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Bete Jufer

Covid na Confederação Helvética

| 10.03.21 - 11:07
 
Zurique - Como vai a Suíça nesta situação do coronavírus? Perguntou-me uma amiga.
 
A Suíça? Está indo como a maioria do resto do mundo. Continua linda, pois a natureza não dorme, não entra em lockdown. Os lagos continuam cristalinos, os picos das montanhas que podemos ver daqui de baixo estão cobertos de neve, porque lá no alto ainda é inverno. Paisagens de sonho. 
 
Os meios de transporte públicos circulam pelas ruas e estradas de ferro pontualmente. Ruas limpas, organizadas. Parece tudo normal, como sempre. Se formos, porém, observar mais de perto, veremos que algo mudou. No interior dos veículos e nos pontos de parada, como em filmes de catástrofes, as pessoas usam máscaras e se evitam. Alguns esfregam álcool em gel nas mãos de forma quase compulsória. Outros não, criando um ambiente de certa irritação. 
 
Fora o comércio, que foi aberto na segunda-feira, quase tudo está fechado. Museus e bibliotecas também foram abertos, “o que é que queremos com museus e bibliotecas?”, queixaram-se alguns jovens.
 
Não se vê cafés e restaurantes, que em dias de sol quentinho abrem seus terraços e seus clientes podem tomar sol tomando um cappuccino, lendo um livro ou o jornal. Ou simplesmente ficar quentinhos, imóveis, com o rosto virado para o grande astro que se aproxima a cada dia. Quietinhos tal qual lagartixa na pedra.
 
Falamos às vezes, sobre ocorridos há questão de ano e meio, usando a palavra “antigamente”. Antigamente, quando nos reuníamos com a família e amigos; antigamente, quando os avós vigiavam os netos; antigamente, quando a gente ia à Ópera; antigamente, quando os restaurantes estavam abertos. 
 
Antigamente, quando as famílias e amigos podiam se despedir de seus moribundos e enterrar seus mortos.
 
Dia 16 de março de 2020 entramos em confinamento aqui, como aí em Goiânia, outras partes do Brasil, Europa e grande parte do mundo. Com poucos dias ou semanas de diferença entre um país e outro. 
 
Ano difícil que a humanidade passou. Temores, angústias, incertezas e luto. 
 
Como o ser humano tem uma capacidade incrível de ir em frente, apesar dos pesares, o ano passou. Com a ajuda de Deus. Quantas Bênçãos foram derramadas levando-nos força, Fé e Esperança na caminhada.
 
O ano de 2020 passou, mas a pandemia não. Ainda não. Há, porém, uma luz que se aproxima cada vez mais no final do túnel: a vacina.
 
Aqui na Suíça as vacinas estão em falta, temos poucas, assim como na Comunidade Europeia (a Confederação Helvética não faz parte desta união no próprio continente). Estamos esperando que cheguem, não há o que fazer. As usadas aqui - quando são entregues -, são a Pfizer e a Moderna. Outras estão sendo estudadas, mas ainda não foram aprovadas. Temos que pacientar, já te disse uma vez, amiga.
 
Às vezes penso que teria sido bom se o ano que acabamos de viver tivesse ficado em suspenso, adormecido, esperando que nossos valorosos cientistas descobrissem os testes, as vacinas, produzissem e entregassem em quantidade para toda a população e viessem nos acordar com as soluções prontas. Teria sido um pouco tipo bosque da Bela Adormecida. Todos teriam parado suas funções, para recomeçarem depois, no ponto em que pararam. Depois da chegada do príncipe.
 
A mãe que cantava uma canção de ninar continuaria a cantar, logo depois da pandemia. 
 
O namorado que ia pedir a namorada em casamento, continuaria sua declaração de amor no ponto em que tinha parado.
 
A netinha que tinha feito um desenho para os avós, apenas o entregaria, com um beijo.
 
Ninguém teria partido por causa da covid 19. Todos acordariam do sono imposto pela feiticeira má.
 
Como não é assim, temos que continuar esperando a vacina. Continuar tomando os cuidados que já se tornaram quase rotineiros. Continuar ajudando aqueles que são ainda mais frágeis. Sem nos esquecermos dos que se foram, nem do que se passou, pois isto é impossível e inegável. Para aprendermos alguma coisa com esta dor individual e coletiva.
 
É esta a situação aqui na Suíça, minha amiga. Despeço-me, porém, com confiança, pois é ela uma injeção de otimismo necessária para enfrentarmos este momento de tão grandes tormentas.
 
Alô, alô família, amigos e amigas do outro lado do oceano! Tempos melhores virão para nós todos, já estão chegando! Aquele abraço.
 
Bernadete (8/03/21)

*Bete Jufer é professora goiana radicada na Suíça, filha do escritor Basileu Toledo França e da professora Ada Gomes França.

Comentários

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  • 11.03.2021 15:11 PEDRO TOLEDO FRANÇA

    Muito bom texto.

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