartícula que trata câncer com calor (Foto: divulgação/Fapeg)A Redação
 
Goiânia – Um grupo de pesquisadores do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (UFG), liderado pelo professor Andris Bakuzis, sintetizou uma nanopartícula magnética feita de materiais chamados teranósticos, com aplicações simultâneas em tratamento e em diagnóstico do câncer, com mínima toxicidade.
 
“Desenvolvemos uma nova nanopartícula que tem potencial para ser usada como um termômetro, ou seja, pode monitorar essa entrega de calor”, destaca Bakuzis. Para ele, esse é um importante avanço, porque demonstra que esse tipo de nanocarreador multifuncional sintetizado pode ser utilizado em nanotermometria luminescente, o que permite o monitoramento dessas nanoterapias térmicas, de forma não-invasiva. “Espera-se com isso aumentar a eficiência desse tratamento que depende dessa dose térmica para o sucesso do monitoramento”, explica ele.
 
“Estamos aprimorando ainda mais esse sistema para fazer estudos in vivo, inclusive em modelo tumoral metastático”, ressalta o pesquisador. As pesquisas são realizadas junto ao Núcleo de Nanomedicina Térmica, que é um projeto que conta com financiamento do Governo de Goiás por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).
 
A equipe desenvolveu um nanocarreador multifuncional à base de óxido de ferro dopado com zinco e manganês visando aplicação no tratamento, em condições clínicas, por hipertemia magnética (HM) – tratamento oncológico que usa o calor para destruir as células-alvo com câncer.
 
A nanopartícula magnética multifuncional pode gerar e monitorar calor (em tempo real) durante a terapia térmica. Os autores demonstraram que essa nova nanoestrutura tem aplicações interessantes também em terapia fototérmica, o que possibilita aplicações mais profundas no corpo do paciente por meio de laser, assim como tem potencial para monitoramento da entrega de calor de forma não invasiva por meio de nanotermometria luminescente.
 
O grupo está trabalhando, pensando também no tratamento de pacientes metastáticos. Os pesquisadores estão investigando aplicações do material diretamente no tumor e outras aplicações no sistema circulatório.
 
“Vacina”
 
Andris Bakuzis explica que a expectativa é que este tratamento possa gerar uma ativação do sistema imune do paciente, levando a um efeito semelhante a uma vacinação, o que é chamado de “in-situ vaccination”, que pode ser realizado com as nanopartículas. O grupo do professor Bakuzis conta com estudos avançados neste sentido, mas ainda sem publicações.
 
“Nosso grupo está tentando entender como ativar a resposta imunológica por meio do controle dessa temperatura. Curiosamente, a ideia é que um tratamento local pode ativar o sistema imunológico, permitindo o reconhecimento de células tumorais pelo sistema imune do paciente. Nesse caso as células T aprendem a reconhecer o tumor, e ao encontrá-lo em outras regiões ataca o mesmo. Na literatura chamamos esse fenômeno de efeito abscopal”.
 
O professor comemora ainda a oportunidade de contribuir com a formação de profissionais qualificados, especialistas nesta promissora técnica de nanomedicina. “Esperamos que este resultado fortaleça a pesquisa e o conhecimento para o tratamento oncológico, contribuindo de forma efetiva no combate dessa doença que constitui um grave problema de saúde pública em todo o mundo”, conclui.


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