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Fabrícia  Hamu
Fabrícia Hamu

Jornalista formada pela UFG e mestre em Relações Internacionais pela Université de Liège (Bélgica) / fabriciahamu@hotmail.com

Inspiração

Melhores que nós?

| 04.06.13 - 09:54

Goiânia - A semana começa tensa na Câmara Municipal de Goiânia. É que um projeto de lei que prevê a implementação do ponto eletrônico para os vereadores está deixando os legisladores de cabelo em pé. Resistentes em aderir ao monitoramento biométrico de presença, muitos alegam que “bater ponto é uma humilhação”.  

Sim, você leu certo: nossos membros do Legislativo consideram o ato de bater ponto vergonhoso, humilhante. Talvez por isso que, em 2011, eles tenham faltado às sessões 571 vezes. Em 2012, 716 vezes, o que representa um aumento de 25%. Detalhe: as sessões ordinárias só ocorrem de terça à quinta, das 9 às 12h.

Você, funcionário público ou de uma empresa privada, pode madrugar para chegar pontualmente ao emprego e não sair nem um minuto antes do registro eletrônico decretar o fim do expediente. Você pode ter um dia do seu salário cortado se faltar ao trabalho e não apresentar uma justificativa plausível. Os vereadores, não.

Deve ser porque eles ganham R$ 11 mil, enquanto você trabalha o mês inteiro para receber um décimo disso. Ou porque eles dispõem de carro e combustível por conta, enquanto você rala para comprar sit pass e andar espremido nos ônibus. Ou talvez porque eles tenham um monte de assessores em seus gabinetes, enquanto você precisar se virar sozinho. Uma coisa é certa, eles se julgam melhores que nós.

Eu só queria entender a razão de tanta pretensão. Por que eles se acham superiores em relação ao restante dos cidadãos? Com base em que critério definiu-se que um trabalhador qualquer pode bater ponto e um vereador não? Com base na formação intelectual e cultural dos legisladores? Na produtividade deles?

Sei que vivemos numa democracia e que a vontade popular deve ser respeitada, mas vamos analisar a coisa friamente: temos alguns vereadores que desconhecem o conteúdo dos projetos que estão tramitando, que nunca leram um livro na vida, mal sabem articular uma frase ou concatenar um raciocínio lógico.

Já você, no seu trabalho, é obrigado a produzir muito, com qualidade e rapidez. Não pode falhar nem faltar. É cobrado a fazer cursos de pós-graduação
, reciclagem e não sei mais o quê. Precisa se especializar ao máximo, estar antenado com todas as novas tendências e prestar contas de tudo o que faz ao seu chefe.

Vergonhoso, na minha opinião, é ganhar sem trabalhar. É ser mantido pelo poder público, contar com uma série de privilégios e não querer dar a mínima satisfação à sociedade. É ter sido eleito por milhares de pessoas que esperam ação e prestação de contas e ignorar solenemente a obrigação moral de fazer isso.

Se vossas excelências de fato trabalham tanto quanto dizem, não deveriam temer a implantação do ponto eletrônico. É possível sobreviver a ele. Nós, trabalhadores do Brasil, somos prova disso. Bater ponto não mutila nem mata. Só obriga a gente a estar no emprego realmente, fazendo o que esperam de nós.

É verdade que não se pode generalizar. Felizmente, temos legisladores comprometidos com a causa popular, que sabem que a Câmara não é a extensão de suas casas nem de seus escritórios particulares. Que veem o povo não como gente inferior ou igual, mas como o patrão que financia seus mandatos.

A esses homens e mulheres que honram o Legislativo goianiense e o voto que receberam,o meu apelo para que lutem para fazer prevalecer na Câmara Municipal de Goiânia o respeito e a seriedade. Se não querem bater ponto, que ao menos não justifiquem isso com asneiras. Humilhante é ter de ouvir tanta bobagem.

Comentários

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  • 05.06.2013 16:38 Wesley

    Colocando aqui o nome dos que foram contra o ponto eletrônico. Lembremos deles na próxima eleição, se é que nós temos memória pra esse tipo de coisa. Antônio Uchoa (PSL) Carlos Soares (PT) Célia Valadão(PMDB) Deivison Costa (PT do Divino Rodrigues (PSDC) Domingos Sávio (PMN) Doutor Bernnardo do CAIS (PSC) Edson Automóveis (PMN) Eudes Vigor (PMDB) Fábio Lima (PT) Izídio Alves (PMDB) Joãozinho Guimarães (PRB) Mizair Lemes Júnior (PSDB) Paulo Borges (PMDB) Paulo da Farmácia (PSDC) Zander Fábio (PSL)

  • 04.06.2013 16:10 Daniella Santiago

    Fabricia Hamu mais uma vez dando voz a milhares. Nós pensamos e sentimos. Ela pensa sente e escreve. Obrigada!!

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Jornalista formada pela UFG e mestre em Relações Internacionais pela Université de Liège (Bélgica) / fabriciahamu@hotmail.com

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