Michelle Rabelo
“A Avenida Universitária vai se tornar um belo exemplo para nossa Capital”, afirmou o Prefeito Paulo Gracia. Começou assim o lançamento da obra do Eixo Universitário, na Rua 10, em Goiânia, na manhã desta terça-feira (08/11). O evento complicou ainda mais o trânsito para os motoristas que passavam pelo trecho. A obra, que deve ficar pronta em 2012, recebeu duras críticas por parte da população que mora ou trabalha no local.
O lançamento que aconteceu no meio do trecho que está semi-pronto, marcou o início de 6 meses de obras que prometem dar mobilidade á capital. O Eixo que terá 2,5 quilômetros de extensão servirá como piloto para outros 13 que serão construídos em vias arteriais da capital. Ao todo serão 102 quilômetros de vias preferências para o transporte coletivo. “Hoje nós estamos apresentamos para a nossa cidade um modelo de corredor preferencial para o transporte coletivo, um projeto de padronização dos concessionário, chamados de pit dogs e a ideia da ciclovia que vai colocar Goiânia no caminho das metrópoles“, explicou o Prefeito Paulo Garcia.
De acordo com o supervisor da Agência Municipal de Trânsito (AMT), Emival Arantes, toda a obra será acompanhada por agentes do órgão, que irão orientar os motoristas e continuar a fiscalização em toda a extenção da rua, onde a proibição do estacionamento já está valendo, ainda sem autuação. A obra, que começou a cerca de 15 dias, ainda não havia sido apresentada, o que aconteceu no evento desta terça-feira, com a distribuição de panfletos com o mapa e a explicação simplificada de todo o projeto.
Projeto
O corredor que vai ligar a Praça Cívica à Praça da Bíblia contará com um faixa preferencial para ônibus (próximo às calçadas), uma para veículos pequenos, área de convivência e uma ciclovia, que deu ao projeto o nome de “Corredor Universitário Ecológico”. As calçadas terão um modelo que oferece mais acessibilidade e a obra contará com uma escultura de Siron Franco.
Segundo o Prefeito Paulo Garcia, o projeto foi exaustivamente estudado e "é o que há de mais moderno na tentativa de trazer para o município um transporte de massa de qualidade". A obra está estimada em R$ 3 milhões, recurso do município já aprovado pelo Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur) e que será repassado pelo Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FMDU).
O Eixo tem início na Rua 10, passa pela Praça Universitária, Avenida Universitária, Rua 261 e Rua 256. Como o Corredor irá passar pela Praça, a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) já foi procurada e vê o projeto com bons olhos. “Em alguns momentos andar de carro na capital fica inviável. A iniciativa vai trazer benefícios para os estudantes, além de incluir a cidade no cenário ecologicamente correto”, explica o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Alzir Neto.
Arte Pública
Convidado para assinar uma escultura que ficará em um ponto estratégico do Eixo, o artista plástico Siron Franco já tem o projeto que deve ser inaugurado até o Natal. “Será uma homenagem ao evolucionismo de Darwin. Uma escultura de aço com 3cm de espessura. Vamos colocar na parte de cima do Corredor para evitar problemas com a Igreja, já que a teoria da evolução humana vai contra os conceitos bíblicos”, afirmou o artista.
Segundo Siron, Goiânia é uma cidade feita para carros, e a construção da ciclovia casada com uma obra de arte dará à capital ares dessa tendência mundial que é a cultura no dia a dia. “Espero que o prefeito convide outros artistas para assinar obras nos outros Corredores. Temos nomes fortes no Estado”, finaliza.
Ciclovia
O projeto do Eixo Universitário prevê a construção de uma ciclovia. A pista ocupará parte do antigo calçadão da Rua 10. O projeto recebeu elogios do Grupo Pedal Goiano. “Ficamos muito contentes com o projeto. Enxergamos a iniciativa como um pontapé inicial de muitas outras que devem ligar pontos importantes da cidade, além de diminiur os riscos que o coclista corre ao disputar espaços com os carros. É uma vitória do ciclista goiano”, comemora a representante do Pedal Goiano, Gabriela Silveira.
Transporte Coletivo
Para o serviço de transporte coletivo, a vantagem, segundo a prefeitura, está na redução do tempo de viagem dos ônibus, que poderá passar de 8 km/hora para 15 km/hora. Haverá um sistema de fiscalização eletrônica que vai monitorar o limite entre o espaço dos veículos pequenos e os ônibus, o que deve facilitar a locomoção e desafogar o trânsito.
“Todos da área do transporte público estão entusiasmados. Esse primeiro trecho é um piloto que servirá de base para os outros que devem melhorar a qualidade do transporte da capital”, afirma Áurea Pitaluga, diretora técnica da Compania Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).
A CMTC iniciou, na segunda quinzena de outubro, um trabalho para realinhar o tempo de viagem dos carros da empresa. Houve um aumento no número da frota e uma extensão do tempo de cada viagem, buscando alinhar o cronograma à realidade do trânsito nas vias mais congestionadas. A iniciativa deve ser extendida para o Eixo. Pelo Corredor deverão passar 12 linhas do sistema, com uma frequência de 59 ônibus por hora e 50 mil passageiros/dia.
Árvores
Muitas reclamações dizem respeito à retirada das mungubas (árvores que segundo moradores da região já compõem o cenário da cidade), que está sendo feita desde o mês de outubro. De acordo com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), 267 espécies serão substituídas por 850 mudas de grande porte, nativas do cerrado.
A Amma esclarece que o projeto de implantação do Corredor passou por uma vistoria, realizada no último sábado (05/11), que constatou a insuficiência da capacidade de drenagem da galeria receptora da Avenida Universitária e a necessidade da retirada das árvores. “As raízes não absorvem toda a água que entra em contato com o solo e acaba prejudicando assim a estrutura como um todo. Uma calçada diferenciada, com absorção eficiente, fará parte do projeto”, afirmou o presidente da CMTC, José Carlos Xavier, o Grafite.
Augusto Fernandes, conselheiro do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), estava presente no lançamento e explica o rebaixamento das calçadas, que faz parte do projeto e vem para beneficiar os cadeirantes e portadores de deficiência físicas. “Fizemos o projeto do rebaixamento e auxiliamos a prefeitura. Todo o trecho de calcadas será modificado, assim a mobilidade será geral. Tudo deve estar pronto dentro de 6 meses”, explica Augusto.
Para comerciantes da região, a obra traz prejuízo imediato, mas vem acompanhada da esperança dos auemnto das vendas. O grande problema é a insegurança, que muitos dizem sentir ao pensarem na possibilidade da obrigatoriedade da desocupação. Segundo um comerciante, que não quis se identificar, na licença emitida pela prefeitura há uma cláusula que afirma que, caso o órgão precise do local, o comerciante deve sair sem ser indenizado.
“Nesse momento já sinto o prejuízo. Ninguém passa por aqui. A rua está uma bagunça e o trânsito um caos. Mas assim que a obra ficar pronta o movimento vai aumentar. As pessoas que vão pegar o ônibus no Eixo representam possíveis consumidores”, explica Welington Borges, propietário de uma banca de revistas.
Denúncia
Durante o evento, Paulo Garcia falou sobre as denúncias feitas pelo ex-controlador Wagner Guimarães (PMDB), que apontou a existência de irregularidades na sua gestão, inclusive na Secretaria de Compra e Licitações, o que interefere diretamente nas obras do Eixo. o prefeito prometeu investigar. “Ja determinei ao novo controlador, Dr. Oséias Pacheco, que investigue todas as denúncias”, afirmou Paulo Garcia.