(Obra: Rodrigo Flávio)
Marcos Caiado
se penso em você ao meio-dia,
um segundo depois são onze e vinte da noite.
tudo escurece: o mote, o norte, os montes e a luz do poste.
morre o vaga-lume. some o horizonte.
quando penso em você, independentemente da hora,
o relógio agoniza, a lua suicida, a poesia adoece.
só a tristeza roça além do que não pode.
quando penso em você.
quando penso em você,
a literatura se fode
e quase vira zero:
- zero, vírgula, este verso que não morde.