Após dois anos de atividades coletivas suspensas ou restritas, visando minimizar os danos causados pelo período pandêmico, nos encontramos reocupando aqueles espaços de convívio social e retomando as interações de grande porte, em comunidade. E é dentro desse contexto de transição que tivemos, nos últimos dias, a realização da 23a edição do Festival Internacional de Cinema e vídeo ambiental (Fica) na cidade de Goiás - Patrimônio Cultural da Humanidade - e eu tive a honra de acompanhar de perto a programação que contou com 13 dias de atividades, entre os dias 24 de maio a 5 de junho.
O evento encanta. As ruas de pedra ganham vida ao serem tomadas por artistas, cineastas, estudantes e turistas que se misturavam aos locais. Era visível o êxtase no olhar dos presentes que, além do interesse pelo turismo e pelo charme da cidade, estavam focados nas manifestações artísticas, tão típicas da Vila Boa, e que ainda resistem e que agora passaram a receber seu devido valor.
É notável que a proposta de gestão do governador Ronaldo Caiado de tornar a cultura em Goiás mais democrática e acessível tem se concretizado através de festivais como o Fica, que nesta edição incentivou projetos que impactam na vivência da população goiana e, em especial dos vilaboenses. O investimento pesado do festival foi na contratação de mão-de-obra local, assim como de músicos, artistas e produtores. Também haviam mostras dedicadas ao cinema goiano e também ao produzido pelos residentes da cidade de Goiás. Isso é devolver o protagonismo do Fica a nossa gente, isso é devolver Goiás aos goianos!
Essas entregas transcendem os limites territoriais e deixam um legado robusto para as gerações atuais e futuras. Para mim esse é um dos efeitos mágicos que só a cultura proporciona, porque ela tem essa capacidade de alcançar a todas as pessoas, entretendo e provocando reflexões profundas.
Esse movimento nunca foi tão necessário para transformar o cenário que vivemos de tantas perdas culturais e ambientais. Pensar a arte, a cultura, a saúde e o meio ambiente são imprescindíveis para evoluirmos enquanto sociedade e assim garantir nossa existência no planeta de forma consciente, segura e sustentável.
Considerando o aumento dos casos de covid-19, entre outras doenças, é de suma importância tomamos cuidados sanitários para evitar que voltemos a testemunhar tempos tão tristes, de retrocesso e restrições econômicas e sociais que, aos poucos, estamos deixando para trás. Essa é outra coisa que chamou atenção no Fica 2022. A preocupação com a saúde dos goianos foi grande e uma tenda foi montada para disponibilizar testes e vacinas contra a doença aos turistas e participantes do evento.
A parte ambiental também foi de grande destaque nesta edição do festival. Foi realizada coleta seletiva durante todo o evento e ações práticas, como a recuperação de nascentes. Todas essas iniciativas tornam o Fica deste ano mais próximo de sua essência e de seu objetivo final: pensar e agir sobre o meio ambiente através do cinema e da arte. A grandeza desse festival se traduziu na importância dos temas tratados, que refletem e impactam de forma tão contundente em nossa sociedade e tenho certeza de que colheremos bons frutos ao longo dos próximos anos.
*Ana Flávia Santos Silva é advogada e produtora de conteúdo digital