A Redação
Goiânia - A equipe médica coordenada pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil contou com 16 especialistas na realização da 23ª cirurgia de separação efetuada pelo pelo médico goiano e seus colegas. No total, a equipe multidisciplinar contou com 50 profissionais. A cirurgia, realizada no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente-Hecad em Goiânia, durou 19 horas, tendo começado na manhã de sábado (10/5) e terminado na madrugada deste domingo (11). Kiraz e Aruna eram unidas pelo tórax e abdômen,elas seguem internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o estado de saúde é estável.
Este foi o 23° procedimento de separação de gêmeos siameses realizado pelo médico goiano e o 2º realizado no Hecad desde sua inauguração, todas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A cirurgia foi finalizada às 4h20 da madrugada deste domingo. "Foram 19 horas só de anestesia. Esse foi um trabalho muito grande, com muitos profissionais envolvidos e eu só tenho a agradecer à equipe e a todo mundo pelas orações. Foi uma cirurgia difícil e trabalhosa, mas conseguimos e agora as meninas seguirão na UTI. É claro que não estão livres de risco porque as complicações no pós-operatório podem ocorrer, mas vamos torcer pra que tudo dê certo", pontuou Calil.
Boletim
Conforme boletim divulgado neste domingo (11/5) pelo Hecad, as gêmeas Kiraz e Aruna seguem em observação na UTI. Ambas apresentam estado geral estável, permanecem em uso de ventilação mecânica, e em dieta zero. "A equipe multiprofissional segue acompanhando atentamente a evolução das pacientes, considerando o pós-operatório como uma fase crítica que requer monitoramento contínuo", informou, em nota, a unidade de saúde.
Profissionais renomados
A cirurgia envolveu mais 16 cirurgiões de diferentes especialidades médicas, como cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia vascular, cirurgia do aparelho digestivo e anestesiologia. Incluindo profissionais como enfermeiros, instrumentistas, auxiliares e outros, a equipe coordenada por Zacharias Calil contou com 50 profissionais.
Entre os médicos, a cirurgiã pediátrica Célia Britto, de Salvador e o Dr. Hélio Buson, referência em cirurgia pediátrica urológica. O cirurgião Plástico e filho de Calil, Rogério Hamu também foi um dos integrantes do time, ao lado do Dr. Mário Kuwae e Fernando Martins, que coordenou a equipe de ortopedia. Alguns deles participam das separações de siameses desde o ano 2000, quando as primeiras gêmeas, Lorrayne e Larissa, foram separadas em Goiás.
"Cada criança tinha dois ureteres e os dois ureteres de cada uma eram inseridos em sua respectiva bexiga. A nossa grande preocupação foi simplesmente separar as duas bexigas e isso foi feito. Nós também conseguimos reconstruir o que a gente chama de esfíncter urinário, então existe uma grande chance de elas conseguirem desenvolver continência urinária no futuro", explicou o dr. Hélio Buson.
Célia Britto explicou, por sua vez, que já realizou várias cirurgias ao lado de Zacharias Calil e que vem de Salvador para ajudar na parte pediátrica, que é a parte abdominal. Seu trabalho envolve a parte intestinal, a separação hepática seguida da reconstrução. "Esses casos são sempre muito complexos e demandam uma equipe multidisciplinar grande, com profissionais que tenham alguma expertise. Eu sou uma dessas parceiras ao longo dos últimos anos", completou.
Histórico
As crianças, hoje com 1 ano e seis meses, são de Igaraçu do Tietê (SP), cidade que fica a 289 km de São Paulo, e são acompanhadas pelo Dr. Zacharias Calil e sua equipe desde o início de 2024, após os pais entrarem em contato com o especialista. Em Goiás, as crianças realizaram suas primeiras consultas e passaram por uma cirurgia preparatória em outubro, para a colocação dos expansores de pele.
Calil explica que as gêmeas eram consideradas conjugadas, esquiópagas triplos e estavam unidas pelo osso ísquio, que é o osso da bacia, e possuem três pernas, além de terem uma segunda classificação, pois eram unidas pelo tórax, abdômen e bacia, com o compartilhamento de órgãos como fígado, parte do intestino e da bexiga.
Por esse motivo, o médico realizou o primeiro procedimento, de colocação dos expansores de pele, que estimulam o crescimento mais rápido da pele. “É fundamental para podermos fazer o fechamento. Sem pele suficiente para o fechamento, os pacientes não sobrevivem”, explica Calil.
2ª no Hecad
Esta foi a 23ª cirurgia de separação de siameses realizada pelo cirurgião pediátrico e sua equipe. Foi a 2ª cirurgia realizada no Hecad, desde sua inauguração em dezembro de 2021. A primeira cirurgia realizada pela equipe no Hospital foi das gêmeas Heloá e Valentina, que foram separadas no dia 11 de janeiro de 2023 e vivem em Morrinhos, no interior de Goiás.
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