Agora falando sério!
A Prefeitura de Goiânia fechou o trânsito na Marginal Botafogo, uma das poucas vias de trânsito rápido em Goiânia, por três semanas, para fazer absolutamente nada, senão o bloqueio em si! O goianiense pode escolher: 1) é prova de absoluta incompetência; 2) é falta de um mínimo de planejamento; 3) é descaso total com o cidadão e com as orientações do Plano Diretor da cidade; 4) todas as opções anteriores estão certas e mais algumas arroláveis.
Qualquer das alternativas, em si, já seria deplorável. Mas o triste mesmo, acho, é o prefeito Paulo Garcia engatar um solene desprezo para uma satisfação à platéia. Premido, um seu auxiliar qualquer veio a público desmentir que as obras estão paralisadas ou atrasadas. Discordando da população ouvida, que atestou não ter visto mais um operário laborando no trecho, depois da tarefa ingrata de obstruí-lo, o responsável direto pelas obras diz que elas estão “dentro do cronograma”.
A cidade arde em calor, enquanto espera as chuvas que irão alagá-la e varrer casas com entulho abaixo, arrastar veículos, promover a desabrigados muitos dos assistidos de hoje. Haverá um auxiliar do prefeito de prontidão para dizer, decerto, que tudo estaria dentro do planejado.
Fora do planejado, talvez, só o fato de que a cidade cresce, incha, tem acréscimo de demandas urbanas e as autoridades municipais precisam se preparar para elas. Ou então, pelo menos, enfrentar suas consequências com clareza, com planejamento, com responsabilidade sobre o que é previsível.
Quantos meses a Prefeitura de Goiânia teve para se preparar para fazer as obras do Mutirama? Não entra na discussão se elas eram necessárias ou não, se nesta forma ou de outra. Mas conforme foram projetadas, qual a necessidade de interditar uma via expressa, uma das poucas, por mais de três semanas para nada? Não há resposta para isto, mas de qualquer forma, no mínimo, a autoridade superior deveria vir a público se desculpar. Nada.
Os descontentes estão apenas reclamando politicamente, ou insatisfeitos com o sucesso da administração, já se arriscou dizer o prefeito em outra ocasião.
Flagrado na incompetência, o encarregado da obra do Mutirama veio explicar candidamente que o projeto da obra que interditou a Marginal Botafogo teve que ser refeito, depois de novas prospecções de solo. Com que, então, ele confessa que faltou... planejamento. Ou... projeto. No mínimo as “prospecções finais”poderiam ser feitas ainda com a via aberta. No mínimo o projeto poderia ter sido revisto antes de começar a ser executado, compreendendo o bloqueio como início de execução. No mínimo, o cronograma que, juram, está sendo cumprido, devia ter sido revisto antes da interdição da via.
Em favor do prefeito Paulo Garcia diga-se que ele de fato tem usado as redes sociais para interagir com a população. E mais importante, tem determinado ações através das informações que recebe neste intercâmbio. Em seu desfavor, diga-se que a obra do Mutirama não é a única em que faltou planejamento. Obras de praças em alguns pontos estratégicos também foram iniciadas e não concluídas porque faltou sincronia entre as obras físicas, a licitação e compra de equipamentos e sua instalação. No cômputo geral, quem tem pago um alto preço é o cidadão goianiense.
Premida pelo tempo – daqui a pouco começam as chuvas e se intensifica o debate eleitoral – a prefeitura decidiu fazer obras, principalmente as viárias, todas de uma vez. Se o trânsito já era péssimo, tornou-se de uma vez o caos. Interdições de vias estratégicas desde Campinas até o Centro, passando por vários pontos de adensamento de tráfego, tornaram a cidade muito próxima de imobilizada. Um teste diário de paciência e tolerância, do qual muitos motoristas só saem à custa de horas perdidas e/ou acidentes de trânsito.
Bem, melhor nem falar que esta obra da passarela sobre a Marginal Botafogo, e o viaduto contíguo na Araguaia, fazem parte do pacote de suspeição que levaram à prisão do ex-secretário-executivo do Ministério do Turismo. É assunto para outra hora e aparentemente não tem correlação com mais um atraso no início das obras que, quando concluídas, devolverão a Marginal Botafogo ao seu curso natural.