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Ary Soares

Goiânia em tempos de cheias e secas... ambientes administráveis!

| 30.12.17 - 15:47

Goiânia - Goiânia, em mais uma temporada de chuvas, vivência caos em decorrência de alagamentos e danificação de patrimônios públicos e privados. Prejuízos esses em boa parte passíveis de mitigação, ou ao menos redução dos danos que causa.
 
Ficando no exemplo que já se tornou tradicional, façamos uma reflexão sobre a Marginal Botafogo, via que conecta a cidade no sentido norte-sul. Mais uma vez esta via tem sido motivo de atenção em razão dos danos resultantes do elevado volume de águas. Chuvas estas que há meses o goianiense sonhava. Os danos resultantes, além do costumeiro custo financeiro, se somam a um elevado custo social. Ao desviar o trafego de veículos que por ali circulam cotidianamente, provoca caos em ruas adjacentes, que não são preparadas para tamanho fluxo. Leva desconforto para residentes e stress e perda de tempo para os condutores e passageiros de veículos.
 
Originalmente, a Marginal Botafogo foi construída em local indevido. Ocupou áreas úmidas que tem papel ecológico fundamental na retenção e gradativa liberação de águas pluviais, ou seja, regulagem do fluxo hídrico. Tais características se somam ao tipo de solo que ali ocorre, em grande parte turfa, que por sua estrutura geológica é praticamente impossível de compactação, resultando, portanto, em uma malha asfáltica que para sempre será instável e carente de permanente manutenção por parte do poder público, ou seja, ônus de toda a sociedade!
 
É preciso uma visão holística, entender a cidade como um organismo completo e complexo. As águas que se acumulam na marginal Botafogo e outras áreas da cidade têm suas origens, em sua maior parte, longe dali, nas partes altas. Antes de a cidade ocupar suas margens, os córregos que a drenam eram microbacias estáveis: tinham vegetação em suas margens e todas suas áreas de drenagem eram cobertas por vegetação natural e estas tinham função, dentre outras, de infiltração e retenção do excedente de águas dos períodos chuvosos. Condições essas que foram perdidas ao longo dos tempos. Supressão da vegetação e pavimentação do solo se transformou em fatores preponderantes para as inundações que hoje testemunhamos.
 
Bom, felizmente não há como escapar da pluviosidade (chuvas), bem como da geologia (solo inadequado para construção, no caso!). Há alternativas técnicas, no campo da gestão ambiental, que poderiam mitigar, isto é, reduzir os males que nos afligem ano após ano. 
 
Alternativas técnicas como retenção das águas de chuvas, com liberação gradativa após passagem das mesmas, estão entre as alternativas que poderiam ser imediatamente tornadas obrigatórias em todos imóveis urbanos (alguns já o fazem!). Valas –de-infiltração é outra alternativa.
 
O poder público detém o domínio de inúmeras praças distribuídas pela cidade ou mesmo grandes áreas, como pátios de órgãos públicos, por exemplo. Em todas essas áreas ou ao menos sua grande maioria, poderiam ser instaladas valas-de-infiltração. Tais valas podem contribuir para, além de reduzir a ocorrência de enchentes, reter expressivo volume de águas (que se transformam em “enchorradas” e consequentemente em enchentes!), contribuiriam ainda, ao propiciar a infiltração de parte de volume de águas no solo, para alimentação do lençol freático, refletindo diretamente na perenidade dos cursos de águas.
 
Há várias formas de instalação dessas valas, que tanto pode ser um fosso aberto, desde que cercado para evitar acidentes com animais ou pessoas; um fosso preenchido com entulho cerâmico; ou preenchido com algum material inerte (pneus, por exemplo) e coberto com brita ou material similar. O fundamental é que uma vala-de-infiltração é um ponto em que a compactação do solo é rompida com finalidade de reter e induzir, ao menos em parte, a infiltração de águas.
 
São medidas de baixo custo, e de impacto ambiental aceitável, quando comparadas aos danos econômicos e impactos sociais que vem ocorrendo ano após ano. Necessário se faz, no entanto, uma decisão primeiramente política e em seguida dar autonomia técnica e condições operacionais para que se implante estas ou outras soluções. Soluções que tenham a gestão ambiental como agente de solução e não apenas como retórica de campanha eleitoral.
 
*Ary Soares é analista ambiental do Ibama-GO
 

Comentários

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  • 04.01.2018 19:32 Rosimar Silva

    Ola

  • 31.12.2017 12:22 Patricia Mousinho

    Menos retórica eleitoral, mais gestão séria e efetiva. Passou da hora!

  • 31.12.2017 11:56 Davi Araujo

    Aqui em Goiânia não tem profissionalismo... Só politicagem... Se pensarmos profissionalmente, os gestores da Prefeitura de Goiânia só está errando... Goiânia e uma Capital, precisa de gestão pública de qualidade!!!

  • 31.12.2017 11:47 Davi Araujo

    Corretíssimo, muito boa matéria... Se a prefeitura de Goiânia não pensar tecnicamente, a sociedade só tem a perder!

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