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Lineu Olímpio

Setembro, o mês mais goiano na Ceasa/GO com a chegada do pequi

| 14.09.21 - 16:11
Setembro anuncia novos aromas, novas cores em nosso Estado. Pelas ruas das cidades, nas feiras livres e nas cozinhas exala um aroma que, para os goianos, tem cheiro de infância, de tradição, enfim...de goianidade. Ora, uma boa panelada de pequi define nossa tradição. Somos nós, aqui no Estado, grandes produtores, porém, mais do que produzir, Goiás é o campeão na venda e consumo do fruto amarelo. Só na última temporada, de setembro de 2020 a março de 2021, foram mais de 6,4 mil toneladas de pequi comercializadas em nossa central.  
 
E o pequi, riqueza que é, para o goiano, ficou conhecido como “ouro do cerrado”. E tal joia já chega às Centrais de Abastecimento de Goiás mudando a realidade, e para melhor!  
 
Os números são expressivos quando o assunto é pequi, e não se restringem apenas ao comércio. Com a chegada do ouro amarelo, são gerados cerca de 5 mil empregos, desde a colheita, passando pelo transporte até chegar ao entreposto com o corte, processamento e embandejamento do produto. O pequi chega e já vai logo provocando suas reviravoltas positivas na vida do goiano. 
 
Mas existe também a necessidade de uma adequação em estrutura à entrada do fruto no entreposto. A Ceasa/GO produz diariamente nada menos do que 25 toneladas de lixo orgânico e inorgânico. Tais resíduos são transportados, por caminhão, para o aterro sanitário e isso tem um custo operacional. Na estação do pequi, esse custo aumenta devido ao descarte das cascas, e o quantitativo de lixo produzido no entreposto praticamente dobra. Para se ter uma ideia, em um caminhão carregado com 20 toneladas de pequi, 15 toneladas são de cascas, ou seja, de lixo.  
 
No entreposto de Goiânia, os comerciantes do fruto ficam localizados no GNPC-2, a Pedra 2, sendo que, na estação, tal espaço passa a receber atenção especial da equipe de limpeza. Em um governo voltado para a tecnologia e cuidado com o meio ambiente, como o de Ronaldo Caiado, justo se faz que se busque alternativas para questões como essas, sendo exatamente o que estamos fazendo frente à presidência da Ceasa Goiás.  
 
Foi formalizado, recentemente, um termo de cooperação entre órgãos do Estado para dar destinação correta ao lixo da Ceasa, entre esses a Secretaria de Inovação, a agência Goiasgás e a própria Ceasa. O objetivo é transformar problemas em oportunidades, ao converter o que se é lixo em resíduo orgânico processado, com a instalação de biodigestores e usina de refino de biogás e produção de biofertilizante. Vale dizer que o pequi é um dos produtos mais esperados do ano e é justo que, aqui na Ceasa Goiás, seja recebido com deferimento. Em conversação com o Governo do Estado, fica claro a meta administrativa de agregar valor às coisas de Goiás, de levar o goiano a tomar posse de sua cultura e suas tradições. Nesse tocante, valorizar o pequi é dar a devida importância à nossa cultura e tradição. 
 
Na Ceasa Goiás, o pequi começa chegar já em setembro, com a remessa do Tocantins, que representa cerca de 28% do que entra do produto no entreposto goiano. O pequi tocantinense mantém a demanda até meados de outubro, quando dá entrada na companhia as primeiras cargas da produção goiana, vinda da região Norte do Estado, de cidades como Porangatu, Crixás e Santa Tereza. O pequi de Minas Gerais pode ser encontrado na Ceasa/GO em dezembro, e é o responsável pela comercialização até janeiro. 
 
É o fruto do Noroeste goiano, às margens do Rio Araguaia, considerado o “filé mignon”, com caroços maiores, mais ricos em polpa e sabor. Quando a produção de São Miguel do Araguaia chega à Ceasa/GO e feiras, ela apresenta preço mais alto, justamente por representar o que de melhor se produz em relação ao fruto. 
 
Algumas regiões, como o Oeste goiano, não têm tradição na colheita de pequi, sendo que em cidades como Iporá, o fruto é colhido para o consumo familiar. É pouco pequi, porém, triste saber que alguns fatores, como a dificuldade de germinação do pequizeiro e o aumento das áreas de lavouras de soja, têm motivado o sumiço do pequi desses campos goianos, em específico. 
 
A boa notícia é que o goiano tem demonstrado seu apreço ao pequi e busca formas de repor tais perdas com o replantio. Com o apoio de órgãos estaduais, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Emater e federais, como o Instituto Federal Goiano (IFG), a realidade vai aos poucos sendo mudada, com programas de plantio e monitoramento das áreas desmatadas. 
 
Nós, aqui na Ceasa de Goiás, queremos fazer o mesmo pelo fruto. Queremos que o pequi se torne, cada vez mais, motivo de festa e orgulho no entreposto. Nessa estação, iniciada agora no mês de setembro, traremos novidades sobre a forma de lidar com as cascas e novas políticas para tornar a compra e venda do pequi ainda mais atraente.  
 
Em reunião, entre a gestão da central e comerciantes de pequi, ficou definido que na próxima estação serão aperfeiçoadas as formas de se lidar com os resíduos do fruto. Os próprios vendedores se comprometeram a contratar, sem ônus para a Ceasa, mais pessoal para coordenar a logística do descasque e a dispensa das cascas do pequi. Também ficou acertado que duas caçambas ficarão à disposição só para receber o lixo produzido. 
 
E assim, com solução de demandas e festejando o que é de nossa cultura, de nosso apreço, a Ceasa/GO cria um novo quadro para recepcionar o pequi. Porque aqui o fruto chega como celebridade. Cheiros, texturas e sabores. A intenção é levar cada cidadão que passe pelo nosso entreposto a revisitar as lembranças dos almoços de domingos, ao lado da família, sentindo o aroma e o sabor de paneladas de pequi. O cheiro da tradição, infância... Porque a culinária, mais do que alimentar os corpos deve alimentar a alma e, nesse quesito, o ouro amarelo do cerrado cumpre bem o seu papel. 
 
*Lineu Olímpio é presidente da Ceasa/GO

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