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Leticia Borges
Leticia Borges

Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

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Língua e letra

Uma prova de linguística

Gramática não é cobrada no Enem | 10.11.14 - 18:46
Goiânia - “Publicidade infantil em questão no Brasil” foi um tema de redação escolhido mais pela necessidade de estar na mídia – devido à relevância – do que pela sua manutenção na pauta das comoções populares.

A resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, publicada em abril, não foi escandalosamente  impactante. Não que o assunto não mereça discussão – muito pelo contrário, não obteve o espaço que deveria– só não foi muito familiar a muitos candidatos, por mais que tenham estudado e pesquisado atualidades.

A coletânea foi bem escolhida (repetiu um texto da coletânea da Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS, de Brasília, cujo tema da redação foi Obesidade infantil) e norteou bem o raciocínio do candidato. Quanto às questões de linguagens, códigos e suas tecnologias, o Enem manteve o posicionamento de não cobrar a gramática pura, mas não ficou na mera interpretação de textos.

Além de conhecimentos das escolas literárias, o candidato se deparou com questões acerca de teorias linguísticas (variedade, preconceito, regionalismo, influência da oralidade na escrita, temporalidade, funções da linguagem).

Houve uma mescla interessante de literatura regionalista com textos sobre tecnologia, mas quem tinha um conhecimento melhor da cultura popular brasileira – ou pelo menos boa vontade para “entrar” no texto e imaginar como tudo isso funciona – conseguiu responder com mais facilidade algumas questões.

Não faltaram os itens sobre gêneros textuais e suas adequações, recursos linguísticos para estabelecer relações de sentido, coesão textual e, uma marca registrada do exame, a inter-relação entre arte e texto. Para o candidato com um bom nível de leitura reflexiva, a prova não apresentou grandes dificuldades. Exigiu apenas atenção e análise, pois algumas propostas exigiam uma interpretação mais complexa dos textos apresentados.

O estilo das questões corresponde ao que o MEC pretende obter dos futuros universitários: capacidade leitora, escritora e autonomia intelectual. Habilidades muito bem exploradas durante o exame.

Agora é uma espera rápida até o gabarito oficial, depois mais longos dias até dezembro com o resultado final, e mais um pouco até a conclusão do SISU. Para muitos candidatos, vai ser a hora de respirar fundo e encarar os estudos novamente. Para muitas famílias, vai ser festa e uma grande chance de ter um cantinho vazio na casa. Boa espera a todos.

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