A Redação
Goiânia - A manhã deste sábado (9/8) em Goiânia é marcada pela mobilização de dezenas de associados do Clube Social Feminino (CSF), que protestam na sede da instituição, no Setor Sul, em Goiânia. A manifestação cobra a convocação imediata de uma Assembleia Geral Extraordinária diante de denúncias envolvendo grave crise de transparência e governança enfrentada pelo clube na atual gestão.
Fundado em 1948 por mulheres pioneiras como Almerinda Arantes e Célia Coutinho Seixo de Brito, o CSF é um espaço tradicional de lazer e cultura da capital. No entanto, nos últimos anos, segundo sócios ouvidos pela reportagem, a entidade tem sido palco de conflitos internos, denúncias e crescente insatisfação por parte de frequentadores. “Não estamos aqui por disputa política, mas para proteger o clube de um colapso semelhante ao que aconteceu com outras entidades tradicionais da cidade. Queremos legalidade, transparência e respeito aos sócios”, afirmam os manifestantes.
Crise institucional
Desde a nulidade judicial do Estatuto aprovado em 2023, que tentava alterar cláusulas importantes de reeleição, a presidente Jane Moghames permanece no cargo, sem respaldo legal claro, conforme pontuam os manifestantes. A situação teria se agravado com a descoberta de um novo estatuto averbado de forma sigilosa, sem conhecimento da maioria dos associados e com alterações consideradas por alguns sócios como "polêmicas" e que "fragilizam a democracia interna do clube".
Dentre as principais mudanças destacadas pelos associados estão:
• A possibilidade de reeleição indefinida para a presidência;
• O aumento do número de sócios patrimoniais, o que pode impactar no valor dos títulos;
• O aumento do quórum para convocação de assembleias (de 1/5 para 2/3), dificultando a fiscalização;
• A concentração de poderes na figura da presidente, inclusive para contratações, cobranças e definição de taxas, sem a necessidade de aprovação do Conselho Deliberativo.
Situação financeira
Além disso, os associados denunciam a realização de eventos festivos enquanto o clube acumula dívidas tributárias, a inexistência de contrato formal com prestadores de serviço (como o bar do clube), e o uso arbitrário dos espaços sociais.
Sócios que tentam obter documentos como o Estatuto e a prestação de contas relatam sofrer ameaças, retaliações e constrangimentos. Em alguns casos, houve exigência de requerimentos formais para acessar informações que, por lei, conforme pontuam os sócios, deveriam ser públicas e acessíveis aos membros da entidade.
Também há denúncias sobre:
• Cadastramento facial de não-sócios;
• Suposta invasão de privacidade com instalação de câmeras com áudio;
• Suspensões arbitrárias de sócios críticos à gestão;
• Mudança de horários de uso da sauna sem consulta aos usuários.
A reportagem entrou em contato com a presidente e solicitou posicionamento da gestão, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.