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Jales Naves

O filme em que mãe e filha se encontram após 30 anos

| 22.04.20 - 16:55
O mau exemplo vem do presidente da República, que desrespeita todas as recomendações científicas e normas legais criadas em função do surto do novo coronavírus, que tem causado muitas mortes. Dessa forma, estimula essa contravenção entre os cidadãos, confusos diante do quadro existente e que passam a descumprir as determinações das autoridades sanitárias.
 
Saímos hoje, Heloísa e eu, devidamente paramentados, com máscara no rosto e luvas nas mãos, para comprar álcool e medicamentos. Depois, decidimos dar uma parada no Parque Vaca Brava, aproveitando que eram 11h, período de menor frequência e poderíamos fazer uma caminhada tranquila. Sem atropelos e esbarros, muitos comuns nos dias em que há maior número de pessoas caminhando.
 
O dado positivo é que as ruas estão limpas, mas vimos também o crescente número de pessoas sem máscaras e luvas, aglomeradas, não respeitando o espaço de dois metros em filas e assim por diante.
 
Foi difícil estacionar o carro, quando deveria estar mais fácil agora, diante desse problema que estamos enfrentando e quando as pessoas deveriam ficar em casa, precavendo-se para não favorecer o contágio do vírus. Havia carros demais estacionados, significando que muitas pessoas estavam circulando.
 
Realmente, no parque tinha mais gente do que deveria, alguns levando seus cães para passear, mas ficavam juntos, numa pequena aglomeração, e outros circulando sem a máscara e as luvas, e acompanhadas, contrariando a recomendação de não juntar pessoas.
 
O parque está limpo, as árvores muito bonitas e os patos, que enfeitam o pequeno lago, circulavam tranquilos, quase sendo atropelados pelos atletas que não prestassem atenção, em suas corridas, por onde passavam. O Vaca Brava estava convidativo para uma permanência maior, com mais tranquilidade para aproveitá-lo, mas decidimos que essa iniciativa vai ficar para outro momento.
 
Dei uma volta na parte interna, num ritmo mais apressado, para cansar um pouco o corpo, diante desses mais de 30 dias enfurnado, e fomos embora. Antes, demos um passeio, de carro, pela cidade, para voltar para uma nova temporada de reclusão.
 
Um período para ver bons filmes, analisar como se dão as relações e aprender mais com os exemplos.
 
Ontem vimos o excelente filme espanhol “La enfermedad del domingo” (com duas traduções na internet: “O vazio do domingo” e “A doença de domingo”), drama, de 2018, escrito e dirigido por Ramón Salazar, com música de Nico Casal e protagonizado por Bárbara Lennie, Susi Sánchez, Miguel Ángel Solá, Greta Fernández, Richard Bohringer, David Kammenos e Fred Adenis.

 
É a história de mãe e filha, ambas muito bonitas, uma toda elegante e a outra mais despojada, que se reencontram depois de mais de 30 anos distantes, desde que a genitora abandonou sua filhinha de apenas oito anos de idade em busca de novos desafios. Ela aceita o convite para ficarem 10 dias juntas. Seria uma oportunidade de resgatar o tempo perdido, a convivência, reavaliarem suas vidas e talvez buscarem um novo caminho, uma nova caminhada, que é o que todos, ao longo do desenrolar da fita, vão sugerindo, ou querem propor.
 
Mas como isso iria acontecer? De que forma e a partir de que momento? Enfim, o que elas pretendiam?
 
O enredo tem uma dinâmica própria, longos e pesados momentos de silêncio, pois não existem relações formais, convencionais, que não foram construídas com o tempo e há, das duas partes, desconfianças, inseguranças e o desconhecido. A mãe se enxerga na filha, quis o encontro, mesmo com as advertências do marido, e o desenrolar do filme nos prende nessa discussão, sempre temendo por situações novas e mais difíceis.
 
Não há uma entrega e a construção do relacionamento passa por momentos difíceis e complicados, com o instinto maternal sobressaindo na avaliação do comportamento da filha.
 
Cada uma viveu histórias e mundos diferentes, a mãe buscando e encontrando uma vida com mais poder e luxo, e a filha na pequena e pobre vila em que nasceu, cresceu, teve encontros e desencontros.
 
Uma história muito interessante, rica e com momentos intrigantes.
 
*Jales Naves é jornalista e escritor, presidiu a Associação Goiana de Imprensa (AGI) em dois mandatos consecutivos (1985-1991). 
 

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