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Superlotação

Greve de fome de presos no 1º DP completa três dias

Grupo de 21 homens divide cela para 4 pessoas | 08.11.11 - 18:39

Adriana Marinelli

Fotos: Fábio Lima

 “Se tentarem colocar mais uma pessoa aqui, nós vamos arrombar tudo e sair”. É o que diz Ricardo, preso, junto com outros 20 homens, no 1º Distrito Policial (DP) de Goiânia, em uma cela que comporta apenas quatro pessoas. Desde domingo, os detentos estão em greve de fome em protesto contra a superlotação da cela.

De acordo com o delegado Ranor de Araújo, existem no 1º DP outras sete celas, porém não estão em condições de receber detentos. “Temos sete celas usadas como depósito. Não tem como colocar os presos lá. Para isso acontecer, seria necessário uma boa reforma”.  Ele confirma que os detentos realmente não estão se alimentando.  “As marmitas levadas para eles voltam intactas”, diz.

Delegado Ranor de Araújo afirma que os presos que deixam o Distrito Policial são aqueles beneficiados por alvará de soltura do poder judiciário, mas os que aguardam transferência são obrigados a enfrentar a superlotação da cela. “As prisões não param. Flagrantes são feitos todos os dias. Se o crime praticado admite fiança e o cidadão tem condições de pagar, ele é liberado, caso contrário, temos que colocar junto com os outros ”, afirma.

Superlotação e outros problemas
Os 21 detentos se revesam para dormir. De acordo com Ricardo, preso em flagrante por roubo há 45 dias, cada um dorme cerca de 4 horas por dia. “Os que estão aqui há mais tempo têm o direito de dormir durante a noite. Os últimos que chegaram têm que dormir durante o dia mesmo”, diz.

Preso pela sexta vez por furto, Jonatas aponta outros problemas enfrentados por ele e pelos demais presos. Segundo ele, a cela fica alagada quando chove. “Além das goteiras, entra água por debaixo da porta da delgacia e escorre para cela. Quando isso acontece nem tem como dormir no chão”, lamenta. O rapaz conta que, além de ratos, mosquitos transmissores da dengue são frequentes no local. “Tem gente aqui com dor de cabeça e dor no corpo e ninguém faz nada”, acrescenta.

Os 21 homens são obrigados a dividir o único banheiro da cela que, segundo eles, está com o vaso sanitário entupido. “Não tem jeito de usar a privada. Nós estamos cortando garrafas e fazendo nossas necessidades nelas. Tem que ser assim”, conta Wallison, preso há 45 dias por roubo.

Preso outras nove vezes, o último rapaz que entrou na cela, identificado como Mendes do Vale, afirma que nunca presenciou tamanho descaso. “É a décima cadeia que eu puxo, mas nunca ví um negócio desse na minha vida”, relata.

Segundo um dos presos, que preferiu não ser identificado, a greve de fome vai continuar e não tem dia certo para acabar. "Vamos continuar sem comer. Tem gente passando mal já, mas não vamos ceder", finaliza.



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