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A dura realidade quando levamos um prejuízo

A dura realidade quando levamos um prejuízo | 19.07.11 - 15:34

O assunto cultural dessa semana está sendo o cancelamento do festival de aniversário da So Fun, que seria realizado em dois dias no Clube Jaó no último final de semana. Sábado e domingo teríamos grandes shows para comemorar mais um ano de vida da produtora, gente do naipe de Moraes Moreira, BNegão, De Leve, Funk Como Le Gusta e outros mais. Contudo, só o primeiro dia acabou rolando. Devido ao baixo comparecimento de público no sábado e poucas vendas antecipadas de ingressos de domingo, o evento teve sua segunda data cortada pela produção com receio de aumentar o prejuízo já contabilizado na primeira parte da festa. Para entender mais sobre o assunto, leia a matéria que minha querida chefinha Gabriela Lima escreveu aqui no A Redação (pode clicar ali em cima que é um link, viu?).

Além da decepção de quem gostaria assistir aos shows de domingo e acabou não vendo, um assunto que gerou polêmica nas redes sociais foi a declaração do produtor cultural Pedro Naves (mais conhecido como Pedro Cambaleado) responsabilizando o público e a cidade de Goiânia pelo prejuízo. Parte do público ficou ofendida, parte foi solidária ao produtor. E o debate sobre quem toma ré em eventos culturais foi aquecido na outrora mobilizada, hoje nem tanto, comunidade Goiânia Rock City, no Orkut.

Antes de tudo quero dizer que tenho uma boa relação com o Pedro e já trabalhamos juntos algumas vezes. E sei, como sei, o que é a experiência de levar prejuízo mexendo com eventos culturais. Afinal de contas, são mais de dez anos nessa lide e inúmeras rés no currículo. Não concordo com a fala do Pedro de que a culpa é da cidade por não ter tido gente suficiente em seu evento. Acredito que uma das grandes habilidades do produtor cultural é conseguir fazer aquilo que esteticamente o agrada e que encontra ressonância com mais gente do mercado que ele pretende atingir. Não acho que ninguém deve sair de casa só para apoiar uma causa. Muito menos sair de casa gastando dinheiro por amor a qualquer coisa. O cara tem que ir ao evento por que gosta das bandas, quer se divertir, vai encontrar os amigos, beber umas... Ele não pode ser o culpado se não está com vontade de aparecer por lá.

Eu, por exemplo, estava muito a fim de ver o show do De Leve. Iria comprar ingresso para o sábado, mas aí pintou uma discotecagem em Pirenópolis na Casa de Pedra e achei que não daria para ir. Depois, vi que o De Leve foi transferido e tocaria no domingo. Falei para minha irmã comprar nossos ingressos. Ela acabou não comprando. Cheguei em Goiânia após um final de semana mal dormido, trabalhando até de madrugada em Piri, e me deu preguiça naquele jogo enfadonho da Seleção. Acabou que não fui ao Jaó (sim, só fiquei sabendo do cancelamento na segunda-feira). Não posso ser responsabilizado se o evento não virou. Muito menos a cidade. O erro de cálculo foi por parte da produção que resultou no fracasso do evento.

Alguns pontos que nossa equipe de produção sempre reflete para tentar acertar ao máximo a mão no evento:

1- O espaço escolhido estava condizente com o público médio das atrações?

2- O custo das atrações estava condizente com o público delas na cidade?

3- O preço do ingresso estava condizente com o valor que as pessoas estão acostumadas a pagar na cidade?

4- O público desses artistas ficou sabendo que esse show aconteceria?

5- As atrações foram escaladas em dias da semana em que seu público constuma sair?

Não tenho as respostas para essas perguntas sobre o evento específico, mas tudo isso deve ser levado em conta na hora da planilha do evento. Além disso, nunca podemos nos esquecer que imprevistos existem e os fatores extra produção também podem prejudicar. Coisas como eventos que estão acontecendo na cidade com o mesmo perfil seu, chuvas que inibem o público a sair de casa, localização do espaço do evento que causa estranhamento ao público, entre outros.

Ou seja, quando levamos uma ré em um evento, o problema costuma estar em nós mesmos, produtores culturais. Para o Pedro eu só posso dizer uma coisa: bola pra frente! Não foi a primeira e nem será a última ré de sua vida enquanto produtor. A vida de trabalhar com cultura é prazerosa, mas também é dura como a de qualquer outro trabalhador.


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