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Weslaine Monteiro de Carvalho

Quando a infância se perde no meio digital

| 22.08.25 - 08:39
Nos últimos dias, o tema da adultização de crianças e adolescentes voltou a ganhar destaque nas redes sociais após a denúncia feita pelo influenciador Felca. A exposição precoce a comportamentos, linguagens e estéticas que não condizem com a faixa etária preocupa especialistas, pois afeta diretamente o desenvolvimento saudável e a formação da identidade.
 
Hoje, crianças têm acesso às redes sociais desde muito cedo, seja pela facilidade de dispositivos móveis ou pela influência do ambiente familiar. Essa exposição precoce pode levá-las a imitar ídolos digitais que, em busca de engajamento, exibem comportamentos e estilos de vida voltados para um público adulto. Esses influenciadores, muitas vezes, tornam-se modelos de comportamento para as crianças, que acabam reproduzindo atitudes e posturas inadequadas para a idade, principalmente nas próprias postagens.
 
O ambiente digital, quando mal supervisionado, pode acelerar esse processo. Plataformas como TikTok, Instagram e YouTube incentivam padrões estéticos e comportamentos adultos para conquistar curtidas e seguidores. Fotos, vídeos e até textos publicados por crianças podem transmitir mensagens que elas próprias não compreendem, mas que geram interpretações equivocadas, e, em casos mais graves, podem gerar riscos à segurança.
 
Mais do que discutir casos isolados, é urgente olhar para o papel dos pais e responsáveis nesse cenário. É fundamental que estejam atentos ao que os filhos publicam, quais conteúdos consomem e quais referências trazem para o próprio comportamento. Isso não significa vigiar de forma punitiva, mas construir um diálogo constante sobre o uso responsável das redes e os limites necessários para a idade.
 
Acompanhar de perto e conversar sobre o que acontece no mundo online é uma medida simples e poderosa. Saber quais redes sociais a criança utiliza, com quem interage e que tipo de conteúdo publica ajuda a prevenir situações de exposição indevida. Ao mesmo tempo, é importante educar para o uso consciente, explicando, de maneira adequada à idade, os riscos de expor a vida pessoal e de adotar comportamentos adultos antes do tempo.
 
O exemplo dentro de casa também conta muito. Crianças e adolescentes observam e reproduzem comportamentos dos adultos à sua volta, inclusive no universo digital. Quando pais e responsáveis demonstram um uso equilibrado e respeitoso das redes, transmitindo valores coerentes com a idade da criança, a mensagem se fortalece. E, quando surgirem postagens inapropriadas, a intervenção deve ser positiva, com diálogo, explicações e propostas de alternativas, ao invés de responder apenas com proibições.
 
Adultizar não é somente vestir a criança como adulto ou incentivá-la a reproduzir comportamentos mais velhos, é expô-la a um universo para o qual ela ainda não tem maturidade emocional, cognitiva e social para interagir. Preservar a infância é garantir que cada fase da vida seja vivida plenamente, sem pressa e sem imposições que possam prejudicar o futuro.
 
As redes sociais podem ser ferramentas de aprendizado, diversão e conexão, mas precisam ser usadas com consciência. Nesse processo, a orientação familiar é insubstituível, e é responsabilidade de todos os adultos proteger o direito de crianças e adolescentes de viverem a infância no seu tempo certo.
 
*Weslaine Monteiro de Carvalho é psicóloga da Unimed Goiânia.

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