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Meio ambiente

Professor fala sobre Cerrado goiano em aula magna no México

Estudioso abordou perda da biodiversidade | 24.06.23 - 10:56 Professor fala sobre Cerrado goiano em aula magna no México (Foto: reprodução)Jales Naves
Especial para A Redação
 
Goiânia – O processo de ocupação de uma região de floresta tropical, mais conhecida como Mato Grosso de Goiás, a partir da análise das políticas de colonização entre 1930 e 1950. Essa foi a base da aula magna, com o tema “Geografia e História Ambiental na América Latina: Estudos sobre o Brasil Central na primeira metade do século XX”, que o professor doutor Sandro Dutra e Silva, pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Ação Universitária da Universidade Evangélica de Goiás, proferiu na quinta-feira, dia 22, no XI Simpósio da Sociedade Latino-americana e Caribenha de História Ambiental, em Morelia, México, que se encerra neste sábado (24/6).
 
Ancorado em documentação textual e iconográfica variada, matéria-prima de rigorosa investigação, privilegia a reflexão sobre os acontecimentos locais à luz de contextos mais amplos e se traduz numa contribuição efetiva “à internacionalização da História Ambiental nas Américas”.
 
A palestra, em evento da Universidade Nacional Autônoma do México, a partir do seu livro “No Oeste, a terra e o céu: a expansão da fronteira agrícola no Brasil Central” e que engloba a segunda obra que escreve a respeito, destaca que o mito do oeste em Goiás foi construído antes mesmo de se traduzir numa política governamental de colonização e imigração, proposta durante o Estado Novo. Aproveitou para falar de questões que se localizam na fronteira de diferentes campos do saber e que estão na ordem do dia, como a destruição florestal e a perda da diversidade biológica.
 
Expansão e destruição
Sandro Dutra buscou aproximações e distanciamentos com a tese do historiador Frederick Jackson Turner sobre o mito americano do começo absoluto, da identificação da marcha para o Oeste norte-americana, tão caros às discussões sobre fronteiras, mobilidade social e migrações. Trouxe para a cena os autores brasileiros que se apropriaram em diferentes momentos da temática da fronteira, das reflexões sobre o homem e o mundo natural.
 
Ao apresentar o caso do Oeste brasileiro e o conteúdo da ocupação e colonização do Mato Grosso de Goiás, mostrou a destruição trazida por essa expansão, a colonização de desflorestamento, a criação de projetos de cidades “signos do provisório” e a convivência lado a lado de projetos excludentes, espaços de modernidade e conservação, em análises muito bem sucedidas por meio de fontes documentais e vivência pessoal.
 
Um exemplo é o da cidade de Goiânia e o seu protagonismo no contexto da “marcha para o Oeste”. A cidade moderna, projetada em 1930, para seguir os passos de Belo Horizonte, sua precursora, mantinha traços da tradição rural, fato que causou estranhamento a Lévi-Strauss em sua visita, em 1937, ao testemunhar a convivência do palácio e os carros de boi num mesmo espaço.
 
“O outro lado do rio das almas”, a cidade estigmatizada, Barranca, como era conhecida Ceres, sede da Colônia Agrícola de Goiás (CANG), e outros centros importantes “irradiadores das políticas de colonização” são analisados historicamente. Os personagens dessas histórias que se entrelaçam são muitos e pode-se citar, dentre eles, Bernardo Sayão, que lhe permitiu reconhecer os códigos pelos quais a história foi mediada.
 
Durante a década de 1940 e início dos anos 1950, Goiás utilizou uma intensa propaganda sobre migração e colonização e participou de parcerias com instituições e governos com a finalidade de atrair colonos, nacionais e estrangeiros, para ocupar o território goiano. Período em que várias investidas de ocupação foram realizadas, como foi o caso dos alemães que, no pós-guerra, se instalaram no Paraná; tiveram Goiás como primeira opção.

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