A poucos dias do início da campanha eleitoral, foram reinauguradas pela Prefeitura de Goiânia duas obras de extrema importância para a população da capital. O Hospital da Mulher e Maternidade Dona Iris, na Vila Redenção, e o Parque Mutirama. O primeiro foi construído em 1969 e fechado em 2008 porque não tinha estrutura adequada para continuar funcionando. No ano seguinte, o Estado repassou a administração da unidade ao Município. A previsão inicial era de que a unidade fosse entregue no último aniversário de Goiânia, dia 24 de outubro de 2011, há oito meses. Não foi o que aconteceu.
O hospital foi reaberto no dia 17 de junho com a presença do prefeito Paulo Garcia e do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que na ocasião anunciou o repasse de R$19 milhões anuais para manutenção. A unidade vai prestar atendimentos de ginecologia, obstetrícia e neonatologia e ainda oferecer o parto humanizado às gestantes que optarem pelo procedimento. Além da disponibilidade de 104 leitos de enfermaria e dez de UTI neonatal, espera-se atingir a marca de 10 mil consultas em média por mês até o fim do ano. É indiscutível o papel a ser assumido pela unidade na assistência de gestantes de baixa renda, na muitas adolescentes.
No mesmo dia, porém, a mídia noticiou que o hospital funcionará plenamente dentro de quatro meses e, por enquanto, serão feitos apenas os atendimentos ambulatoriais, ou seja, as consultas. Equipamentos importados ainda não chegaram e a necessidade de contratação de funcionários é latente. Isso significa que as salas ficarão ociosas. Ora, se o atendimento integral só ocorrerá no fim do ano, por quê a inauguração veio antes? O questionamento tem uma resposta simples: eleições. É preciso mostrar que se faz e a seu favor, o prefeito tem a máquina administrativa nas mãos. Outra explicação para a pressa é o fato de a legislação eleitoral vedar a presença de candidatos em inaugurações nos três meses antecedentes ao pleito.
Quem perde é a população, ludibriada pois não poderá contar com um serviço anunciado massivamente nos meios de comunicação. Pelo menos, não imediatamente. É claro o engodo para atender a interesses político-eleitorais, com o intuito de alavancar a candidatura petista e garantir os votos de cidadãos que caírem na “armadilha”. A mesma conduta se observa na chamada revitalização do Parque Mutirama.
A obra, que teve início em abril de 2011 se arrastou em meio a denúncias de superfaturamento, deveria ser reinaugurada em março conforme o cronograma. Além da suspeita de corrupção, a construção causou complicações no trânsito da já estrangulada Região Central, com a interdição da Marginal Botafogo por quase nove meses. Mas, vá lá, dizem por aí que os transtornos passam e os benefícios ficam. As portas do parque foram abertas ao público no dia 24. Infelizmente, assistimos a mais uma encenação, uma inauguração “para inglês ver”. Os brinquedos ainda passam por testes e só devem ser liberados para a diversão das crianças em julho. Curiosamente, o informe publicitário veiculado na TV dizia que os brinquedos estariam desligados para segurança de todos.
Novamente a Prefeitura enganou o povo, agindo às pressas para inaugurar o incompleto, aquilo que ficou pela metade. Prática condenável, uma vez que o Mutirama de cara nova era tão esperado, por ser uma das raras e acessíveis opções de lazer para as crianças em Goiânia. Caro eleitor, tal postura é digna de confiança? Pode ser renovada por mais quatro anos?
Bruno Perillo é advogado, pós graduado em direito público, membro do Fórum de Combate ao Crack, diretor da Acieg Jovem e da AJE/GO.