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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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A arte de defender o indefensável

Advogar em prol do erro absurdo é árduo | 16.04.14 - 16:59

Goiânia - Assistindo a fala da presidente da Petrobras, Graça Foster, na audiência pública de terça-feira (16/4), pensei no quão complicado é arrumar argumentos para fazer a defesa do indefensável. É uma arte.

Ao reconhecer que o negócio de Pasadena no Texas (EUA) foi uma bela roubada, ela tentar amenizar a barra da presidente Dilma Roussef que então presidia o Conselho de Administração da estatal e explicar as razões da punição do responsável pelo relatório falho terem vindo somente agora quando o caso ganhou a mídia, cá entre nós, é tarefa para herói nenhum botar defeito.


Na hora fiz um paralelo com algo que me fazia refletir quando estudei Direito na UFG: como é para um advogado elaborar a defesa de um pedófilo, estuprador ou latrocida? Ter como ofício profissional levantar argumentos para deixar melhor na foto autores desses crimes que mexem com a cabeça de qualquer um que tenha o mínimo de humanidade deve ser trabalho árduo.

Não estou dizendo que acusados desses tipos de crimes não mereçam defesa no trâmite do processo. É evidente que, para a coisa ser justa, eles devem ter suas versões apresentadas por um profissional do Direito. Contudo, o trabalho do advogado é admirável.

Como no caso da Graça Foster (só eu acho que ela lembra o Ozzy Osbourne?), o advogado deve ter claro que a primeira coisa a fazer é dosar bem cada palavra. Pois tanto ele quanto a presidente da petrolífera sabem que se falarem demais, colocam em maus lençóis quem eles têm o objetivo de proteger. Por outro lado, não é possível simplesmente jogar a sujeira para debaixo do tapete – os problemas já emergiram e não é mais possível simplesmente negá-los. Achar esse meio termo é o desafio que exige talento.

Para a presidente da Petrobras, chamada de técnica pela imprensa especializada, o difícil é após reconhecer o mau negócio, explicar a razão dele ter passado batido e o porquê do responsável pela operação continuar trabalhando por ali, mesmo que em outro cargo. Já o advogado deve admitir que seu cliente cometeu o crime quando as provas são incontestes, mas procurar motivações que amenizem a pena final ou falhas processuais que o deixem em liberdade.

Na boa, o que sei é que eu não gostaria de estar na pele de nenhum deles. Muitas vezes, defender o que acreditamos já é para lá de desgastante, imagine só argumentar em prol de algo que você discorda frontalmente ou tem convicção de que foi um erro gigantesco? Deve ser cansativo além conta. E, como Jaiminho, ando fazendo de tudo para evitar a fadiga.


Comentários

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  • 17.04.2014 07:23 João

    Ela é a irmã gêmea do Ozzy...

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