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Ana Clara Dias

Melhor acompanhado que sozinho

Relacionamentos estão em decadência | 15.08.13 - 12:14

Goiânia - A sociedade está tomando rumos preocupantes. E não é preciso ser nenhum antropólogo ou sociólogo para perceber isso. O fato é que basta você observar uma roda de amigos, ou até mesmo no trabalho, as relações entre as pessoas para concluir que cada vez mais nos importamos menos com os sentimentos do próximo Mais pessoas estão morando sozinhas e pior, optando por viver sozinhas.
 
Outro dia, lendo um texto de um colunista da revista Época sobre comportamento, um trecho me chamou atenção: “precisar dos outros se tornou feio”. E é verdade. Em um mundo em que estamos mais individualistas, tomados pela idéia de que não precisamos, de fato, de ninguém, tem impedido muita gente se relacionar, de ser feliz e de fazer os outros felizes.
 
Tenho refletido sobre o assunto nos últimos dias e estou certa de que todos nós precisamos sim um dos outros, temos nossas particularidades, mas ainda sim temos necessidade de alguém que queira fazer parte da nossa vida, sem grandes motivos aparentes. Tolerar pai, mãe e irmãos é fácil. Mas quem precisa agüentar manias e defeitos de “estranhos”? 
 
No mundo atual, ninguém. As mulheres conquistaram independência financeira e emocional, não precisam mais sustentar relacionamentos por conta de filhos, dinheiro ou por puro moralismo social. Isso é coisa do passado. Por essa razão, aprendi que é sábio valorizar aquelas pessoas que entram em nossas vidas e decidem permanecer nelas. Que conhecem nossas fragilidades, sabem tudo sobre nós, e ainda assim, dentre tantas opções, escolheram a gente.
 
Prefiro acreditar ainda que não somos feitos apenas de carne e osso. Que temos alma, e ela precisa de muito mais do que as coisas materiais da sociedade capitalista em que vivemos. Só que não é fácil admitir isso para nós mesmos e principalmente para os outros. Acho que no universo masculino esse problema é ainda mais freqüente, porque historicamente os homens sempre foram machos independentes, que não precisa(vam) emocionalmente de ninguém, muito menos de suas parceiras.
 
Outro dia um amigo me confessou que queria namorar uma garota. “Mas se eu assumir, os caras vão me criticar, por causa do passado dela”, disse ele se referindo aos parceiros que a garota já teve. Quando escuto histórias como essas, é profundamente desanimador. Meu amigo está perdendo a chance de, às vezes, conhecer a mulher da sua vida, por machismo e medo de admitir o sentimento perante os amigos. 
 
Os homens ainda estão presos à ideia de que as mulheres não podem se relacionar com várias pessoas. Este tipo de discurso me mata! Para mim, homens e mulheres são pessoas livres e donas de si o suficiente para se deitarem com quem elas quiserem. Mas um dia, essas pessoas podem escolher apenas uma e dedicar sua vida à ela. Por que não? Afinal, todos nós mudamos de opinião, ainda mais se tratando de sentimentos.
 
Na semana passada, uma amiga me mandou via sms uma frase do filósofo Voltaire que diz que nós nascemos, vivemos e morremos sozinhos. “E qualquer coisa neste intervalo que possa nos dar a ilusão de que não estamos sós, nós nos agarramos a ela”. Ainda não tive tempo de debater o assunto com ela. Mas apesar de concordar com Voltaire, penso que seja melhor viver acreditando na ilusão de que não estamos realmente sozinhos, que precisamos de pessoas e coisas, o tempo todo, até o fim de nossas vidas.
 
Porque, diante disso tudo, das mudanças no meio social que estamos inseridos, de todos os problemas da relação a dois, em que ninguém está mais disposto a nada, por ninguém, também prefiro acreditar que enfrentar a selva e os leões do nosso cotidiano, é muito melhor quando temos alguém do nosso lado.
 
Ana Clara Dias, jornalista e assessora de imprensa da Prefeitura de Aparecida de Goiânia
 

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