A campanha Junho Violeta chama atenção para o ceratocone, uma doença ocular progressiva que pode evoluir de forma silenciosa e, sem o devido tratamento, comprometer seriamente a visão. A conscientização e o diagnóstico precoce são fundamentais, principalmente entre adolescentes e jovens, os mais afetados pela condição.
O ceratocone é uma alteração degenerativa da córnea, estrutura transparente localizada na parte frontal do olho. Com o avanço da doença, a córnea se torna mais fina e adquire um formato cônico, o que compromete a entrada da luz nos olhos e provoca visão distorcida ou embaçada. Essa deformação interfere na qualidade de vida dos pacientes, podendo impactar sua autonomia, mobilidade e desempenho nas atividades diárias.
Embora a causa exata da doença ainda não seja totalmente compreendida, estudos apontam fatores genéticos e ambientais como influências importantes. A condição costuma ocorrer com maior frequência em famílias com histórico do problema, o que sugere uma predisposição hereditária. Além disso, o hábito de coçar os olhos repetidamente, especialmente em casos de alergia ocular, pode enfraquecer a córnea e acelerar a progressão do ceratocone. Pressionar os olhos com as mãos ou durante o sono também é um fator agravante.
Os primeiros sinais da doença incluem visão borrada, distorção de imagens, presença de halos ao redor de luzes e sensibilidade excessiva à luz. Esses sintomas muitas vezes são confundidos com outras alterações visuais, o que pode atrasar o diagnóstico. Por isso, o acompanhamento oftalmológico é fundamental. Exames específicos, como a topografia da córnea, permitem mapear sua superfície e identificar alterações estruturais com precisão. Em estágios iniciais, o uso de óculos pode ser suficiente para melhorar a visão. À medida que a doença evolui, são indicadas lentes de contato rígidas personalizadas, que se adaptam ao formato irregular da córnea.
Além dos tratamentos médicos, o controle de fatores ambientais é essencial. Manter os ambientes limpos e ventilados, evitar exposição a alérgenos como poeira, mofo e pelos de animais, e optar por produtos hipoalergênicos são medidas importantes para reduzir crises alérgicas e evitar a coceira ocular.
A campanha Junho Violeta reforça que a prevenção é o melhor caminho. Consultas regulares ao oftalmologista, especialmente durante a adolescência, são essenciais para detectar precocemente qualquer alteração. Pequenos cuidados diários, como evitar coçar os olhos e manter a higiene ocular, podem fazer uma grande diferença na saúde da visão.
Proteger os olhos é um ato de cuidado com o futuro. A informação e o diagnóstico precoce são aliados importantes para preservar a qualidade de vida e a autonomia de quem convive com o ceratocone. Durante o Junho Violeta, é fundamental lembrar: ver bem é viver melhor.
*Humberto Borges é oftalmologista
