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Matheus Ribeiro

Pelo sim, pelo não, proteste

Não é “moda” criticar o governador | 30.07.13 - 17:04
 
Goiânia - Creio que um governo é, via de regra, imagem e semelhança do seu governante. Mesmo que, devido a circunstâncias diversas, ele não exerça o papel de comandante-mor da administração, sendo quase uma “rainha da Inglaterra”, uma imagem pública que acena ou dá a cara a tapa. Li, por indicação de uma amiga, um artigo intitulado “Por que “Fora Marconi”?”, aqui mesmo n'A Redação, de autoria de Alexandre Parrode. Nele, o jornalista defende que o movimento contra o governador é inócuo e sem embasamento. Abaixo exponho meu posicionamento, contrário ao dele.
 
A priori, não concordo que todos os argumentos do movimento são voltados à pessoa Marconi Perillo e não ao governador. A pauta das reivindicações é sim baseada nos problemas da administração atual – inclusive, o próprio autor faz questão de lembrar algumas, como o não-pagamento da data base, os poucos recursos destinados à UEG e a eterna promessa de construção do Credeq – e não na vida pessoal de Marconi. Aliás, aqui cabe uma observação: como distinguir vida pessoal da vida pública? Bem ou mal, as atitudes e relacionamentos de um governante, influenciam e dizem diretamente sobre como é o governo chefiado por ele. Inevitável.
 
Além disso, podemos contestar alguns dados apresentados. A renovação completa da frota de veículos das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Técnico-Científica é algo que já vinha sendo feito desde a gestão anterior, previsto no contrato de locação feito pelo estado com uma empresa privada. A Lei do Passe Livre só começou a andar depois da onda de protestos que tomou conta das ruas de todo Brasil. Antes disso, apenas eventos grandiosos, discursos intermináveis, muito oba-oba e publicidade em cima de nada.
 
A atuação das Organizações Sociais (OS) no comando dos hospitais da rede estadual de saúde também é algo a ser analisado com mais calma. As fachadas e a decoração estão impecáveis, mas não vi até o momento (e desejo, de coração, estar errado) dados e provas que demonstrem melhoria e expansão no atendimento. Índices como o aumento do número de exportações e o crescimento do PIB do estado não bastam, caso o benefício não chegue diretamente à população. 
 
Enfim, não é “moda” odiar Marconi Perillo. Aliás, nem sei se, de fato, é ódio. Prefiro chamar este sentimento de insatisfação e as movimentações que são realizadas contra seu governo, de oportunas, democráticas e populares. É inegável a legitimidade da eleição do governador, mas é inegável na mesma proporção o direito da sociedade (ou de parte dela) reclamar por aquilo que anseia.

Afinal, vale lembrar que cerca de 47% dos eleitores goianos não queriam Marconi eleito. Mesmo não sendo maioria, acho insanidade pedir omissão por parte dessas pessoas. Isto, é claro, sem falar em quem mudou de ideia e hoje não votaria mais em quem votou na eleição passada. 
 
Inspiradora a frase de Paul Valéry, citada por Parrode: “Quem não pode atacar o argumento, ataca o argumentador”. Não obstante, as ações políticas de um governo estão intrinsecamente ligadas ao seu chefe. A ele, cabem o ônus e o bônus gerados por elas. Desejo, sinceramente, que o restante da administração de Marconi seja boa para Goiás (o que até agora não foi) e para a preservação da sua imagem política.

Espero que ele não passe por momentos constrangedores como seu eterno rival Iris Rezende. Porém, defendo veementemente uma renovação política no nosso estado. E quando falo em renovação não me refiro somente ao modo de se governar, mas também às peças do tabuleiro. Vale lembrar que caminhamos rumo a 16 anos em que o governo está nas mãos de um mesmo grupo político. Precisamos de um tempo novo.
 
Matheus Ribeiro é consultor político, gerente de Comunicação e Marketing do Grupo Kadosh Brasil e estudante de Jornalismo na UFG. Mantém o blog matheusribeiro.com.br.
 

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