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Fabiola Ariadne

A busca por igualdade

| 08.03.23 - 10:32 A busca por igualdade (Foto: Divulgação)
 
Seguimos comemorando o dia 08 de março, refletindo e traçando planos para um mundo com mais igualdade entre homens e mulheres. E, ano após ano, estamos garantindo direitos. Mas não basta sua conquista, efetivá-los ainda é preciso. Apesar de necessária, a lei não é o suficiente para colocá-los em prática. 
 
Desde 1988, a Constituição Federal nos garante a igualdade de direitos, mas seguimos ganhando salários menores mesmo realizando tarefas idênticas as dos homens, sendo vítimas de crimes de gênero, com uma violência doméstica e sexual crescente e até novas formas de crimes trazidos pelas inovações tecnológicas, a exemplo da pornografia de vingança e cursos online com conteúdo de ódio às mulheres, como vimos recentemente. 
 
Galgar postos de lideranças é uma das formas apontadas por estudiosos no combate a esta desigualdade. Tanto que alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas é um dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável proposto pela ONU através da chamada “Agenda 2030”, um plano global da organização para atingirmos em 2030 um mundo melhor para todos os povos e nações.
 
Mas não chegaremos neste patamar se não falarmos sobre o chamado “teto de vidro” e a exaustão das mulheres.
 
O termo "teto de vidro" é utilizado para descrever as barreiras invisíveis que impedem as mulheres de alcançar posições de liderança e de poder nas organizações. 
 
Rompemos os impedimentos horizontais, adentramos aos postos de trabalho, mas nos deparamos com os impedimentos verticais. 
 
O preconceito de gênero, bem como a falta de uma estrutura familiar compartilhada são alguns desses óbices. 
 
A maternidade e a compulsoriedade dos cuidados domésticos e parentais impostos às mulheres, jogam um feixe de desconfiança sobre nós: ela não poderá viajar a trabalho, ela tem que cuidar da casa e dos filhos, entre outras presunções.
 
 Para além disso, este acúmulo do trabalho remunerado com o trabalho doméstico e parental, muitas vezes invisibilizados, exaure física e mentalmente a mulher, o que gera um desestímulo e indisposição para investir em sua carreira. 
 
Em recente pesquisa da UFRN, constatou-se que na faixa dos 30 anos, as mulheres dedicam 28 horas por semana aos afazeres domésticos enquanto os homens gastam apenas sete horas semanais com essas atividades. 
 
O mundo jurídico, inclusive a advocacia, não é imune a esta realidade. Segundo a publicação jurídica análise editorial, em 2019 a média de mulheres sócias dos maiores escritórios do país mantinha-se no mesmo patamar de 2006, apenas em 26%.
 
A OAB deu um grande passo rumo a igualdade de gênero ao estabelecer que todos os cargos institucionais devem ser preenchidos igualitariamente entre homens e mulheres. E buscando que essa realidade se repita para além da instituição e atinja escritórios e todas as carreiras da advocacia, a Seccional goiana tem feito campanhas a respeito dos tetos de vidro impostos às mulheres, falando sobre assédio, micromachismos e divisão igualitária de tarefas domésticas. 
 
É preciso que a sociedade entenda a necessidade de mudança cultural nas organizações e que a diversidade, além de impor a justiça social, alavanca os negócios. 
 
Portanto, comemorar o progresso no dia 08 de março é preciso, mas refletir sobre os desafios que ainda temos que enfrentar também é necessário. A luta pela igualdade de gênero é um esforço contínuo.
 
Fabiola Ariadne é presidente da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da OAB-GO.

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