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Virmondes Cruvinel

Tragédia e esperança no mês da primeira infância

| 04.08.25 - 11:27
 
Desde 2023, o mês de agosto passou a ser dedicado à conscientização sobre a importância do cuidado integral com gestantes e crianças de até seis anos. Neste ano, o Mês da Primeira Infância começou sob o impacto da publicação de imagens chocantes do sofrimento de crianças na trágica guerra na Faixa de Gaza. É um lembrete cruel de que, em qualquer lugar do mundo, a infância é sempre a principal vítima de conflitos e desarranjos políticos. A proteção às crianças deve ser uma causa universal, urgente e permanente.
 
Aqui em Goiás, sabemos disso e seguimos um caminho prodigioso. Temos buscado garantir às nossas crianças o cuidado, o respeito e as oportunidades que merecem desde os primeiros anos de vida — com políticas públicas que reconhecem a infância como prioridade absoluta, como determina a Constituição Federal. Foi com esse espírito que tive a honra de propor, na Assembleia Legislativa, a Política Estadual pela Primeira Infância, sancionada em 2022.
 
A lei representa um avanço real para as crianças que aqui vivem, ao prever ações integradas de saúde, educação, assistência social, cultura e proteção, todas com foco nas necessidades concretas de cada família. Além disso, a política estabelece prioridade para crianças em situação de vulnerabilidade: vítimas de violência, em acolhimento institucional, com deficiência ou filhas de mães privadas de liberdade. Estamos falando de uma faixa etária que demanda atenção especial.
 
De acordo com o Censo 2022, Goiás tem cerca de 658 mil crianças de 0 a 6 anos — o equivalente a 9,3% da população do estado. Parte significativa dessas crianças vive em contextos de vulnerabilidade, especialmente nas regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano. Para essas crianças, a necessidade de políticas intersetoriais para romper ciclos de pobreza e exclusão é urgente.
 
No cenário nacional, a realidade também exige respostas rápidas. Segundo o Unicef (2023), quase 40% das crianças brasileiras na primeira infância vivem em domicílios sem acesso simultâneo a saneamento, educação infantil e segurança alimentar. E mais de 5 milhões de crianças de 0 a 6 anos vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. Esses números mostram que a infância brasileira ainda está longe de ser tratada como prioridade, e que a mobilização de agosto deve ser mais do que simbólica: deve impulsionar ações concretas, com planejamento, financiamento e acompanhamento.
 
Aqui em Goiás, temos bons exemplos em curso — e muitos desafios pela frente. Participei, na semana passada, da abertura da Semana da Primeira Infância, promovida pela Prefeitura de Goiânia. Parabenizo a gestão municipal pela iniciativa e reafirmo meu compromisso de seguir contribuindo com propostas, articulação e diálogo para que a Política Estadual pela Primeira Infância ganhe vida nos municípios e no cotidiano das famílias.
 
Esse compromisso, para mim, não é apenas técnico ou político — é também pessoal. Aprendi em casa o valor de cuidar da infância, com minha mãe, a vereadora e médica pediatra Rose Cruvinel, e com minha irmã, também pediatra. Cresci entendendo que proteger a criança é mais que um dever: é uma missão que transforma futuros.
 
Investir na primeira infância não é gasto. É estratégia inteligente. Cada real aplicado nessa fase traz retornos sociais e econômicos comprovados: melhora o desempenho escolar, reduz a evasão, diminui a violência, evita gastos futuros em saúde e assistência, e eleva o potencial produtivo da população.
 
A ciência já provou. A experiência já mostrou. Agora, falta transformar isso em prioridade política permanente. Que agosto nos inspire a agir com responsabilidade, planejamento e afeto. Porque cada criança bem cuidada hoje é um cidadão mais forte, mais saudável e mais justo amanhã.

*Virmondes Cruvinel é deputado pelo União Brasil, é professor e procurador do Estado

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