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Adriano Paranaiba

EUA: O calote já foi dado!

Discussão não é fim da dívida, mas o teto dela | 01.08.11 - 16:12

 

 
Não adianta! Todo mundo quer ver o fim do mundo mesmo! Esta semana a mídia já está vendendo o ingresso para a nova data prevista: segunda-feira, dia 2 de agosto, o EUA irá dar um calote nunca visto, causando um colapso financeiro que destruirá o mundo capitalista moderno. A boa notícia é que não teremos tremores sísmicos nem tsunamis – ufa!
 
Aos pessimistas menos esclarecidos de plantão, basta-nos lembrar do fato que ocorreu no Brasil. Na década de 80, o então Ministro da Fazenda – Delfim Netto – fez a célebre declaração: “Dívida não se paga, rola-se!” E assim, o Brasil atravessou três décadas rolando a famosa “dívida externa” até que, em 2008, o então presidente, Lula, declarou o seu pagamento. 
 
Sobre essa situação do endividamento Norte-Americano, devemos conceber o seguinte entendimento: não está sendo discutido o pagamento da dívida e, sim, o aumento do teto para aumentar esse endividamento. Isso significa que intenção de pagar não é a prioridade, nem de Obama, muito menos de seus adversários democratas. O que está em jogo são as eleições para Presidente em 2012. Espera-se que, após uma forte ‘queda de braço’ o Congresso americano acabe por aprovar um aumento do teto, mas inferior do solicitado por Obama, o suficiente para que este risco de calote retorne a ameaçar a economia nas vésperas das eleições.
 
Desta forma, o objetivo é demonstrar aos eleitores como as medidas sociais de enfrentamento da crise financeira, de 2008, não foram suficientes para a retomada do crescimento econômico esperado – e até seu agravamento. Além do mais, tais medidas foram rotuladas como ‘socialistas’, o que não agrada os seguidores do Tio Sam, prefigurando uma possível retomada dos republicanos ao poder americano, levando a sérias mudanças na estrutura democrática deste país.
 
Guido Mantega declarou estar atento a esta situação, não por preocupação ou por solidariedade, mas pelos reflexos cambiais que empurram a desvalorização do dólar a níveis nunca vistos nos últimos 12 anos, incorrendo em uma série de interferências macroeconômicas, por exemplo, o encarecimento do produto brasileiro no mercado internacional, atrapalhando sua competitividade com outros países (mais especificamente a China). Mesmo assim, seu norte continua sendo um crescimento de 5% da economia brasileira para 2011.
 
E o que esperar da semana que vem? Podemos esperar um singelo “devo não nego, pago quando puder” do país que empurrou o Consenso do Washington à América Latina.
 
Adriano Paranaiba é economista e presidente do Instituto ProEconomia
 

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