Jales Naves
Especial para A Redação
Goiânia - À frente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás desde 2021, o historiador Jales Guedes Coelho Mendonça tem sido mais que um gestor: é “um jardineiro da memória”, como afirmou o acadêmico Tiago Machado, ao saudar o novo ocupante da Cadeira nº 5 da Academia de Letras e Artes do Planalto Central, com sede em Luziânia, GO, ao ser empossado no domingo, dia 9. “Sob sua liderança, floresceram projetos como a Hemeroteca Digital, o resgate da Casa Rosada – berço da história cultural de Goiânia –, e o ambicioso projeto ‘Goiás +300’, que reúne centenas de autores em 18 volumes dedicados à história e à alma do povo goiano”, enumerou, em sua bem elaborada mensagem de saudação.
“Há, em sua trajetória, algo que transcende o currículo: um senso de missão”, afirmou. “Jales não escreve para se consagrar, mas para consagrar o que ama – sua terra, sua gente, sua cultura. Sua obra é o gesto contínuo de quem entende que preservar o passado é preparar o futuro”. Como Americano do Brasil, patrono da Cadeira nº 5 da ALAP, “ele une ciência e arte”; como Joaquim Gilberto, primeiro ocupante da Cadeira, “serve com simplicidade e honra”; e como o poeta José Carlos Gentili, que o antecedeu, “pensa com poesia e escreve com filosofia”. “Mas Jales é mais que herdeiro: é renovador. Sua escrita é moderna, lúcida, inquieta – e sua ação, concreta, inspiradora, humana”, disse.
“Ao adentrar a Academia de Letras e Artes do Planalto, Jales não apenas recebe uma Cadeira: ele amplia o sentido da própria Casa. Porque cada Academia vive de memória, mas sobrevive de renovação. E hoje, ao recebê-lo, nós renovamos em nós mesmos a fé na cultura, na história e na palavra”, enfatizou. “Há algo de divino em quem dedica a vida à palavra. A palavra é semente e é espelho; é sopro e é construção. Americano do Brasil a semeou na terra, Joaquim Gilberto a ergueu no cotidiano, Gentili a lapidou no pensamento e Jales Mendonça a transforma em caminho. Cada um, à sua maneira, escreve um capítulo do grande livro que é Goiás – um livro feito de coragem, de cultura e de humanidade”, ressaltou.
“Caro Jales, hoje esta Academia te recebe não como quem acolhe um hóspede, mas como quem reencontra um irmão de jornada. Tua presença é mais que uma honra. É uma esperança. Esperança de que a cultura continue sendo o coração que pulsa em meio ao ruído do mundo. Esperança de que as letras ainda sejam capazes de inspirar, de curar, de transformar. E que tua voz, agora somada às vozes daqueles que vieram antes, continue a cantar o cerrado, a justiça, a memória e o espírito humano”, completou.
Posse
A solenidade de posse na ALAP foi presidida pelo acadêmico Eliézer Bispo. Jales adentrou ao plenário conduzido pelos acadêmicos Jarbas Marques e Janaína Vechia, ocasião em que foi calorosamente aplaudido pelos presentes. A saudação oficial ao novo componente da agremiação cultural foi feita pelo ex-presidente Tiago Machado, ocupante da Cadeira nº 10 no IHGG, a qual já pertenceu a Gelmires Reis, membro fundador da ALAP e nome icônico da história, da cultura e das letras do Planalto Central.
Tiago enalteceu a trajetória de Jales, intelectual destacado pela determinação aplicada ao trabalho que realiza nas lides profissionais e como disseminador da história goiana, da qual ele é pesquisador e exímio conhecedor.
Em sua fala, o novo imortal, que também é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ressaltou sua satisfação por ingressar na ALAP e exaltou a importância do Planalto Central para Goiás e para o Brasil, que tem sua história iniciada em 13 de dezembro de 1746, quando o bandeirante Antônio Bueno de Azevedo aportou às margens do rio Vermelho para dar início a uma riquíssima jornada que está próxima de completar 300 anos.
Em seguida, seus colegas o saudaram de forma efusiva e o parabenizaram por seu ingresso na confraria, ato que soma e engrandece a instituição, que em 2026 completará 50 anos de organização.
Dentre os convidados que participaram da solenidade, destaque para o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, prefeito de Cristalina, dr. Luís Otavio, o presidente do Instituto histórico e Geográfico do Distrito Federal, José Theodoro Mascarenhas Menck, a diretora de relações institucionais do IHGDF, Lenora Barbo, o presidente do Instituto Cultural Bernardo Élis, Nilson Jaime, e o ex-conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Goiás, Antônio Paulo Luzzi.