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Ciência

Pesquisadores da UFG criam superpartícula para diagnosticar e tratar câncer

Estudo foi publicado em revista internacional | 16.04.25 - 13:35 Pesquisadores da UFG criam superpartícula para diagnosticar e tratar câncer Modelo simplificado apresentado no estudo (Imagem: divulgação)A Redação
 
Goiânia – Uma partícula minúscula que ao mesmo tempo identifica e combate o câncer: essa é a proposta de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), que foi destaque na capa da revista científica ACS Applied Materials & Interfaces. O artigo apresenta uma nanopartícula que combina diagnóstico por imagem e terapia térmica, com potencial para tratar tumores como o melanoma (câncer de pele) e o glioblastoma (tumor cerebral).
 
"Podemos dizer que fizemos uma supernanopartícula", comemora o professor Andris Bakuzis, do Instituto de Física (IF) da UFG, um dos autores do estudo. Trata-se de uma estrutura com uma "casca" esférica fluorescente contendo partículas ainda menores à base de óxido de ferro (com propriedade magnética) no seu interior. Além disso, na membrana da partícula foram colocados fragmentos de células tumorais.
 
A escala nanométrica (nm) se refere a medidas extremamente pequenas – um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro, cerca de 100 mil vezes menor que a espessura de uma folha de papel (veja infográfico). A nanopartícula do estudo tem cerca de 100 nanômetros.
 
O sistema desenvolvido na pesquisa recebe o nome de nanocarreador biomimético. Funciona como um "cavalo de Troia": após ser injetada no organismo, a nanopartícula é guiada mais facilmente até o tumor, justamente por conter células semelhantes em sua estrutura. A ideia é que essas pequenas estruturas carreguem com elas substâncias terapêuticas (como as utilizadas em quimioterapia, por exemplo) para atuar diretamente no tumor.
 
O estudo da UFG, no entanto, dá alguns passos a mais. O diferencial está na capacidade de localizar e ativar essas partículas, já dentro do corpo, de forma não invasiva, por meio de uma técnica clínica amplamente utilizada na medicina: a ressonância magnética, ou MRI (Magnetic Resonance Imaging), que funcionou como um "guia" para os cientistas. Isso é possível justamente pela propriedade magnética adicionada na estrutura, o que a torna um agente de contraste, possibilitando acompanhar sua jornada até o tumor.
 
O pesquisador da UFG explica em outras palavras: "Eu injeto a nanopartícula no corpo do paciente, ela vai para uma região específica, eu vejo no equipamento de imagem e depois, de fora, eu ligo algo. Esse 'algo' pode ser um campo magnético ou uma radiação eletromagnética que ativa somente as nanopartículas". Uma vez localizadas e ativadas, é iniciado o processo terapêutico, que, no caso do estudo, foi a terapia fototérmica (que usa o calor para destruir células tumorais).
 
Por ter o potencial de, ao mesmo tempo, localizar e tratar, um sistema como esse tem capacidade teranóstica – junção das palavras terapia e diagnóstico. Além disso, essas estruturas podem proporcionar um tratamento mais eficiente e com menos efeitos colaterais, uma vez que atuam somente no alvo e com muito mais precisão.
 
Experimentos
A pesquisa demonstrou a eficácia do sistema em experimentos com camundongos. Foram testadas diferentes vias de administração da nanopartícula – intravenosa, intratumoral e intraperitoneal (dentro da veia, do tumor ou no abdômen, respectivamente). Em todos os casos, houve acúmulo significativo nos tumores. Segundo o professor, isso pode abrir caminho para estratégias ainda mais sofisticadas de entrega, inclusive com o uso de células do próprio sistema imune como transportadoras.
 
Além disso, o modelo biomimético oferece potencial imunológico, ao carregar proteínas específicas das células tumorais. "Essa nanopartícula pode, inclusive, ser pensada como uma plataforma vacinal contra o câncer, já que estimula o sistema imunológico a reconhecer o tumor", observa o pesquisador.
 
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