Adriana Marinelli
Goiânia - Desde que a proposta de atualização do Plano Diretor de Goiânia foi aprovada pelo prefeito Paulo Garcia (PT), na última segunda-feira (29/11), vários questionamentos foram levantados sobre algumas alterações no projeto.
A principal preocupação está relacionada à possibilidade de se construir grandes prédios comerciais em vias locais, que margeiam os eixos de desenvolvimento da cidade.
Macroempreendimentos
O atual Plano Diretor permite que sejam construídos nessas vias macroempreendimentos comerciais com até 5 mil m². Com as alterações, seriam permitidos projetos com área superior. Para o vereador Djalma Araújo (PT), a alteração só beneficiaria o setor imobiliário.
“Não faz sentido alterar o Plano Diretor para beneficiar apenas uma minoria da população. Só devem ser tomadas medidas que beneficiem o todo. Não podemos dar um cheque em branco para o setor imobiliário”, afirma.
(Foto: Divulgação/Câmara Municipal)
“As propostas trarão prejuízos para Goiânia. A cidade que queremos viver tem que ser para todos e não beneficiando somente um setor. Se a sociedade não se unir, o plano vai acabar sendo aprovado”, completa o vereador, destacando que vai fazer um apelo ao prefeito para que as alterações sejam revistas.
Depois de passar pelo Gabinete Civil da Prefeitura, o Plano com as mudanças será levado à Câmara de Goiânia. “Não posso concordar com esse tipo de coisa. Os técnicos elaboraram esse Plano pensando apenas em interesses da Secretaria de Planejamento do Município, a Seplam.”
Mobilidade
O deputado estadual Francisco Júnior (PSD), que coordenou o Plano Diretor em 2007, também acredita que viabilizar a construção de grandes investimentos comerciais, com área superior a 5 mil m², fora dos eixos estruturantes da cidade não é uma boa alternativa.
“A construção desses macroeempreendimentos são importantes para a cidade, mas é preciso considerar a questão da mobilidade. Não estou totalmente por dentro das alterações que podem ser aprovadas, mas, pelo que sei, há o risco de se escolher o que não é o mais viável no momento”, comenta.
(Foto: Denise Xavier/Assembleia Legislativa)
“Quando a atividade econômica começa a ser beneficiada, a região começa a ter interesse comercial e perde a identidade residencial. Exemplo disso é a Rua 9, no Setor Oeste”, explica.
“Acredito que não há tanta procura que justifique a necessidade de se construir grandes prédios de exploração de atividade econômica nesses locais. Talvez quando o projeto de lei for encaminhado à Câmara, vá acompanhado de dados que justifiquem a necessidade dessas construções nas vias locais.”
Estudo de trânsito
Rebatendo as críticas, a arquiteta e coordenadora geral do projeto na Seplam, Magali Teixeira Daher, garante que a construção de macroprojetos fora dos eixos estruturantes da cidade vai ajudar a favorecer os locais, já que, segundo ela, as atividades comerciais ficarão mais próximas das residências.
Questionada sobre o aumento no fluxo de veículos e possíveis congestionamentos, Magali pontua que, antes de ser permitida a construção de um prédio, o responsável terá que apresentar um estudo de trânsito e de vizinhança favorável. “Se esse relatório não for feito ou se não for aprovado, não será liberada a construção”, finaliza.