Samuel Straioto
Goiânia - A professora Sandramara Matias Chaves foi a mais votada na eleição para a reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), com 3.869 votos. A disputa foi acirrada: a chapa adversária, liderada pela professora Karla Emmanuela Ribeiro Hora, conquistou 3.595 votos. A votação totalizou 7.561 sufrágios, incluindo 97 brancos e nulos.
A eleição, realizada para o mandato de 2026 a 2029, mobilizou diferentes segmentos da comunidade universitária. A chapa de Sandramara obteve vantagem entre os docentes, enquanto Karla recebeu mais votos de estudantes e técnicos administrativos.
Próximo passo: nomeação presidencial
Com o encerramento da apuração, os nomes das duas candidatas serão encaminhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe a nomeação formal da nova reitora da UFG. Embora o envio da lista não vincule juridicamente o presidente à escolha da mais votada, há expectativa de que Lula siga o resultado da consulta pública, conforme tem sinalizado em relação à autonomia universitária.
Em 2021, Sandramara também foi a mais votada na eleição interna, mas não foi nomeada pelo então presidente Jair Bolsonaro, que optou por outro nome da lista tríplice. À época, a decisão gerou críticas e foi interpretada como uma interferência política na autonomia da universidade.
Perfil da candidata e trajetória acadêmica
Sandramara Matias Chaves é professora titular da Faculdade de Educação da UFG. Acumula experiência na administração universitária: já foi vice-reitora e exerceu o cargo de reitora entre 2018 e 2021. Conhecida por sua atuação em defesa da universidade pública, é vista como uma liderança comprometida com políticas educacionais estruturantes e com o fortalecimento do papel social da instituição.
Ao longo da campanha, defendeu a valorização da carreira docente e técnica, a melhoria da infraestrutura universitária e a ampliação da assistência estudantil, com foco em ações concretas para garantir permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade. Entre as medidas propostas, estão a ampliação de bolsas, moradia estudantil, funcionamento de restaurantes universitários e apoio específico a estudantes mães.
Expectativas para a nova gestão
Com a possível nomeação, Sandramara deverá liderar a UFG no próximo quadriênio em um cenário de desafios acumulados nos últimos anos, como o déficit de servidores técnicos-administrativos e a necessidade de recomposição orçamentária para as universidades federais.
Desde o início do ano, sua candidatura ganhou força com o apoio explícito de setores da comunidade acadêmica, que lhe prestaram diversas homenagens em eventos institucionais. A eleição reforça seu reconhecimento interno e sinaliza a continuidade de uma gestão voltada à inclusão, à pesquisa e à extensão universitária de caráter socialmente referenciado.
Chapa derrotada
Já a professora Karla Emmanuela Ribeiro Hora, que ficou em segundo lugar na eleição, é ex-diretora da Escola de Engenharia da UFG. Sua chapa teve maior adesão entre os estudantes e os técnicos, o que indica uma base de apoio expressiva e preocupações distintas em relação ao modelo de gestão. A disputa equilibrada entre as duas candidaturas demonstrou o engajamento da comunidade universitária nos rumos da instituição.