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Testes seguem em desenvolvimento | 03.09.25 - 11:01
Pele in natura (esq.) e depois do tratamento de descelularização e clareamento (dir.) (Foto: Arquivo Pessoal)A Redação
Goiânia – O uso da pele de tilápia no tratamento de ferimentos graves, como queimaduras, foi desenvolvido inicialmente na Universidade Federal do Ceará (UFC) e ganhou repercussão nacional. A técnica tem sido aprimorada em Goiás por meio de uma pesquisa coordenada pelo professor Valcinir Aloísio Scalla Vulcani, da Universidade Federal de Jataí (UFJ) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás (PPGBAn/UFG).
A principal inovação do estudo é o uso de uma técnica desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), que emprega pele de tilápia descelularizada em vez da versão liofilizada, processo que congela o material e, em seguida, remove a água por sublimação, preservando sua estrutura. O foco da pesquisa está no desenvolvimento de curativos para aplicação veterinária e humana, com ênfase no aproveitamento do colágeno presente na pele do peixe.
Outro avanço importante surgiu de forma inesperada: a despigmentação da pele. Durante os testes, a equipe descobriu uma forma de branquear o material, reduzindo o aspecto visual típico de "pele de peixe" e tornando-o mais aceitável, inclusive do ponto de vista estético, para os próprios pacientes. A mudança na coloração não comprometeu a estrutura da matriz extracelular nem o colágeno, preservando as propriedades essenciais para o tratamento.
Curativo
A pele de tilápia é indicada para diversos tipos de feridas, principalmente aquelas que apresentam grande perda de líquido, como queimaduras e feridas crônicas, comuns em pacientes diabéticos ou com problemas circulatórios, que necessitam de estímulo para a cicatrização. Nesses casos, a pele atua como um curativo oclusivo, ajudando a manter a umidade e protegendo o local.
Uma das principais vantagens observadas é que a pele de tilápia exige pouco manejo, podendo ser mantida por períodos prolongados, o que reduz a dor do paciente e a frequência das trocas de curativo. Além disso, ao contrário de outros materiais, ela favorece o crescimento celular e atua como uma barreira física protetora, impedindo a entrada de microrganismos e acelerando o processo de regeneração da pele.
Além dos benefícios clínicos, o uso da pele de tilápia também se destaca pela sustentabilidade e pelo baixo custo. Considerada um subproduto dos abatedouros, a pele é frequentemente descartada, o que representa um impacto ambiental significativo. Ao aproveitá-la, o que antes era resíduo se transforma em um recurso valioso para a área da saúde.
O maior desafio atualmente é viabilizar a utilização da pele de tilápia como produto. A equipe de pesquisa, que possui formação majoritariamente acadêmica, busca agora parcerias com incubadoras e empresas para transformar o desenvolvimento em um produto comercial. Além disso, o processo de aprovação de biomateriais no Brasil é exigente.
Há planos para testar o protocolo de descelularização e despigmentação em peles de outras espécies de peixes, além da pele de rã, já utilizada em Goiânia.